Todos se levantaram quando a Família real adentraram o grande salão. Naquela noite, o Rei Clarksson completava vinte e três anos de Reinado. Ano passado, devido a seleção, não tiveram grandes comemorações além de um jantar com a Elite e alguns convidados, mas esse ano, o palácio havia sido preparado com devida antecedência.
Faziam quatro dias que o palácio fora inundado de decorações e preparações para o grande evento. Estávamos há pouco mais de uma semana do grande casamento, então Kriss estava com os nervos a flor da pele.
— Deveriam ter caprichado menos. — Disse ela, observando o grande salão. — Quero que meu casamento seja o evento mais bonito dos próximos anos.
Revirei os olhos. Eu realmente estava perdendo a paciência com a futura princesa. Kriss tomara o lugar que era de Celeste antes em meu coração, e eu realmente não conseguia entender o que fizera mudar tão rapidamente. Há poucos meses, Kriss era a garota meiga que sonhava em como seus filhos nasceriam, e hoje, junto ao rei, ela não passa de uma tirana. Será uma péssima rainha no futuro, já que não tem o mínimo de respeito por aqueles com quem faz alianças. Kriss era uma simpatizante dos rebeldes nortistas, e do dia para noite, usava do conhecimento que aprendera com eles para manter o rei informado.
— Não seja tola, querida. Nada pode estragar seu casamento. — Disse Silvia, com um quê engraçado na voz.
Estávamos nos fundos do salão, em um pequeno grupo com as garotas da Elite, a escolhida e Silvia. Era a primeira vez que tínhamos um encontro de verdade com o Rei desde que chegamos. Geralmente o único contato que tínhamos com ele acontecia durante as refeições. Silvia nos explicou que ele passaria de grupo em grupo, informalmente, para uma conversa rápida, de modo que ficamos esperando.
Aquilo, na verdade, era tudo, menos informal. Sabíamos que ele viria, de modo que conversávamos em forma de enrolação e mantínhamos os modos para que quando o mesmo chegasse, tivesse uma boa impressão. De certa forma, isso me incomodava além de qualquer outra coisa naquele lugar. Estávamos sempre agindo como robôs, sendo alertados e fingindo ser alguém que não somos para manter o máximo as aparências. Penso como seriam aquelas pessoas de verdade, sem toda aquela toga.
O príncipe eu já conhecia. Sem todo o peso de ser o futuro rei do país, Maxon era alguém divertido e artista. Gostava de fotografar. Não mantinha a postura, e até ia atrás de aventuras as vezes. Sua risada era a mais estranha do mundo. Isso o tornava ainda mais surpreendente. Mas e sua mãe, a Rainha Amberly? Eu havia tido um pequeno exemplo disso durante nosso café de madrugada, mas queria um pouco mais. Como ela se vestiria se não precisasse estar sempre com aqueles vestidos? Como sentaria em uma cadeira caso não tivesse ninguém por perto a vendo? Será que um dia, já havia sequer falado um palavrão?
Tudo isso fazia com que a família real fosse um pouco mais difícil.— Senhoritas. — o Rei nos cumprimentou.
Me juntei as outras em reverência. Estava aí outra coisa da qual eu tinha dúvidas. Maxon e a Rainha reverenciavam Clarksson em particular, sem ninguém por perto para presenciar?
— Vejo que voltaram para nós, afinal. — Ele continuou. — Como está sendo sua visita ao palácio, senhorita Elise?
Elise corou com a pergunta direta.
— Está sendo ótima Majestade, obrigada. Temos aprendido muito sobre como nos comportar em casamentos reais e coroações.
— Para mim, isso é um saco. — Disse ele, sorrindo. — De qualquer forma, Senhoritas, acostumem-se a esse espaço. As vezes estou andando pelo palácio e me deparo com uma das garotas de minha própria seleção. Vocês nunca deixarão de vir aqui, afinal.
Impressionante como daquela forma, o Rei parecia um homem mágico e bom. Mas eu não me esquecia de nada que ele já havia feito. Não me esquecia das ofensas que me proferiu, de como me arrastou com força quando estava com raiva, de como me rebaixou a pior das garotas que ainda restavam no palácio durante a elite, e o pior de todos, nunca me esqueci de como as costas de Maxon foram punidas por me defender.
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DEPOIS DE A ESCOLHA: DE VOLTA AO CASTELO.
RomansaDando um outro rumo para o fim de "A Escolha" de Kiera Cass. Por algum motivo inexplicável, os rebeldes sulistas não conseguiram matar ninguém no dia da Escolha, mas, isso não impede que eles continuem tentando. Como previsto, Maxon estava furioso...