5

192 6 2
                                    

Me escondi novamente dentro do quarto. Meu coração está tão acelerado que preciso colocar as mãos sobre o peito na vã esperança de que ele desacelere. Ele está ali. A poucos metros.

Não deveria ser tão difícil vê-lo novamente. Eu sabia que isso aconteceria. Passei os últimos dias treinando com Celeste como deveria me comportar ao ver o Príncipe acompanhado de sua futura esposa. Mas para aquela situação em si, eu não tinha treinado nada. Maxon estava em nosso banco, a noite, e olhando para a minha sacada. Estava pensando em mim.

Saio novamente, sem medo, e encaro o jardim. Ele continua lá, mas olhando para o horizonte verde das árvores da floresta. Observo-o por cerca de um minuto antes dele olhar para cima novamente. E cá estou eu.

Estamos a uma grande distância em altura, mas posso jurar que nossos olhares encaram um ao outro.
Tento me controlar, mas não consigo. Lágrimas de tristeza rolam em meu rosto, desenfreadas. E a cara dele lá em baixo também não é das melhores.
Tenho uma ideia rápida, e não hesito em colocá-la em prática. Corro para dentro do quarto, visto meu roupão e as pantufas, e saio correndo loucamente em direção as escadas!

— Senhorita, você não pode passar. — Disse um guarda, ao me ver tentando descer para o andar de baixo. Percebo rapidamente que se trata de um dos que estão a minha porta, que veio correndo atrás de mim.

— Eu só preciso tomar um ar. — Minto.

— O jardim está ocupado agora. — Ele tenta soar calmo, mas sua face carrega bravura. — Volte para o seu quarto imediatamente, por favor.

— Eu preciso tomar um ar! — Grito.

— Senhorita... volte para o seu quarto, por favor.

— Deixe que ela desça. — A voz fria de Maxon toma conta do lugar.

Aquilo era estranhamente muito parecido com a primeira vez que estive no castelo.  Um ciclo vicioso.

— Alteza, o rei pediu para que as ex selecionadas não saíssem de seus quartos tarde da noite. — O soldado não cedeu.

— Deixe-a passar e ela sobe em dez minutos. — Implicou o Príncipe.

— Sim, senhor. — Ele abriu caminho para que eu passasse.

Desci as escadas como um furacão em direção ao jardim. Maxon, por sua vez, ficou parado escorado nas portas.

— Eu só queria, não sei, eu precisava ver você de perto. — Falei, corajosa esperando que ele captasse o turbilhão de sentimentos que estavam aflorando em mim no momento.

Eu precisava ter certeza de que o garoto loiro, abaixo de minha sacada, com o olhar triste, era de fato, Maxon.

— Acho que você não está apta para descumprir regras, América. — Ele falou um tanto ríspido. — Isso não se trata mais de uma competição. Eu não posso te defender de nada. Você é convidada de Kriss, então trate de seguir as ordens colocadas em todas as ex selecionadas, tá bem?

Suas palavras soaram como um soco no estômago. Aquele Maxon era frio. Não parecia nem um pouco com o que eu conhecia.

Balancei a cabeça assentindo, ainda incrédula com a dureza de sua expressão.

— Para o bem de todos, não conte que estive aqui, no jardim, e muito menos que estive com você. Não levante hipóteses falsas para ninguém, por favor. As coisas não estão tão boas para mim, e sinceramente, não precisam piorar.

— Eu não faria isso, Maxon. Te prejudicar nunca fez parte dos meus planos. — Falei, tentando me defender.

— Existem várias coisas que acreditei que você não faria, América. — Ele disse, com a voz embargada e fria.

DEPOIS DE A ESCOLHA: DE VOLTA AO CASTELO.Onde histórias criam vida. Descubra agora