𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐓𝐑𝐄̂𝐒

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Janis Reed

Olho Nate Lane sem muita descrição. Observo sua blusa de malha verde musgo delineado os músculos dos seus braços como naquela noite e a calça jeans preta. Bem, não posso negar que ele é gato, ainda mais com aquele cabelo preto e...

NÃO.

Viro o rosto novamente para Dylan, percebo que mesmo levemente bêbado ele notou alguma coisa no ar. Seus olhos verdes me encaram por alguns segundos, semicerrados. Nesse instante acho que nunca o vi tão sóbrio. Mas antes que eu tenha tempo de reconhecer isso ele engole toda a vodka do copo de uma vez.

-Vim pegar o quadro que eu pintei ontem. Deixei secando e eu espero muito, Dylan, que ainda esteja no mesmo lugar. – meu tom de voz é o mais perto de ameaçador que consigo, pelo sorriso que se forma no canto de seu lábio ele não percebeu isso.

-E por que não estaria, pequena?

-Não sei. Talvez você tenha começado a fazer sexo em cima deles.

-O Brad já fez isso uma vez. A gente devia ter uns 19 anos e aquela garota... Porra, aquela garota era...

-Tá, to indo pegar meu quadro.

Ajeito a alça da minha bolsa no meu ombro e começo a andar, sem a mínima vontade de ouvir sobre as aventuras sexuais dos Rock Demons. Dou a volta na mesa, evitando olhar na direção dos caras sentados a menos de 3 metros de mim. Passo pela abertura que leva até o corredor e vou para o meu quarto.

Sinto a segurança familiar dos pinceis e das tintas assim que observo tudo exatamente no mesmo lugar que eu havia deixado antes. Começo a mexer a mão ainda parada na porta, essa visão daria uma boa pintura. As cortinas tremeluzindo com o vento, a paisagem dos prédios, os quadros apoiados nas paredes, meu laptop semiaberto e a cama levemente bagunçada.

Demoro uns 5 minutos até conseguir terminar a minha pintura mental. Entro e vou diretamente até a janela para abri-la um pouco mais, observo os carros e as pessoas lá embaixo por alguns instantes até me lembrar de que horas são, tenho que estar na galeria daqui a menos de 2 horas.

Deixo minha bolsa no canto e abro o armário. Como sempre, ponho uma calça jeans uma blusa branca básica com o blazer preto por cima, penteio o cabelo com a ponta dos dedos. Pego o único salto preto que eu tenho, presente de Pandora quando ela foi a Paris, e o calço.

Começo a sair do quarto e nesse instante me lembro do quadro. Volto o mais rápido possível com os saltos finos e observo-o por algum tempo. Acho que foi a melhor pintura da minha melhor amiga que eu já fiz, seus cabelos loiros parecem estar dançando com o vento igual ao vestido de cetim rosa. Eu a pintei de costas, então o que mais aparece é o jardim envolta e o céu infinito acima dela. Conheço Pandora o suficiente para saber que ele vai ficar com os olhos marejando e dar aqueles seus pulinhos de alegria habituais ao ver isso.

Volto para o corredor, seguindo o mesmo caminho de antes. Sei que meu pai chegou em casa porque a cada passou que dou a voz dele fica mais nítida. Me pergunto o porquê de os Black Skulls estarem aqui junto com Dylan e Martin. Tento me recordar deles falando algo sobre isso, mas nada me vem à mente.

Ando lentamente em direção a porta, sem fazer muito barulho. Sinto minha curiosidade zunindo por todo o meu corpo. Sobre o que será que eles estão falando? Imagino que seja algo pelo menos minimamente importante já que eles raramente usam a mesa de jantar para se encontrar ou conversar com alguém, ultimamente ele sempre tem estado ocupado com outra coisa...

Todas as minhas suspeitas ficam ainda maiores quando eu percebo que a porta pela qual passei a não muitos minutos está fechada. Nem penso em forçar a porta para ver a tranca, sei que Dylan perdeu a chave na semana que compraram o apartamento, e nenhum deles se importou o suficiente para fazer uma nova.

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⏰ Última atualização: Dec 15, 2021 ⏰

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