Vegetando na vegetação
O calor de sua mão
O colo onde eu colo.
Eu via uma nova nação. Não, meu bem, não precisa entender.
Corremos numa estrada de pedra.
Sua bicicleta foi meu dia mais feliz.
E sobre você o vento me diz:
Silenciosa pedra, em funk e opera.
A pantera correndo solta;
Nossas salivas salvas e amigas.
Tem tu em minha ossada.
Dançamos estranhos na maré.
Na indefinição entre tarde e noite.
E nalgum momento caímos na lama,
Felizes e vibrantes na ordem do universo.
Ébrios do orgânico e do abstrato
Que nos faz estrato.
Caídos na lama ocre.
Joelhos ralados.
Sujos de vida.
Coloridos para além do sempre cinza.
A textura dos seus grossos cabelos.
e a melancolia do seu luto.
sob a luz pura do sol em nosso gelo.
em tua voz havia o amor bruto.
O que aconteceu aqui nesse lugar?
Eu lembro dessas árvores e desse mar.
de vidas antigas, passadas,
que vem despertadas.
Uma pequena molécula que se move,
e explode.
Cria universo na ordem da desordem.
E traz tu aqui. Pedra silenciosa.
Levantamos nossos corpos pares.
e subimos na bicicleta.
Repetindo a poesia os ares,
mas não creio nesse pseudoprofeta.
Creio em lamas e feridas.
Creio na real vida,
feita de lágrimas descidas
em face adormecida.
Eu gosto do sal de tuas lágrimas.
e de tuas cavernas.
Gosto como me trazem novos climas
tuas lágrimas, tua taverna.
Creio em nossas estações.
Nas primavaras e outonos,
nos invernos e verões.
e nisso me apaixono.
Gosto das lágrimas, o sal.
salgando esta minha carne.
Gosto do teu mover quadrado.
de possível reencarne.
Pedale, apenas.
Nesse bosque que não conheço, mas conheço.
o vento não ousa mais falar.
silêncio, sua lágrimas regam as beiradas do caminho.
voltaremos com flores um dia...
eu vejo o laranja sagrado se pondo.
Vamos para casa.
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E o sol parecia a lua
PoesiePoesias de Dezembro e de outros meses, e de outros dias também.