Momento de paz

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Agora já solto permaneci sentado, iria esperar para ver o que ele faria.

Ele me encarava acho que esperava que eu descesse, mas mal sentia minhas pernas de tanto tempo preso naquela cama fora que estou só de avental, fralda e fedendo a urina não queria que ele me olhasse quando for levantar o lençol pra sair seria humilhante.

-- Você consegue descer?
Fiquei em silêncio.

-- A quantos dias está preso nessa cama sabe me dizer?

Neguei, nem sabia que dia era pra mim já tinha se passado uns 10 anos, só sei que não passou porque tocava meu rosto e notava que não tinha rugas.

-- Bom eu vou te ajudar e vou te levar para seu quarto, estendeu a mão e o fitei assustado.

-- Que quarto?

-- Consegui um quarto pra você, terá mais conforto e sem amarras.

Ele só podia estar de brincadeira comigo, eu era um paciente violento, psicótico, suicida quem em sã consciência deixaria eu ficar sozinho e sem contenção, claro que queria ficar livre daquela tortura mas não tinha lógica.

-- Hoseok é maluco em me deixar sair, eu posso facilmente te atacar ou te matar, minha intenção não era de fato o machucar até porque desde que entrou nesse quarto ele foi educado e me tratou como uma pessoa coisa que só acontecia quando o doutor Jung vinha me atender, mesmo o agredindo ele sempre foi gentil comigo, agora me arrependo das vezes que o ataquei mas estava com medo e raiva e essa era minha única reação.

O moreno me encarou bem seguro.

-- Eu não tenho medo de você, e te garanto meu método irá funcionar, eu vou saber lidar muito bem com você e sou persistente não desisto até ter o que quero e só vou sair do seu lado quando não precisar mais de mim.

Estava tão convicto que lhe dei um voto de confiança.

Voltou a estender a mão e quando a toquei, uma corrente elétrica percorreu por toda minha pele e um medo se apossou do meu corpo, flashes do acidente, das mãos gelidas e ensaguentadas do meu marido nas minhas, o coração dele parando de bater e os olhinhos fechando, soltei sua mão rápido, já toquei os enfermeiros e nunca senti isso, eu não quero machuca-lo, me afastei assustado.

-- Tudo bem, eu não vou mais lhe tocar ok, tenta levantar se segurando na cama e se precisar pego um andador pra você. Já estava sentado e minha tontura passou então fiz menção de levantar foi quando lembrei de minhas vestes, puxei o lençol e não desci.

-- Está com vergonha?

-- Meu estado não é bom não quero que me veja assim, me encolhi na cama, que merda me sentia humilhado e acoado. Ele saiu do quarto e demorou uns minutos e já pensei que tinha o assustado, deve ter desistido quando viu meu pânico ao me tocar e agora isso, antes que mais pensamentos pessimistas aparecessem ele voltou com um lençol grande.

-- Você levanta e enrola no corpo assim não vejo nada, e te levo pro quarto. Assenti e agradeci pela compreensão, ele não fugiu só foi contornar a situação. Ele se virou de costas para eu me enrolar no lençol.

Me levantei com as pernas trêmulas, me enrolei como deu, amarrei o lençol e informei que estava pronto.

Começamos a dar uns passos para fora do quarto, fiquei retraído pois alguns funcionários e pacientes que andavam por aí me olhavam, eu estava que nem um maluco escabelado com panos amarrados no meu corpo e fedendo a urina, pra não dizer coisa pior, o cheiro que vinha do meu corpo parecia que tinham me usado como privada humana, também estava fraco e a cada passo parecia que ia direto ao chão, e num passo mal dado pisei em falso e antes de cair me apoiei no seu ombro, ele rapidamente se virou com os olhos arregalados.

Chocolates, declarações e um adeusOnde histórias criam vida. Descubra agora