ASTRID MCCARTNEY
Encarei meu reflexo em frente ao espelho, vendo o caimento do vestido branco ficar perfeito em meu corpo.
Meus pais haviam me convencido a ir em uma festa na casa de amigos deles, dos quais eu somente tinha ouvido falar ao longo dos meus anos de vida, porque segundo meu pai, eles moravam em Los Angeles.
Terminei de me ajeitar, colocando um blazer sobre os ombros e desci para encontrar meus pais.
— Você está linda, querida. — Papai elogiou assim que desci a escada.
Caminhei em direção a ele e deixei um beijo sobre sua bochecha.
— Obrigada, pai. — agradeci, sorrindo para ele.
Minha mãe surgiu vindo da cozinha e abraçou-me.
— A cada dia tenho certeza de que você é a cara de seu pai. — ela comentou, vendo nós dois lado a lado.
Meu pai riu e eu abracei os dois.
— Vamos, por favor. — minha mãe pediu. — Alex e Rosemary estão nos esperando.
Deixamos a casa e seguimos para o apartamento de Alex e Rosemary, de táxi.
Passei o trajeto todo em silêncio, olhando pela janela do carro observando a grande Nova York. Muitas pessoas se aglomeravam nas ruas, bebendo e comemorando a chegada do novo ano.
O apartamento dos amigos de meu pai ficava próximo a Times Square e tinha uma boa visão, para ver a bola de cristal descer.
Rosemary foi quem nos recebeu, sendo muito hospitaleira. Ela deveria ter a mesma idade de minha mãe, os cabelos eram pretos, os olhos verdes e a pele muito bem conservada.
Rose, como ela pediu para ser chamada, apresentou seu marido, Alex, e sua filha, Diana. Para minha total surpresa, acabei reconhecendo Diana, a mãe de Clara. Perguntei sobre a garota e ela me disse que ela havia saído com o tio.
Sentei-me no sofá, pegando a taça de champanhe que Rose me ofereceu. Todos conversavam animadamente, enquanto eu apenas observava.
Eu era a única desacompanhada e de certa forma aquilo me assustava um tanto. Pensei que talvez não fosse meu destino ter alguém para dividir uma vida. Em minha cabeça, eu criava milhões de expectativas e até o momento, eu não tinha nada.
— Finalmente vocês chegaram, queridos! — Rose, exclamou assim que abriu a porta.
Clara foi a primeira a passar pela porta e indo de encontro dos pais. Seus olhos me observavam rapidamente e ela acenou dando um sorriso.
Meus olhos então moveram-se para o homem que entrava.
Minha respiração ficou falha, meu coração se acelerou, meus olhos se arregalaram e meus lábios abriram, nervosa por vê-lo ali. Um nó atravessou minha garganta, deixando-me pálida.
— Filha, você está bem? — minha mãe perguntou preocupada.
Tentei dizer qualquer coisa, mas não tive forças.
Os olhos azuis dele encaram os meus. seu sorriso murchou e suas feições ganharam expressões de surpresa.
Senti as mãos de minha mãe e de Diana tocarem meu braço, dizendo que iria me levar para a cozinha, onde eu poderia beber um copo de água e respirar um pouco melhor.
Segui com minha mãe e Diana para a cozinha, olhando para Logan.
— Senta aqui, Astrid. — ela puxou a cadeira.
Com o olhar confuso, sentei-me sem reclamar. Ela foi até a geladeira pegar água, enquanto minha mãe abaixava-se ao meu lado, segurando minhas mãos que tremiam.
Acalmei minha respiração e peguei o copo de água, que Diana estendia para mim.
— O que você está sentindo, filha? — minha mãe passou a mão pelos fios do meu cabelo.
— Acho que foi a pressão. — sussurrei.
Bebi o último gole de água e sorri um pouco para as duas.
— Eu preciso ir ao banheiro. — falei.
Minha mãe levantou-se.
— Quer que eu vá com você? — ela perguntou.
Balancei a cabeça em negação e coloquei-me de pé.
— É a primeira porta no corredor. — Diana me informou.
Caminhei devagar até chegar ao cômodo. Fechei a porta atrás de mim e apoiei minhas mãos sobre a pia, encarando meu reflexo no espelho.
Era inacreditável que ele estivesse ali, depois de uma semana. Com certeza ele iria fingir não me conhecer, ou me ignorar. Então eu precisava me convencer disso e esperar pelo pior.
Abri a torneira, lavei meu rosto e respirei fundo, dando leves batidinhas em minha face.
Quando abri a porta para sair, acabei trombando em alguém. Ergui meus olhos e vi as orbes azuis sobre mim.
— Me desculpa! — suas mãos tocaram meus ombros. — Você está bem? — sacudi a cabeça em concordância.
Continuei encarando sem saber o que dizer. Eu queria falar tantas coisas.
— Eu te conheço de algum lugar? — ele perguntou.
Quase ri. Era o que eu esperava.
— Não sei. — sussurrei. — Você já me viu em algum lugar? — sugeri sínica. Ser daquele jeito não combinava com minha índole.
— Não sei. — seus olhos me analisavam. — Você… você me parece familiar…
Engoli em seco e sacudi a cabeça.
— Sou Astrid McCartney. — estiquei minha mão para ele. — Filha de Gerrard e Alba. — ele sorriu, apertando minha mão.
— Logan West. — sussurrei junto a ele. — Você me conhece? — franziu a testa rindo.
— Sua mãe disse sobre você antes de chegar. — meti. — É um prazer conhecê-lo. — sorri.
— É um prazer conhecê-la também, Astrid.
— Tio Logan! — ouvimos a voz de Clara preencher o corredor. — Oi, professora Astrid! — ela aproximou-se sorrindo.
— Você é professora da Clara? — Logan perguntou-me.
— Sim. — respondi. — Como você está, mocinha? — ela segurou a mão do tio.
— Estou bem, professora. — respondeu. — O Papai Noel entregou seu presente? — balancei a cabeça.
— Sim. — olhei para ela. — E ele é muito bonito. — movi os olhos para Logan.
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MAGICAL CHRISTMAS
Short StoryAos vinte e cinco anos, Astrid McCartney não acredita mais em Papai Noel e nem que o Bom Velhinho presenteia quem escreve cartas. Bom, isso até a noite de Natal. Quando um desconhecido aparece em seu apartamento, com sua carta em mãos, Astrid não sa...