Leia este capítulo escutando: It's U - Cavetown
– Garoto limão, você vai viver pra sempre comigo? – Yamaguchi havia me perguntado.
Acho que não esperava aquela pergunta, era uma noite estrelada, tranquila e fria, mas não de um jeito incômodo. Estava agradável, e mais agradável ainda com a companhia que eu tinha ao meu lado.
De tarde, tínhamos ido a um café local, foi a primeira vez que chamei Yamaguchi pra sair. Não que eu não quisesse antes, mas não tinha coragem. Às pessoas me vêem como um adolescente introvertido de quase um metro e noventa de altura. Ninguém sabe muita coisa sobre mim, na verdade. Pra ser sincero sou bem mais inseguro do que pareço ser.
Talvez parte disso seja culpa do meu irmão, se não fosse por aquele dia, acho que não teria receio de ser expulso do clube de vôlei. Acho que parte disso é culpa do Yamaguchi também, ele sempre fica tão feliz quando joga, mas sinto que não conseguiria se dar bem sozinho. Quer dizer, nunca conheci alguém tão inseguro quanto ele. É complicado.
– Bom, isso depende. – Eu disse, enquanto encostava meus braços na cerca da varanda.
– Depende? Depende do que? – Ele perguntou, parecendo genuinamente curioso.
– Você vai viver comigo pra sempre? Vai querer mesmo viver com "um menino azedo"?
– Que pergunta besta. – Ele ria enquanto falava. – Mas é claro! Sabe, acho que todo limão precisa de um pouco de açúcar, e na minha cabeça meio que somos isso. Então, não querendo me gabar, mas é como se você precisasse de mim.
Ele estava certo. Eu não sei como eu seria hoje em dia se não tivesse ele ao meu lado. Eu não sei nem ao menos se teria entrado pro clube ou se já não teria desistido de tudo. Eu preciso dele pra viver. Eu preciso dele pra me fazer sorrir. Eu preciso dele pra me ouvir e pra me acalmar.
– Você tem razão. Mas acho que o açúcar acaba ficando um pouco azedo depois de tanto tempo ao lado do limão. Não sei se seria tão bom quanto no começo.
– Você tem razão, mas não importa. Você não é um limão e eu não açúcar. Então podemos nos virar.
– Está dizendo que quer viver do meu lado pra sempre, Tadashi?
Ele arregalou um pouco seus olhos e revirou o rosto. Parecia vermelho.
Eu soltei uma risada genuína.
Ele me olhou. Parecia surpreso. E então sorriu.
– Parece que está de bom humor. – Ele disse em tom sarcástico.
– Hum. – Virei o rosto.
– Você não me engana! Sei que está sorrindo.
– Não estou.
– Está sim.
– Não estou.
– Está sim!
– Não e- – senti dedos passarem pelas minhas costelas. Eram meu ponto fraco. Gargalhei alto.
– Pare! Eu me rendo!
Foi uma noite agradável.
Segunda, 6:35am.
– Parece que a noite ontem foi agradável, Kei. – Meu irmão falou, parecia caçoar de minha cara, mas ao mesmo tempo não.
– Sim. – Eu disse, em resposta.
– Vem cá, o que rola entre você e o Yama? – ele perguntou, olhando diretamente nos meus olhos, logo em seguida bebendo um gole de café.
– O que você quer dizer com isso? Ele é meu melhor amigo, você sabe disso tem anos. – Respondi, com dúvida.
– Ah, Kei, não seja besta. Qualquer um que saiba o mínimo sobre você consegue perceber que vocês não são só "melhores amigos" – ele disse, sarcástico. – Fala sério, quando vão admitir?
– Admitir o que, Akiteru? Não tenho nada pra admitir.
– Calma, você tá falando sério? Digo, você é burro assim mesmo ou tá só se fazendo de sonso?
– Mas que porra?! Com licença, tenho coisa mais importante pra fazer.
Levantei da mesa e saí andando.
– Kei! Volta aqui!
Eu parei e olhei pra trás
– mais alguma coisa?
– Você tá falando sério? Realmente não percebeu?
– Percebi o quê?! – Disse com raiva.
– Meu Deus, Kei. Você é apaixonado por aquele menino desde que tinha 10 anos! Ou porquê você acha que aquela foi sua única amizade que durou mais que o que, 2 anos?
– Não, eu não sou apaixonado por ele.
– Sim, você é! Porquê não tenta ver isso? Que coisa!
– Mesmo que eu fosse, do que adiantaria? Não é como se ele me visse como mais do que o seu melhor amigo "garoto limão".
Ele parou, me olhou por uns 30 segundos e disse:
– Como você consegue ser tão inteligente mas ao mesmo tempo ser tão burro?
Eu o olhei com raiva, dúvida e nojo ao mesmo tempo.
– Como assim?
– Sinceramente, você é muito idiota. Olha o jeito que aquele menino te olha. Parece deslumbrado com cada frase que você fala. Eu duvido que seja assim com qualquer outra pessoa.
Eu não respondi, apenas continuei o olhando.
– Não tem nada a dizer?
– Eu tenho que ir pra escola. – depois disso simplesmente peguei minha mochila e saí. Não é como se tivesse mais alguma coisa pra dizer. Mas pensei sobre essa conversa o caminho todo, até que quando encontrei Tadashi acordei desse "transe" e como se não tivesse controle de minhas próprias palavras, disse;
– Akiteru estava certo – e então senti minhas orelhas queimarem e minha cabeça parar de funcionar, com os milhares de pensamentos que eu tinha.
– Certo?
Me lembro que ele estava na minha frente, como pude falar isso na frente dele? Idiota. Simplesmente corri. Saí correndo até minha casa e fui direto para o meu quarto.
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Garoto Limão - TsukiYama
Fiksi PenggemarUm dia chuvoso, minha janela coberta de vapor impedia minha visão por completo. eu admirava as gotas d'agua escorrendo, chateado por não poder brincar lá fora. Até que, avisto algo estranho.. um... limão gigante? Não.. Era um garoto..? Parecia ter a...