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No caminho para a escola, Maide segue quieta, assim como ficou no café.

Nem a musiquinha que sempre toca no seu carro está tocando.

Meu pai chegará na cidade e irá do aeroporto direto para a escola.

— Eu...— Ela começa, sem tirar os olhos da estrada. — quero me desculpar por meu estado ontem... pelo surto.

Maide suspira com um sorriso sem jeito.

— Tá tudo bem... todo mundo tem o direito de ter um... surto de vez enquanto, é bom desabafar... — Ela concorda com a cabeça. — Mas como você está?

— Eu tô melhor, tô sim! — Responde rápido, me alivio. — E quero também te agracer. — Seus olhos encontram os meus por um segundos. — pela presença, e pelo que fez no quarto depois.

Sorrio para ela.

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Estou remexendo no armário, guardo os livros que peguei de sociologia. Uns livros pesadinhos.

— Olha só! — Uma folha de papel é posta na minha cara, como se quisesse que eu enxergasse, mas a aproximidade toda me deixa ver só uns borrões no branco.

Dou um passo pra trás, que faz meu corpo esbarrar com o que está segurando o papel, e quando dá um passo pro lado, vejo a cara do Jordan com um sorriso grandão, os cabelos em uma desordem natural.

— Bom dia... — Começo com receio.

— Olha só! — Me entrega a folha e cruza os braços se escorando no armário ao lado.

Meus olhos encontram a redação que reconstruímos daqueles rabiscos. Ele tirou um b+, achei que tiraria mais...

— É a maior nota que eu já tirei em uma redação, então... obrigado pelos seus serviços! — Ele faz uma reverência que arranca uma risada minha.

— Para de palhaçada! — Devolvo a folha e deixo minha bolsa no armário. — E... meus parabéns!

— Mas a falsificadora de caligrafia é você!

Abro um sorriso.

Fecho o armário, e começo a andar.

— Ei...— Jordan me acompanha. — Só eu que acho que o nosso plano tá meio parado?

Mordo os lábios.

— É que... eu não sei...

— Desistiu?

— Não! — Respondo rápido. — É óbvio que eu quero voltar pra minha casa, pra minha mãe... mas, quando eu mexo com o meu pai, eu acabo mexendo com outras pessoas.

— Como assim?

Suspiro fechando os olhos.

Depois de ontem, imaginar meu pai sendo frio, grosso ou injusto com a Maide como reação à minhas provocações, me agoniza.

— É que... — Paramos na esquina do corredor — só quero ter certeza de que minhas ações vão dar certo, e não piorar minha situação.

Jordan me encara por um tempo e então põe as mãos nos bolsos.

— Sua mãe... ela te ama muito. A relação de vocês é linda. — Ele engole seco e fixa o chão. — Ela não desistiu de encontrar o emprego pra te orgulhar, não desiste de tentar voltar pra ela não...

Ele me dá um aceno de cabeça e saí andando para a direção oposta do refeitório, pra onde eu tava indo.

Entro no refeitório ainda com a nossa conversa na cabeça.

DesviE-me - S/N and Jordan PowellOnde histórias criam vida. Descubra agora