Antes de qualquer coisa, esqueçam da idéia de que eu vou contar toda minha história de vida desde o começo. Primeiramente, eu acho isso um saco! Só pra constar. Segundo: Eu não me sinto confortável em expor certas coisas sobre mim, e já que isso aqui é uma fanfic, vocês obviamente vão ficar sabendo de tudo uma hora ou outra, né? Então. .. *Suspiro* Vamos lá!
Só pra dar uma contextualizada rápida aqui; eu não sou tão paciente e doce como o Raluca é. Sou impulsiva, teimosa e um tanto que imatura. Pelo menos eu admito isso!
Um monte de gente me acha insuportável. É recalque que fala? Enfim, eu não tô nem aí pra isso também. Eu tenho mais o que fazer da vida, né! Ah, quase me esqueci. Eu sou MUITO explosiva e temperamental. Acho que deu pra perceber. Ok, agora sim a gente pode começar! Um beijo aos leitores!Eu já estava enfezada! Perdi meu delineador favorito! Custou quase 50 paus, e nem foi eu que paguei. Que merda! Também não conseguia achar minha base ecológica. - Daquelas que não são testadas em animais, sabe? Meu quarto tava uma bagunça! Não dava pra encontrar o que eu precisava. Mas, ou era ficar aqui e procurar, oi cair fora logo de casa. A segunda opção era melhor. Vesti minha melhor roupa, passei meu melhor perfume e zarpei. Queria encontrar meu melhor amigo logo. Esse que sinto um apreço único. Que tá sempre do meu lado, nos meus piores momentos.
Antes de chegar na escola, fiquei trocando algumas mensagens com o Raluca. Ele era meu porto seguro. Eu amava demais esse menino. Amava tanto que doía. E eu também adorava aprontar com ele, hahahahhh! Quando a gente conversava, meus problemas pareciam não existir, e às vezes, eu esquecia que tinha uma família de merda. Por isso, eu gostava de vir mais cedo pra escola, todos os dias. Hoje, eu fugi um pouco do meu horário. O domingo foi tenso. Todo final de semana era meio barra pesada lá em casa. Esse em especial, foi bem mais punk do que os outros. Tive sorte de ter saído ilesa. Enfim.
Última parada do busu. Ele ainda não tinha chegado, então fui lá pra dentro. Deixei o portão entreaberto, pra ele saber que eu já tava lá.
Não deu nem dez minutos e ele apareceu. Junto com aquele sorriso perfeito e cheio de sardas! Dei um abraço tão forte nele, que pude até sentir suas costelas estalando. Ele para, toma um fôlego, e depois ficamos batendo um papo só pra descontrair. Eu não gostava de contar sobre meus problemas pra ele. Raluca ficava tão preocupado, que chega me partia o coração. Teve uma vez que contei pra ele, quando meu padrasto me bateu e apareci com o olho roxo na escola. Ele chorou até ficar rouco. Quando eu disse que infelizmente, não dava pra fazer nada pra ajudar, ele ficou deprimido, se sentindo impotente. Odiava vê-lo daquele jeito. Então decidi nunca mais contar pra ele.
-- Ai, ai, Raluca. .. Eu queria mesmo era arrumar um namorado. - suspirei, me inundando em fantasias.
-- Metade da turma quer te pegar, tu sabe né? Opção não falta, hahahhh!
-- Nahh!! Eu peguei metade da turma já, só tem moleque! Eu quero alguém mais assim… Mais sério, mais maduro e tal.. - Fiquei pensando em como seria ter um par perfeito pra mim. Eu não era tão exigente assim. Ou talvez eu fosse… Um cara maduro e sério na minha idade? Acho que nem eu me aguentaria.
-- Mas, e você, Raluca? Até agora nunca vi você pegando ninguém! - Ele ficou vermelhinho de vergonha, hahaaaahhh, como eu amo esse menino!
-- E - eu não! Sai fora! Tô de boa ass -- O tempo pareceu parar por um instante quando ele apareceu pela primeira vez. Alto, forte, cabelo cortado baixinho, moreno e… Ele tava sério? Ou não? Pera! Não dava pra saber o que ele tava sentindo. O cara era todo inexpressivo, parecia um robô… Mas roubou toda a cena!
Raluca parecia hipnotizado por ele. Vi seus olhos brilharem, e sua língua passeando suavemente entre seus lábios. Ele ficou completamente gamado no maluco! Nem tinha como falar que não tava…
Já sei!
Vou botar uma pilha nele de novo, hihihiihh!!!
-- Que cara de mau que ele tem, viu? - Ele revira os olhos, me ignorando. Vou ter que apelar pro plano B! - Vamos lá falar com ele? ! ! ! - Ele esbugalhou os olhos e corou de novo! Isso! Consegui, hahaaah! !
— Larissa! – cochichou. — Tá doida? E se ele ficar bravo com a gente?
— Tá com medo dele, é?! – Continuei com meu tom provocativo. Sempre funcionava, hehehehhh! — E eu percebi que você também ficou morrendo de curiosidade de conhecer ele. Aposto que não morde! – Ele continuava com o rubor em seu rosto, e com os olhos esbugalhados.
— Nem pensar! Você sempre me mete em encrenca! – Há! Já sei como convencer ele definitivamente!
— Aaahhhh Ralucaaaaa!! Por favorzinho, vai! Eu faço seu dever de casa por uma semana! – Eu não fazia nem o meu, hihihh!
Ele faz uma careta de desgosto, e suspira fadigado. Consegui!
— Mas você vem junto comigo!
— Yaaaayyyy!!! Obrigadaaaa!! — Dou um beijo bem carinhoso e fraterno em sua bochecha como agradecimento, e ele dá um sorriso de lado. Raluca sabia como eu era chata e não ia parar, até conseguir o que queria. Então não exitei e chamei o grandalhão misterioso, antes que ele sumisse de nossa vista.
— Menino! Meninoooo!!! — gritei bem alto, esperando uma reação bem de acordo com o clima; Bem constrangedora! Ah qual é? Qual o problema de brincar um pouco com os outros? — Qual o seu nome? — Ele virou de um jeito assustador, olhando pra gente.
— Guilherme. – Frio que nem uma geleira! Credo! Parecia até um psicopata assassino! Na hora eu até travei. E fui eu que fiquei constrangida! O que foi mais estranho, é que ele nem me deu bola, e ficou encarando o Raluca… Mas de um jeito totalmente diferente. Bem… Ele ficou com medo, obviamente e se escondeu atrás de mim. – Hã… Eu vou nessa, então, valeu. – E assim nosso cavaleiro das trevas deu as costas pra gente, e saiu como se não tivesse acontecido nada.
— Agora já chega, né, garota? A gente deu sorte que ele não bateu em nenhum de nós dois. Bora voltar lá pro banquinho… – Olhei pro Raluca com um sorriso sórdido, hihihiii! Eu não dei a mínima, se o grandão tinha ignorado a gente, mas o entretenimento era impagável, né? Então, por que não, mais uma tentativa? Ele percebeu que eu tive mais outra ideia idiota e revirou os olhos, aborrecido.
— E se?...
— Não! !
— A gente fosse até láááá?
— Larissa! Nem ferrando!
— Só dar uma espiadinha assim… De leve. . – Ele devia tá me xingando toda em pensamento, hehehehhh!!!
— TÁ, LARISSA! QUE ÓDIO DE VOCÊ!
E fomos até o anexo, onde ele estava. Sentado em um banco do lado da porta, provavelmente da sua turma. Raluca permanecia acanhado atrás de mim e suas mãos estavam apoiadas nas minhas costas.
— Olha lá ele! Tá sentado perto da porta! Parece que tá meio puto… – Realmente, ele sequer mexia um músculo do rosto, mas continuava com aquela expressão fechada. Até que era bem atraente. Suas sobrancelhas eram grossas e bem desenhadas, dando um ar de imponência bem peculiar… Doideira…
— Que legal, né Larissa? Agora que a gente já veio aqui e viu o cara, já tá bom, né? – Foi o tempo do Raluca falar, que ele acabou notando que estávamos bisbilhotando. Levei um puta susto, e acabei tropeçando no pé do Raluca, que quase acabou caindo. O Guilherme viu toda aquela cena, não se aguentou e acabou rindo da gente… E a minha postura foi toda pro vinagre…
— Vai lá falar com ele! – Ah, mas eu não desisti assim, não!
— QUÊ? LARISSA! DE JEITO NENHUM! – Fiz a minha carinha de coitada que ele NUNCA resiste! – Aí, Larissa… Dá um tempo, né?
— Eu juro que essa é a última vez, Raluquinha fofinho! — Ele fez um bico e foi andando, sem falar mais nada. Consegui de novo!
Não dava pra escutar a conversa deles da onde eu tava, mas o Raluca parecia nervoso. Ele quase sumia perto do Guilherme. A diferença de tamanho deles era assustadora! Enfim, eu tenho certeza de que ele vai acabar ficando com pena do Raluca e vai acabar ignorando ele, igual fez até agora. Pelo menos era o que eu pensava…
Eu queria muito chegar mais perto, mas, ia estragar tudo. Pelo que eu percebi, eles estavam se dando bem? O quê? O Raluca tava sorrindo? Ele… Ele tava sorrindo!! Não!! Os dois tavam dando gargalhadas e… Ele tava perto demais do Raluca, quem que esse cara tá pensando que é?
Espera aí… Os olhos deles se encontraram e os dois ficaram quietos… Aquele brilho… Eu sei o que é aquele brilho. O rubor nas bochechas deles, a maneira que ele jogou o cabelo pra trás da orelha, o jeito que o Raluca passeava a língua entre os lábios, e… O Guilherme tava consentindo com tudo… Isso não tem nada a ver!!!
— Raluca! Já vai bater o sinal! Vamos lá pra dentro! – Não era pra isso ter acontecido! Não… Não desse jeito, pô! O pior, é que eu fiquei bolada! E eu não entendi o por quê! Era ciúme? Eu fiquei com ciúme!! Que merda!
Ele acenou com um sorriso de orelha à orelha, pra se despedir dele. Dava até pra ver os coraçõezinhos estourando em cima da cabeça. Puxei a mão dele, pra sairmos dali logo. O sinal já ia tocar….
— Ei, o que deu em você, hein?
— Nada, vamo logo!
A tia da limpeza veio no sentido oposto, abrindo as turmas. A escola já tava aberta e os alunos chegaram que nem um bando de formigas. Minha cabeça borbulhava. Por um momento, pareceu que eu poderia acabar perdendo o Raluca algum dia. Isso começou a marretar tanto na minha cabeça, de repente e… --
— Para de me puxar assim, Larissa, vai estragar meu casaco todo, ó!
— Ai, desculpa Raluquinha! – Parei no meio do caminho, pra ajeitar a manga da blusa dele. Sua mão ficou vermelha, acho que apertei demais quando tava puxando ele.
— Tá… Tá tudo bem, Larissa? – me perguntou, franzindo a testa, preocupado.
— Tá, sim, Raluca… – Puxei sua mão carinhosamente e a dei um beijo aconchegante. — Desculpa por ser tão frenética…
— Ei… – Ele acaricia meu rosto, e me fita com seu olhar meigo e penetrante. — Eu não tô bravo com você. Às vezes você exagera, mas você sabe que eu não me importo. – Ele me dá um abraço reconfortante que me tranquiliza.
— Raluca….
— Oi?
— Promete que nunca vai me abandonar?
– Que ideia, hahahh! Sua lesma, é lógico que não! – Sua voz soava tão tranquila atrás dos meus ouvidos, que fez minhas paranóias cessarem.
— Raluca? – Voltei com meu tom debochado.
— Quê?
— Cê tá apaixonado naquele grandão??? – Ele se desagarra de mim, na mesma hora, hahahahhh ! Eu nunca me canso de fazer isso!
— Ah, vai à merda! Tava demorando, né? – Ele ficou fervendo de vergonha, dessa vez! Nunca perde a graça!Fiquei um pouco pensativa, enquanto íamos pra sala. Eu falei num tom de brincadeira com ele, de verdade. Mas… O que aconteceria com a nossa relação, se ele se apaixonasse? Alguma hora isso vai acontecer… Eu tô tão acostumada em ser só eu e ele, que não sei o que fazer quando esse dia chegar. Ou até mesmo eu… Alguma hora também vou acabar me apaixonando… Ah, que saco! Pensar no futuro é complicado! Ainda mais quando envolve tanta coisa assim… Sei lá, eu ainda tô confusa, vou esperar pra ver no que dá. Mas, ai dele, se trocar nossa amizade por um amor mequetrefe que ele arrumar por aí!
De verdade… Tomara que o Raluca nunca me abandone...
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Amor Carmesim
Teen FictionGuilherme é um adolescente sem uma vida muito interessante pra se falar. Como a maioria de outros de sua idade, ele simplesmente existe. Na real, não dá nem pra chamar ele de protagonista, de tão chata que a vida dele é! Mas olha só! Do nada, alguma...