DEPOIS DE A ESCOLHA: DE VOLTA AO CASTELO.

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— Estamos trabalhando com outras formas de segurança. Precisei pedir apoio aos países vizinhos e eles nos mandaram coisas fantásticas. Estamos com um poder bélico maior, e não hesito em dizer pra vocês, rebeldes, que não vão sair vivos se tentarem qualquer ataque ao palácio. O dobro de homens foram selecionados para os reforços da guarda — O rei Clarksson falava, com todo seu egocentrismo, se achando o maioral pelas novas guerras que estava formando no País. Após o ataque, onde o mesmo saiu vivo pela mera coincidência do cirurgião do palácio ter decidido se esconder no mesmo abrigo que ele no dia da escolha, os recrutamentos haviam dobrado nas castas inferiores.

Ele pensa que não sei, mas foi ele quem me deu o apartamento. Vi o carimbo real nos recibos quando me mudei pra Clermont. Em compensação por eu não aceitar a casa que Maxon comprou para minha família, o Rei converteu o valor e mandou um de seus conselheiros me procurar em Carolina, com a mentira de que estava preocupado com minha segurança devido as centenas de entrevistadores que viviam as portas da minha casa. Tenho certeza que se eu morresse, seria de ótimo agrado para ele.

De qualquer forma, não pude recusar. Eu não estava vivendo em Carolina, apenas sobrevivendo. Tinha medo de sair de casa, tinha medo de fazer qualquer coisa que me obrigasse a levantar da cama e olhar pelas janelas as inúmeras câmeras que cercavam os portões, tentado captar imagens minhas e algumas palavras de qualquer pessoa sobre como eu estava após ser claramente abandonada na cerimônia. O país tinha certeza de que a escolhida seria eu, e a decepção de alguns inconformados acabou virando fúria diante da situação.
Clermont me abrigou, e Celeste vibrou de alegria com a minha chegada. Dois telefonemas dela, e eu estava empregada em uma escola particular. Odeio as escolas particulares, onde sou impedida de dar aula para as crianças da quatro em diante, mas ainda assim, gosto das crianças.

— São as informações de hoje. Obrigada pela atenção, Illéa! — Ele se despediu com um comprimento de cabeça, e uma salva de palmas gravadas tocou de fundo, enquanto a câmera se voltava novamente a Gravil, sentado ao nosso lado.

— E agora o momento mais esperado da noite! Como deve andar as garotas que Maxon mandou de volta pra casa? Como estão suas vidas longe da ensolarada Angeles? E como está a vida da grande escolhida, Kriss Ambers após onze meses em um noivado sem competição alguma com outras garotas?

Kriss tomou o foco para si. Seu sorriso esplendoroso demonstrava sua felicidade, e a minha cara de tristeza mostrava o quanto estou chateada em estar aqui. O sorriso antes colocado no meu rosto não durou quinze minutos. Achei que seria fácil, mas não é. Estou tentando disfarçar o máximo, mas não sei o que acontecerá quando as perguntas virem direto para mim.

— Diga, futura princesa, como está se sentindo? — Perguntou ele.

Demorou um pouco para que ela escutasse pela transmissão, mas assim que a pergunta chegou em seus ouvidos, Kriss desatou a falar.

— Estou vivendo os dias mais felizes e ao mesmo tempo carregados de minha vida, Gravil. Ter Maxon ao meu lado me acalma, mas viver sob a ameaça de rebeldes não é fácil. — Confessou ela.

Sob a ameaça de rebeldes... chega a ser engraçado.

— Imagino o quanto sua adaptação no Castelo tem sido difícil, Senhorita Ambers, ou já posso dizer, Senhora Schreave?

— Acho que por enquanto pode ser Ambers, Gravil. Porém em breve vou gostar de ser chamada assim. Isso me faz lembrar mais uma coisa pelo qual não podemos defender jamais os ideais rebeldes: meu casamento está atrasado há bastante tempo por culpa deles. — Disse Kriss, agindo como uma hipócrita. Ela era uma rebelde infiltrada! Nortista, mas ainda assim, rebelde. — Essas causas não pensam em ninguém além de si mesmos, Gravil. Estão preocupados em suas minorias, e não em defender de verdade o País. Vocês, que nos assistem de casa, jamais caiam nos ideais deles. A todos que quiserem ajudar Illea de verdade, os postos de controle estão recrutando os jovens interessados em servir ao exército.