DEPOIS DE A ESCOLHA: DE VOLTA AO CASTELO.

6

Vinte dias, era o tempo que passaríamos no palácio junto com Silvia, aprendendo a como se portar no casamento de Maxon e Kriss. Eu já havia conseguido passar três deles escondida. Ao fim da primeira refeição junto a eles, percebi que não aguentaria toda essa farsa e decidi fingir um resfriado. Como Clermont não é tão quente, os médicos do palácio de fato acreditaram que a mudança climática entre os estados havia me deixado doente.

Grande parte das garotas nem percebiam minha ausência. Estavam deslumbradas em voltar a aprender etiqueta, e viver a experiência pelo maior tempo possível, principalmente aquelas que saíram cedo da Seleção. Poucas eram as que percebiam que algo estava errado comigo e vinham me visitar. Celeste, Elise, e Natalie, para ser mais precisa.
Eram elas quem passavam todas as tardes me redirecionando passo a passo do que Silvia ensinava a elas.

Mas existiam pessoas que sabiam da verdade. Pessoas que partilhavam uma história comigo, e entendia o que eu poderia estar sentindo: Maxon e Kriss. E isso se provou pela manhã, quando ela, a própria noiva do príncipe, bateu em minha porta.

— Não adianta dizer que ela não está bem, meninas. Eu sei de tudo. — Avisou ela, quando as criadas foram a dispensar a pedido meu.

Para ter o mínimo de dignidade, me arrumei em baixo das cobertas para parecer que estava de repouso antes que ela entrasse. E as criadas a deixaram passar.

— Eu sei que estou te incomodando. Me desculpe. — Kriss estava parada diante de minha cama e me encarando.

— Não tem problema. — Falei, tentando ser educada.

Mas sim, havia problema.

— América, esperei você no salão das mulheres afim de ter essa conversa de maneira mais informal, mas você não apareceu. — Ela se aproximou, e se sentou na ponta da cama, arrumando o vestido longo e azul para que não o amassasse.

— Kriss, eu só..

— Não, deixe que eu fale, pois estive me preparando para essa conversa. — Ela pigarreou, tentando se lembrar de tudo que havia treinado. — América, eu quero ser sincera com você. Eu não teria te convidado se isso não fosse de grande impacto para os jornais e a mídia. Você sabe, eles ficaram em cima de você durante todo esse ano.

Kriss precisou respirar antes de continuar..

—... Ter você aqui mexe comigo, pois sei que se não fosse pelo seu deslize, eu é que estaria deitada nessa cama agora. Maxon te escolheria, então não posso ser boba a ponto de dizer que ele não sentiu nada por você. Nenhuma garota me deixa mais insegura dentro desse palácio, América.

Kriss podia causar em mim as maiores dores quando falava de Maxon, ou quando deixava explicitamente aberto que ainda lembrava do verdadeiro motivo pelo qual não fui escolhida, mas só o fato de ouvi-la falando a verdade, me deixava completamente aliviada. Ser sincera era bom, e ela estava aqui, em minha frente, me falando sobre seus sentimentos em relação a minha presença.

—... Esse ano não foi nem um pouco bom. Tive que aprender o verdadeiro lado de fazer parte da família real e aguentar meu noivo sofrendo pelo carinho que tem por outra garota. Sei que você pode imaginar o quanto é difícil para mim. É só se colocar em meu lugar.

— Sim Kriss, eu consigo entender.

Ela respirou aliviada, mas logo em seguida, caiu no choro.