Tinha uma caverna ali, não tem mais. Se foi... deixei ir.
Passou em paz.
Eu entraria, me aqueceria.
Te falaria do azul, dos mistérios do 9 e de Platão.
Conheceria todos teus pequenos espaços.
Colheria tuas ervas e cristais, faria então
Um nuvem quente e pacífica que nos diria de
Sonhos de um dia ocre...
Acordaria, daria pedrada em tudo
em amor e fúria, sem tolerar mais o escuro que amo,
mas precisaria do meu sagrado laranja!
Suas belas erosões do tempo, dos séculos,
não me prenderiam, porque nem Deus me prendeu.
Sigo sendo blasfêmia cósmica, por trás de uma sutil
composição pacífica e melancólica. Ninguém
desconfia que sou um míssil.
Uma dinamite no buraco de coelho.
Alice. Alice. Nietzsche.
Tragam-me um samba, não quero mais que me tragam.
Quero tragar todas as músicas... traz tudo.
Serei fumado por coisas eternas, acessas e psicodélicas.
Sou consumido pelo que me faz mais eterno enquanto me tira tempo.
Sou comida do eterno, sou do sol, amo cavernas e seus mistérios,
mas adeus, não quero mais sua materialidade e nem sua abstração.
Eu preciso do fogo queimando meus pés, para me deixar a noite gritando.
Da água me afogando num rio desconhecido.
De ser atropelado pra sentir a pedra me rasgar a cabeça.
De me engasgar a ponto de morrer, para desengasgar sentir de novo o ar entrando nos pulmões como quando assim que eu nasci.
Preciso do erro, da incerteza, da dúvida e das desintegrações.
Para cavernas não volto mais. Não quero mais o escuro, minha alma agora é laranja.
Sou um baseado dos deuses e de humanos paradoxais.
Sou feito de terra e fogo, sou lava; as vezes, Antártica.
Sou muito vazio para o seu grande espaço.
Dois silêncios não ocupam o mesmo lugar no espaço,
quanto mais nosso silêncio metálico, pesado.
Eu ainda roubo livros e quebro regras,
certos crimes são ontológicos.
Seus crimes não conheço, o que tornaria mais vivo sua vida.
Não fui feito para cavernas, sou uma forma líquida,
Amanhã, vapor.
Depois de amanhã, lava para construir novas ilhas.
Um dia, lenha para fogueira; noutros, assunto de más línguas.
Só um pensar altíssimo comporta minha clara definição.
Pedra silenciosa, com todo respeito, vá pra puta que pariu.
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E o sol parecia a lua
PoesiaPoesias de Dezembro e de outros meses, e de outros dias também.