𝑽𝑰 - 𝑺𝒕𝒖𝒑𝒊𝒅 𝑷𝒊𝒆𝒄𝒆 𝒐𝒇 𝑺𝒉𝒊𝒕

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Agradecer não era do feitio de Five

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Agradecer não era do feitio de Five. Nunca fora. Ainda que Leta não esperasse por um agradecimento formal, Five sabia que Leta havia feito por vingança, e seu ego brigava consigo por ter alguém lutando por ele. Entretanto, se sentia na obrigação de agradecer ainda que de uma forma torta e errônea em âmbitos gerais.

Na noite anterior encontrou Leta na cozinha, sentada na pia com um resto de cigarro entre os dedos, com o pijama preto no corpo. Tiveram uma conversa onde Five exibiu sua insatisfação com as atitudes de Leta com Alphonso.

- Sabe, era só um machucado. Olha o tamanho disso - apontou para o próprio ombro. - pro estrago que o que fez com Alphonso, pode fazer com o nome da Umbrella Academy. Um problema minúsculo em relação ao universo.

- Uma mandioca também é pequena em relação a Via-Láctea mas se eu te mandar enfiar ela você sabe bem onde, vai incomodar. - rebateu.

- Eu acho que você é uma suicida louca. - sorriu debochado.

- Não sou suicida.

- Sei. - arqueou a sobrancelha, devolvendo-a para baixo na mesma velocidade. - Boa noite Leta.

Era raro que não fosse a primeira a levantar. No geral, era a primeira sempre, deixando o café pronto e o porão também. Exceto nesse dia específico, onde ainda que acordada, Leta ainda estava na cama. Não era um bom dia para si, considerando a mãe adotiva que definhava e toda a confusão iminente que criara entre Sparrow e o grupo que ajudava. Se sentia constantemente culpada por não ter resolvido o problema dos Hargreeves e mais ainda, de não ter resolvido o próprio problema, considerando que mesmo com as horas de estudo, não conseguira chegar a lugar algum. Não gostaria de pedir ajuda de nenhum dos irmãos. O único de poderia ajudar, era o único em questão que ela não queria que se intrometesse.

Ainda deitada na cama, ouvia os burburinhos no andar de baixo. Sabia que precisava descer antes que subissem. Deveria ter atendido a intuição e ido dormir cedo, não passado a noite encarando papéis sem sentido e planos falhos. Ainda que ocasionalmente lhe ocorresse que tudo de ruim que pensa não era de fato ela, e sim, ela ser apenas a portadora dessa fonte avassaladora de pensamentos ruins, sabia que estava cansada demais para ser racional.

Sua estúpida de merda, o que faz aqui? Burra de merda. Uma puta burra de merda. Pelo menos sou uma burra de merda que sabe que é, logo, sou melhor do que quem é e não sabe. Ou isso é pior? Não ouse sentir pena de si, merdinha. - Leta pensava ainda na cama.

Agora, de frente para o espelho, Leta analisava o rosto cansado. Bem, ao menos sua mãe adotiva não julgaria seu rosto, pensava. Os irmãos sim, eles notariam. As olheiras profundas, os cantos dos olhos amarronzados, o cansaço iminente. Não teria disposição sequer para discutir com Five neste dia, coisa essa, que fazia todos os dias - cansada ou não.

Pensava consigo o que deveria fazer. O que falar. Como agir. Analisava o que Sartre, ou qualquer um de seus filósofos favoritos existencialistas falariam a respeito de sua situação. Sabia o óbvio. "Ninguém existe por um propósito, ninguém pertence a algum lugar, todos vão morrer". O que no momento, não era suficiente para suprir a necessidade de saber o próximo passo. Obviamente para si a escolha mais fácil era fugir da complexidade de viver e aceitar quem era.

𝑻𝒉𝒆 𝑯𝒐𝒕𝒆𝒍 𝑶𝒃𝒍𝒊𝒗𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora