ESCOLHENDO O RECOMEÇO

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POV HOPE

Caminhamos pântano adentro esperando qualquer sinal que fosse de que estávamos cercados, mas só ouvíamos o silêncio. Quando chegamos ao cais, bem no centro do Bayou, ainda estávamos em formação cautelosa no momento em que a vi. Nunca tinha visto a Aurora viva, pelo menos não que eu me lembrasse. Esperei que mais alguém a avistasse, mas pela expressão ainda tensa de todos ali, percebi que só eu podia vê-la. Provavelmente, Persia estava ocultando-a de todos, menos de mim. Ela tinha um sorriso louco no rosto, um objeto branco nas mãos, que supus ser a tal adaga da dor e da agonia infinitas, e um convite sedutor no olhar.

Estava pronta para ir de encontro a ela, ainda sem saber como fazer isso sem chamar atenção, quando começamos todos a ouvir barulhos rápidos. Se estivesse, visíveis, poderia jurar que veríamos vultos nos rodeando, mas tivemos que nos contentar com o som dos seus passos rápidos. Os lobos já transformados, por terem seus sentidos ampliados ao máximo, partiram para o ataque. Começamos a ouvir gritos e rosnados, os que estavam na forma humana eram arremessados pelo vazio a metros de distância e o Julio e o Marcel lutavam contra muitas mãos invisíveis. Era o momento mais caótico da noite. Procurei o Dr. Saltzman e o Landon, mas não os vi. Não conseguia ouvir suas vozes e me vi dividida entre procurar por eles ou seguir a Aurora, que ainda observava tudo com diversão.

Por mais que eu quisesse garantir a segurança dos dois, resolvi confiar neles naquela noite. Eu havia prometido uma vingança ao Julio, não sairia dali sem cumprir minha promessa. Aproveitei a confusão do combate para segui-la, ela era tão rápida quanto eu, o que me surpreendeu. Mas, uma vez afastadas da bagunça, ela parou e pudemos finalmente nos encarar frente a frente.

AU: - Finalmente estamos nos conhecendo.

H: - Não é um grande prazer para mim.

AU: - Você tem a mesma ousadia do seu pai. Fomos namorados, sabia ?

H: - Eu soube, ele demorou muito para aperfeiçoar o bom gosto com mulheres. - Disse irritando-a.

AU: - Se eu fosse você, teria mais cuidado com as palavras.

H: - E pode me dizer o porquê ?

Ela levantou a adaga na altura dos olhos e a balançou de frente ao rosto.

AU: - Eu soube que isso pode fazer um belo estrago, até mesmo em você.

H: - Eu não me preocuparia com isso, não vai ficar com ela muito tempo.

Tentei usar magia para atrair a arma para mim, mas não funcionou. Disfarcei minha confusão e frustração e lancei um feitiço na Aurora, também sem efeito. Então, sem aviso, ela começou a rir, provavelmente de mim.

AU: - Não consegue me machucar com magia, não é ? Eu tenho uma amiga bruxa que está cuidando de mim. Sua magia não vai servir para você hoje, não vai servir nunca mais. - Ela disse antes de ficar séria e partir para o ataque.

Eu nunca tinha lutado com um vampiro tão antigo, ela definitivamente era tão forte quanto eu ou Marcel. Além de forte, rápida e nem um pouco preocupada com que parte de mim acertaria enquanto tentava me cortar com a adaga. Antecipei seus movimentos como pude até acertar o primeiro golpe jogando-a metros para longe. Tentei chegar até ela antes que ela se levantasse, mas foi em vão, quando avancei mais uma vez, ela aproveitou minha guarda baixa de ataque para me acertar com a adaga.

Aí vai, menos de seis meses atrás eu passei por uma experiência um tanto traumática de dor quando um bruxo louco tentou arrancar meu lado lobo de mim. Mas, o que senti quando a ponta daquela adaga perfurou minha pele não poderia ter outra definição que não a já antes dada à sua função: dor e agonia eternas. A sensação de que algum tipo de veneno extremamente ácido estava se espalhando pelo meu corpo, me fazendo deixar de sentir meus próprios membros, ou de conseguir ouvir nitidamente, era tão forte quanto o tom de vermelho que pintou a lua daquela noite. Eu não segurei o grito, não poderia nem que quisesse. Ela sorriu antes de falar:

III - Lua De Sangue | III - Blood MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora