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ASTRID MCCARTNEY

Os olhos azuis de Logan me acompanharam até que eu sumisse, levando a caixinha de primeiros socorros para o banheiro.

Quando voltei, ele já estava na cozinha, como se fosse um adivinho. Bom, talvez ele fosse, afinal ele tinha caído da pela chaminé da minha lareira, após uma viagem de trenó, puxado por renas, com um senhor idoso de barba, vestido de vermelho e que distribuía presentes nas noites de Natal.

— Tem uma coisa que eu não entendo… — proferi, quando entrei na cozinha.

Logan já estava tão à vontade, que havia sentado-se na banqueta em frente ao balcão.

— O que é? — juntou as mãos em cima do mármore, observando-me enquanto eu passava para o outro lado do balcão. — Você pode me perguntar o que quiser. — levantei uma das sobrancelhas.

— Eu preciso entender como a carta foi parar na Lapônia, sendo que eu guardei dentro de uma pasta dentro do armário da escola. — encostei-me na pia vendo Logan rir. 

Com certeza ele era de outro mundo, porque ele sempre ria de algo que eu dizia, como tivesse contado alguma piada. Talvez eu fosse a piada, afinal aquela carta foi como se estivéssemos em um stand-up.

— Lapônia? Garota, Papai Noel não mora na Lapônia. — Abri a boca surpresa.

Minha infância foi uma farsa e as das crianças de hoje também, já que os pais sempre disseram com todas as letras que o Bom Velhinho morava na Lapônia no frio congelante.

— Não? — perguntei, vendo-o balançar a cabeça em negação.

— Não, eles preferem o calor. O Alfred, por exemplo, mora no Havaí. — Arregalei os olhos. 

— Quem é Alfred? — Logan passou a mão pelos fios loiros, fazendo ser ainda mais charmoso.

— O Papai Noel, ou você acha que ele não tem um nome? — perguntou óbvio.

— Isso nunca passou pela minha cabeça. — dei um sorriso.

— Considerando sua carta, eu tenho plena certeza que não. — apertou os lábios para não rir.

Cruzei os braços e mudei minha expressão, notando a diversão em seu rosto. E, eu era uma piada;

— Vai me contar sua ideia, ou eu vou ter que adivinhar? — rolei os olhos, descruzando os braços.

— Creio que sua viagem foi muito cansativa e demorada. — ele balançou a cabeça.

— Fui o último a descer daquele trenó. — assenti.

O Papai Noel era um tremendo sacana em deixar meu presente por último.

— Eu não tenho nenhum prato especial, mas tenho biscoitos e chocolate quente, você gosta? — perguntei.

— Oh, sim. — sorriu ao responder. — Eu adoro chocolate quente. 

Comemorei internamente por eles dizer aquilo, pela demora ao entregar meu presente, o Papai Noel tinha sido bem legal em mandá-lo para mim, mesmo com a demora.

— Certo, eu irei preparar para nós dois. — Virei-me de costas, abrindo o armário para pegar duas canecas.

Aquilo ainda parecia uma loucura sem fim.  O Papai Noel leu minha carta, arrumou meu presente, havia jogado-o pela chaminé da minha lareira e ele estava sentado atrás de mim, com as características físicas que eu tinha pedido.

Se eu contasse para alguém, até mesmo uma criança, ela diria que eu era uma maluca. Logan era tão real, com as feições delicadas e perfeitas, sem chances de ser apenas uma alucinação da minha cabeça.

— Sua carta chegou por meio dos correios. — Logan comentou. — Alfred disse que foi a última a chegar. — Virei o pescoço para olhá-lo.

— Muito bem apropriado para mim. — devolvi, voltando a prestar atenção no que fazia.

— Você deixa tudo para última hora?

— Não. — peguei a caneca de chocolate quente e levei até ele. — Mas o destino sempre me dá as coisas de última hora. — ele sacudiu a cabeça.

Voltei para o outro lado, para buscar o pote de biscoitos e minha caneca de chocolate quente.

— Eu queria saber quem enviou a carta. — suspirei cansada.

— Isso eu não sei dizer. — Logan levou a caneca até os lábios. — Alfred não quis me contar, então não forcei. — abriu o pote de biscoitos, tirando alguns e comendo em seguida.

— Ótimo. — sorri para ele, um pouco decepcionada.

Bebi chocolate quente e comi alguns biscoitos.

— Quer dançar? — a pergunta me surpreendeu.

— Mas você está sentindo dor ainda. — ele sorriu.

— Já passou. — respondeu. — Além do mais, eu tenho que ser o presente ideal.

Deixei a caneca sobre o balcão e passei para o outro lado. Logan pulou da banqueta e segurou minha mão, guiando-me até a sala.

Soltei a mão de Logan, peguei o celular, que estava sobre a mesinha ao lado do sofá e procurei por uma música natalina qualquer, dando play.

Logan esticou sua mão em minha direção. Segurei-me nele e vejo os seus olhos sobre os meus. Ele passou seu braço esquerdo pela base da minha cintura, alcançando minhas costas. Abri os lábios, com meus olhos cravados sobre ele, sentindo cada poro do meu corpo vibrar. Movi minhas pernas conforme Logan me guiava, percebendo que elas estavam moles.

— Você é muito bonita, Astrid! — sussurrou, próximo ao meu ouvido.

— Você também, Logan! — devolvi o elogio.

Voltei a observá-lo. Suas orbes azuis brilharam, como faíscas. Aproximei meu rosto do dele, movendo minha mão para seu rosto. Nossos narizes tocaram, antes dos lábios fazerem o mesmo.

A sensação de ser beijada por Logan, poderia ser a experiência mais incrível e surpreendente. Era como tocar o céu, mesmo estando na Terra. Os lábios macios e carnudos dele eram viciantes como uma droga poderosíssima. 

Ofeguei quando nossos lábios se separaram. Não tive tempo de dizer nada, porque Logan voltou a me beijar. Desejei que o mundo parasse e que ficássemos ali para sempre.

— Você deveria ter dito na carta, que seu beijo era viciante. — Logan comentou, quando paramos de nos beijar.

— Bobo. — bati em seu ombro, rolando os olhos e rindo em seguida.

Os braços grossos e fortes dele, rodearam meu corpo, aconchegando-me em seu calor carinhoso. Senti presa a um porto seguro.

Logan me puxou para o sofá, onde sentamos nos abraçando. Liguei a tv e tombei minha cabeça em seu peito, prestando atenção no programa natalino.

O Papai Noel tinha sido incrível comigo, mesmo com a demora.

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