O DESPERTAR DE UMA AMEAÇA

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POV HOPE

Estava oficialmente comprovado, ser deixado em compasso de espera pelo seu inimigo era a pior sensação que se poderia sentir quando suas alternativas de ataque são inutilizadas. Pouco mais de um mês, esse foi o tempo que se passou desde que os vampiros levaram a Aurora, desde que o Landon matou o Julio fazendo-o se tornar um híbrido e foi embora, desde que eu percebi que não haveria outra saída se não abandonar a minha postura pacífica. Ficar presa nessa situação estressante acabou me cansando mais facilmente do que esperava.

Acordei com o sol da manhã entrando pela janela do meu quarto. Procurei o Julio, mas ele não estava na cama. Sim, ele dormia aqui desde que se transformou. Não sei ao certo o motivo que o fazia evitar estar em casa, tinha uma ideia, mas não quis trazê-la à tona, provavelmente era uma questão delicada. Levantei e desci, o encontrei na cozinha devorando a sétima bolsa de sangue, pelo menos sete eram as que estavam à vista.

J: - Me desculpe. - Ele disse largando a bolsa envergonhado.

H: - Não se preocupe, está tudo bem. - Disse confortando-o

Para ser honesta, eu temia que não estivesse tudo bem. Julio era mais velho que o Hanry quando se transformou, era mais maduro e tinha uma personalidade estável e responsável. Mas, pelo tempo que passamos juntos desde a manhã em que ele acordou e descobriu que teria que completar a transição para continuar vivo, eu via claramente que ele tinha problemas com controle. Emoções e sentidos mais ampliados do que nunca eram coisas que estávamos avançando rápido no quesito aprendizado, ele era um aluno dedicado, mas a fome... eu tinha a leve impressão de que ele estava mentindo para mim quanto à nossa evolução em fazê-lo se sentir saciado.

Ele se limpou e jogou as bolsas no lixo, atualizando a contagem para nove, já que duas estavam escondidas atrás do balcão. Ele saiu andando sem dizer uma palavra até a sala, quando o silêncio foi quebrado.

J: - Hope, você não precisa dizer que está tudo bem sempre que eu faço uma coisa errada só por se sentir culpada. - Ele disse entrando em modo defesa.

H: - Eu não faço isso.

Era mentira. Desde que ele se transformou, eu me sentia imensamente culpada pela sua morte, não só por ele ter virado híbrido, coisa que sabia que ele nunca quis para si, mas por ter sido o Landon que o matou. Acho que estava sendo menos eficiente em disfarçar o que eu sentia do que achei que seria.

J: - Eu acabei de atacar seu estoque de sangue e não teria parado tão cedo se você não tivesse chegado, mas, mesmo assim, você disse que está tudo bem ?

H: - Porque eu sei como isso é difícil no começo. Eu já fui uma híbrida em processo de adaptação, acredite em mim, você está indo bem.

J: - Como ?

H: - Para começar, são bolsas de sangue e não pescoços.

J: - Não é como se eu não tivesse vontade que fossem, Bayou se tornou um ambiente muito tentador.

H: - Vamos dar um jeito nisso, eu prometo. - Disse indo até ele e abraçando-o.

Então lá estava uma resposta para mim. Ele resolver ficar o tempo todo aqui não tinha a ver só com o fato de querer estar perto de mim, como ele havia enfatizado antes. Julio não queria cometer erros com pessoas importantes para ele, tinha medo de atacar alguém e por isso não saía do Complexo há semanas, mas tinha mais medo ainda de perder o controle com algum Crescente.

Ele nos separou e me olhou com o olhar mais doce que ele tinha:

J: - Pode me dar outra chance de começar essa manhã do jeito certo e aceitar que eu faça seu café ?

III - Lua De Sangue | III - Blood MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora