ASTRID MCCARTNEY
Esfreguei meus olhos, sentindo os raios solares vazarem através da vidraça da janela. Esforcei minha visão, procurando onde Logan estava, mas não o encontrei.
Sentei-me então, notando que eu não estava no sofá e sim na minha cama. Estiquei os braços alongando meu corpo e bocejei, colocando-me de pé.
O silêncio fazia cócegas pela casa, sem nenhuma pista de que Logan estivesse ali. Franzi a testa, caminhei em direção ao banheiro, pronta para tomar um banho e acordar realmente.
Me despi e entrei no box, sentindo a água quente correr pelo meu corpo, relaxando os músculos.
Flashs da noite passada acertaram minha mente, relembrando o episódio mais maluco que eu vivi em minha vida. Era uma insanidade tamanha, no entanto tinha acontecido e eu não iria conseguir esquecê-lo jamais.
Após sair do banheiro já arrumada, fiz meu caminho até o andar de baixo para encontrar Logan na cozinha. Deixei um sorriso cobrir meus lábios e desci a escada como se estivesse flutuando em um sonho.
Mas não tinha ninguém ali. A decepção tomou conta das minhas feições, que logo em seguida foram preenchidas por estranhamento. Ele estava poderia estar em outros cômoda, pensei.
Não havia sinal algum que Logan tivesse saído, ou que estivesse escondido em algum lugar. Procurei-o pela sala, na sacada, na área de serviço e até em ruas próximas, mas ele tinha desaparecido.
Frustrada com tudo, voltei para casa, praguejando-me por ter sido boba e idiota por ter acreditado que ele era meu presente de Natal. Eu era ingênua demais por cair em pegadinhas idiotas.
Sentei-me no sofá, tombando a cabeça para trás, fechando os olhos por alguns segundos. Quando abri-os novamente, vi a carta que eu havia escrito, sobre a mesinha de centro. Capturei o papel e comecei a reler a carta, rindo da minha própria ilusão.
— Eu sou uma idiota! — murmurei para mim mesma, balançando a cabeça.
Então meus olhos saltaram de surpresa ao ver uma frase escrita em meio ao pedido.
"Eu quero um amor, mesmo que seja somente na noite de Natal."
Abri a boca, relembrando o dia em que escrevi a carta. As peças começavam a se juntarem, dando-me a resposta que eu precisava.
Logan era sim meu presente de Natal, mas ele duraria apenas algumas horas. assim como o encanto que a fada madrinha deu a Cinderela.
Sem saber o que fazer, amacei a carta arremessando-a bem longe e caindo no choro em seguida. Além de ter uma vida amorosa arruinada, eu fiz um pedido ainda mais tosco.
A campainha tocou e meus olhos arregalaram-se, passando diversos questionamentos em minha cabeça. Enxuguei as lágrimas e caminhei até a porta, torcendo para que fosse Logan.
Toquei a maçaneta tremendo em expectativa, mas quando abri a porta, meus pais estavam parados com sorrisos gigantescos, segurando algumas malas.
— Feliz Natal, filha! — minha mãe desejou, abraçando-me antes que eu reagisse.
Deitei meu rosto sobre seu ombro e vi meu pai sorrindo, esfregando meu rosto.
— Oi, mãe. — Saudei sem muito ânimo, saindo de seu abraço.
— Feliz Natal, querida! — papai puxou-me para seus braços, dando-me um beijo na bochecha.
— Oi, pai. — repeti o cumprimento.
— Astrid, você está tão desanimada, o que aconteceu? — mamãe perguntou, segurando meu rosto. — Estava chorando. — constatou ao notar meus olhos úmidos e vermelhos.
— Não é nada, mãe. — declarei, sorrindo fraco.
— Aposto que são saudades do papai. — ele comentou, fazendo-me rir mais.
— É óbvio que ela sente saudades de nós, Gerrard. — mamãe comentou. — Mas esse choro não é por causa de nós. — ela estreitou seus olhos analíticos sobre mim.
— Entrem. — pedi, querendo mudar o rumo do assunto.
Os dois adentraram a casa, puxando as malas e sentaram-se no sofá.
— Por que vocês voltaram sem me dizer nada? — sentei-me na poltrona em frente a eles.
— Não podemos fazer surpresas, docinho? — mamãe retorquiu.
Balancei a cabeça em concordância.
— Nós vamos passar o Ano Novo com você, meu bem. — papai disse. — Estávamos com saudades da nossa filhota, não é Alba? — os dois se olharam, sorrindo um para o outro.
O amor dos meus pais era o que eu mais admirava. Os dois foram a primeira paixão, um do outro, sempre foram unidos e nunca pensaram em se separar. Eles se casaram muito cedo e me tiveram rápido demais, o que fez com o que as responsabilidades aparecem em dobro, sem ter muito tempo para explorar o mundo. Quando me formei, os dois juntaram as malas e partiram em uma viagem sem data para terminar. Experimentaram novas culturas, novos hábitos e evoluíram.
— Vou fazer o café. — falei. — A casa é de vocês. — sorri.
Levantei-me para a cozinha, para preparar o café. Meu pai ligou a tv, enquanto minha mãe veio atrás de mim.
— Você não vai me contar o porque você estava chorando? — ela perguntou, apoiando os braços sobre o balcão.
— Não é nada, mãe. — repeti a mesma resposta, não querendo me alongar no assunto.
— Aposto que por algum rapaz que não te merece. — Travei a mandíbula, virando-me de costas, não quero brigar com ela.
Logan aparentava ser digno para mim, no entanto, por burrice minha ele tinha ido e não voltaria.
Pensei em dizer tudo que aconteceu nas últimas horas, mas com certeza ela e meu pai iriam me colocar em um hospício.
— É melhor deixar quieto, mãe. — pedi, em sussurro.
Ela não disse mais nada e eu comecei a preparar o café da manhã em silêncio.
Tomamos o café juntos, como sempre fazíamos quando eu morava com eles. Papai contou-me suas aventuras com minha mãe, explicando que eles se casaram novamente, dessa vez na Tailândia. Sorri ouvindo todas as histórias. Na verdade, meus pais eram meu melhor presente de Natal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MAGICAL CHRISTMAS
Short StoryAos vinte e cinco anos, Astrid McCartney não acredita mais em Papai Noel e nem que o Bom Velhinho presenteia quem escreve cartas. Bom, isso até a noite de Natal. Quando um desconhecido aparece em seu apartamento, com sua carta em mãos, Astrid não sa...