DesviE-me - S/N and Jordan Powell

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O sinal do aeroporto indica que o meu voo é o próximo.

O advogado que foi mandado pelo meu pai para se certificar de que eu embarcasse segue ao nosso lado.

Não se passou nem uma semana do dia que o advogado bateu em nossa porta com um documento que pedia minha guarda e a mãe disse que não daria em nada. Agora estou prestes a embarcar para a cidade do meu pai, para morar com ele. Na verdade não sei nem o que ele quer, minha mãe disse que não será muito tempo, mas não sei se acredito em quem disse que, novamente, " não daria em nada ".

Só sei que houve uma conversa entre eles, e minha mãe aceitou o acordo de me deixar ficar com ele, não sei por quanto tempo, e em troca disso ele não iria em frente para tirar minha guarda definitiva na justiça, parece que houve até ameaça de processo.

— Não acha que essa mala tá pequena? — Ela pergunta passando a mão no meu braço. — Deixou muita coisa no quarto que poderia ser útil.

— Espero que seja um motivo para minha volta. — Respondo com um sorriso.

Os olhos dela já estão se enchendo de lágrimas.

— Já sinto saudades...— Diz e me abraça.

— Eu também. — Sussurro em resposta.

— Desculpa por essa situação...— Ela começa, abro a boca para dizer algo, mas ela me segura pelos ombros e me encara. — Eu prometo que vou conseguir um emprego e não darei motivos para o Sérgio falar mal de mim.

— Tá bom. — Respondo com um sorriso fraco. Então ela abre um sorriso totalmente animado, bem bipolar.

— Enquanto isso, mostra pra ele o que ele perdeu em 17 anos sem essa filha maravilhosa que tem, faz ele se arrepender de não ter aceitado meu pedido...

Minha mãe já me contou essa história várias vezes.

Ela era uma garçonete bem maluquinha de um bar, ele um cara rico que estava brigado com os pais por forçarem ele se casar com quem ele não queria, ainda sendo virgem — Ela sempre diz isso achando fofo ter tirado a virgindade do meu pai. — Eles passaram alguns minutos na dispensa da lanchonete e tudo acabou quando ela pediu pra ele se casar com ela e ele negou indo embora sem pagar o café que ela havia servido. E é isso, eu fui concebida. Ela foi atrás dele, ele já tava casado, mas fez o teste, deu positivo e concordou em nos dar uma pensão, mas nunca se quer se mostrou interessado em me conhecer, quem dirá em ter minha guarda.

— A senhorita precisa ir para o portão. — O advogado anuncia e minha mãe me dá outro abraço rápido.

— Se cuida...— Digo pra ela.

— Eu é que devia te dizer isso! — Responde com um sorriso. Ela não demonstra está sofrendo com isso. Mas ela tá. — Se cuida... o que eu poderia dizer? Estuda? Você faz isso toda hora, é a garota mais inteligente que eu conheço!

Suas palavras me fazem rir.

— Não exagera mãe!

— Mas é serio! — Diz e arregala os olhos parecendo ter lembrado de algo.— A bombinha e o fenoterol tá aí né?! — Pergunta olhando para a bolsa que carrego nas costas.

— Sim, mas ter uma crise de asma bem forte assustaria ele né?! — Exclamo imaginando uma cena assim.

— Ele deve tá acostumado. Nem imagine como foi difícil ignorar os chiados que ele fazia dentro daquela dispensa pequena e empoeirada enquanto eu rebolava no pau dele... — Ela começa um tanto alto demais não se importando de onde estávamos e nem no assunto.

— Mãe...— A repreendo e o advogado limpa a garganta. — Então ele também tem asma né?! — Concluo comigo mesma.

— Sim. — Os olhos da minha mãe se desviam para o portão de embarque. — Acho que tá na hora s/n. — Diz e me olha com o olhar de mãe.

— Te amo mãe. — Digo quando a abraço de novo.

— Eu também te amo meu mundinho. — Responde me apertando.

É difícil me separar dela, ela é tudo pra mim. Somos a família uma da outra e nunca havíamos nos distanciando tanto.

Entrelaçamos nossos dedos, que são soltos de um por um quando vou me afastando, até só restar o indicador dela no meu e sigo em frente.