ASTRID MCCARTNEY
Da janela do meu quarto, eu observava o movimento na rua naquela noite de Natal. Os carros e as pessoas que trafegavam para lá e cá, indo ao encontro de suas famílias, para comemorar aquela data festiva.
Meu Natal seria novamente solitário, sem casa cheia e comilança em exagero. Meus pais viviam pelo mundo, aproveitando o tempo perdido e naquele momento eles estariam atracados em alguma marina em algum lugar do mundo.
A tv está ligada em algum programa especial de Natal, mas não tenho ânimo algum para pegar o controle e desligá-la.
Afastei-me da janela e caminhei em direção a cama, pronta para pegar a caneca de chocolate quente, que havia deixado sobre a mesinha ao lado.
Alcancei a caneca e sentei-me na cama, prestando atenção no programa natalino que era exibido. Estiquei minhas pernas e levei a canela fumegante aos lábios, sentindo o sabor doce e viciante da bebida.
Uma música natalina soava com suavidade, dominando o cômodo, como uma canção de ninar. Estiquei meu braço para deixar a xícara sobre a mesa de centro e tombei minha cabeça para trás, sentindo minhas pálpebras pesarem.
Não consegui controlar meu sistema, então acabei cochilando na cama. Quando voltei a abrir meus olhos, ouvi um barulho vindo do andar de baixo.
A tv ainda estava ligada, exibindo um filme. O barulho voltou a se repetir. Engoli em seco e sai da cama, andando como se estivesse pisando em ovos.
Abri a porta do quarto e encontrei uma vassoura, que tinha deixado ali porque tive preguiça de levá-la para baixo. Caminhei pelo corredor, rezando para não ser algum ladrão.
O barulho se repetiu mais uma vez, vindo com um resmungo de dor em seguida.
Continuei caminhando até a escada. Vi um vulto movendo-se próximo a lareira e abaixei-me, observando-o de longe.
As luzes enroladas na árvore de natal piscavam rapidamente e o indivíduo virou seu rosto, possibilitando que eu visse suas feições.
Seus olhos azuis brilhavam assim como as pequenas lâmpadas e um sorriso brotou por seus lábios carnudos. Ele era lindo.
Ele tentou levantar-se, mas não conseguiu, voltando a ficar sentado em frente a lareira.
— Droga! — ele exclamou fechando os olhos, visivelmente frustrado.
Optei por não me mover ou dizer nada, mas a vassoura caiu, fazendo um barulho alto. Fechei os olhos e praguejei mentalmente, torcendo para que eu não fosse vítima de um assassinato na noite de Natal.
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MAGICAL CHRISTMAS
Short StoryAos vinte e cinco anos, Astrid McCartney não acredita mais em Papai Noel e nem que o Bom Velhinho presenteia quem escreve cartas. Bom, isso até a noite de Natal. Quando um desconhecido aparece em seu apartamento, com sua carta em mãos, Astrid não sa...