#AmareloEAzul
Sol.
Eu achava que amor era só uma ilusão criada por humanos e que isso era bastante complexo para ser explicado. Na realidade eu ainda acho que seja e você já deve estar pensando: então como tu diz que me ama todos os dias se acha tão complicado este sentimento?
Honestamente, Sol, nem eu sei. Eu apenas sinto e isso me proporciona sensações estranhas. Sempre imaginei se um dia iria sentir todos esses sentimentos que as músicas que eu escuto dizem, mas nunca passou de um leve desejo. Com você, eu sinto, vejo e escrevo sobre eles.
Como de um século para o outro eu deixei que você me ensinasse tudo que ainda não aprendi? Como você se abrigou tão profundamente em minha alma que apenas te faz sentir já trás uma paz indescritível.
— Você não acha que estamos nos aproximando muito?— Você me perguntou em um de nossos escassos momentos.
— Bem, você sempre está deitada sobre mim quando estamos juntos, então não vejo nada novo!— Respondo normalmente e você riu baixo, desencostando de meu peito e olhando para mim.
— Não nesse sentido, Lua!— Sua mão vai até meu cabelo e eu fecho meus olhos para poder apreciar tal toque — Nossos corpos celestiais estão próximos.
Descobri que haviam estudantes de astros na terra depois dessa conversa, Sol, e eles haviam dado um nome para isso. Eclipse. E o que estava para acontecer era o total, onde eu, você e a Terra nos alinharmos por alguns fragmentos de tempo. Não me lembro dos outros eventos assim— não me recordo de viver isso desde que nos encontramos— então me parecia algo totalmente novo.
E se eu estivesse tão ligado a isso, teria percebido que também era perigoso.
— De vez em quando isso acontece. Você sabe, certo? Deve ser naquela época em que os planetinhas ficam mais agitados e fazendo peripécias!— Você soltou uma gargalhada ao ouvir aquilo e ela escoou pelo nosso vale do encontro. Eu te prendo novamente em mim e beijo lentamente seu pescoço, ouvindo sua respiração pesar.
— Certo...— Você responde lentamente antes de segurar nossas mãos juntas — Terei que fazer uma visita à pequena Saturno depois disso.
Nós nunca passamos para outro estágio, Sol. Acho que entramos em um acordo silencioso de não tentar pular para uma etapa que não saberíamos as consequências. Todavia, a cada dia era mais difícil apenas te ver sem te sentir completamente. Era difícil te ter, mas saber que não era para todo sempre.
Porém, naquele dia, nossos olhos se encontraram de uma forma diferente, como se admitíssemos que partilhamos o mesmo desejo vendado. Quando nosso momento se expirou e eu beijei sua mão com carinho, nós sabíamos que a etapa do desconhecido nos chamava a atenção. Nos puxava como uma força eletromagnética.
Um fio invisível.
— Nos vemos em outro momento?— Perguntei ainda segurando sua mão que se soltava lentamente da minha.
— Se você não for um atrasadinho novamente!— Revirei os olhos quando você se divertiu da minha falta de prática.
— É complicado me transformar, Sol, deixe de ser assim!
— Então deixe de ser um atrasadinho!— Você sorriu e ficou nas pontas dos pés para deixar um beijo na ponta do meu nariz— Ora, meu amor é um tanto estressadinho.
— Ah, eu sou?— Sua risada gostosa voltou aos meus ouvidos quando agarrei sua cintura e a rodei no ar— E você é uma metida a uma grande espertinha.
— Que você não vive sem!— Você me relembrou quando foi deixada no chão e olhou para o infinito à nossa frente, suspirando em seguida— Ainda estou esperando meu poema cantado, Lua.
— E você me prometeu um nome, Sol!
— Eu vou pensar em um nome para você assim que eu ganhar meu poema!— Ela fez um símbolo com a mão e ergueu até o céu— Como sempre dizemos? Tratos são tratos...
— E esse é imortal como nosso amor.
E sempre seria. Ou deveria ser na nossa imaginação tão limitada por nossos sentimentos tão vastos. Vivemos de paradoxos, Sol, acho que por isso fomos o maior exemplo deles.
Porém, o eclipse chegou e nosso trato silencioso foi desfeito. Naquele momento em que o mundo todo assistia o alinhamento dos corpos do céu, eu me juntava a você. O nosso amor naquele momento foi completo e calmo, do jeitinho que sempre apreciamos.
Apenas eu e você, no nosso lugar especial e com a luz que nos foi dado. Sua cor amarela e brilhante foi jogada ao ao céu, junto ao meu azul mar. E essas bolas de luz se rodopiavam, brincando pelo nosso jardim e de lá nasceu dois espectadores. Nosso reflexo.
— Por que você quer tanto me dar um nome, Sol?— Abraçando seu corpo contra o meu, sentindo as nossas diferentes temperaturas se misturarem, eu fazia carinho nas suas costas macia.
— Um dia li que nomes nos tornam reais, Lua!— Seus dedos faziam círculos imaginários na pintinha que havia em meu maxilar— Então eu pensei que se eu desse um nome para você e para nós... poderíamos nos tornar reais e não apenas astros que se encontram algumas vezes e se amam por inteiro em eventos astrológicos.
Queríamos ser reais.
Queríamos ser eternos.
Queríamos imitar os humanos com suas declarações de amores incomuns.
Queríamos um futuro.
— Sol, mesmo com nossas diferenças, nesse infinito ninguém nunca vai amar alguém como eu amo você.
— Lembre-se que há infinitos maiores que os outros.
— Por isso irei me certificar que o nosso seja o maior de toda a vida.
E do nosso querer. Da nossa vontade de sermos vistos... refletimos em dois seres que seriam capazes de reverter futuros incertos e de criar profecias. Inventamos uma nova forma de amor, mas esquecemos que não existem finais felizes no mundo real.
Talvez tivéssemos sido egoístas, ignorando os diversos avisos que ganhamos sobre o resultado de tudo isso. Porém... Sol, era tão mais fácil estar com você do que pensar no resto. Era tão mais fácil apenas não saber do que tínhamos criado e que nunca deveria ter se refletido. Cometemos um erro, mas no fundo da minha alma... eu não queria acreditar que era tão errado isso.
O que criamos?
Criamos almas gêmeas.
Com amor, Lua.
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Cartas para Sol • Tempo + Senhorita
Fanfiction[FINALIZADA] [a l i n h a] Antes de Park Jimin subir em uma colina e desejar a felicidade de seu querido ninguém; antes de Jeon Jungkook se excluir de quem era e ser jogado para uma dimensão inventada. Antes do planeta anão desejar ser visto e ou...