02

55 7 39
                                        

ASTRID MCCARTNEY

Da janela do meu quarto, eu observava o movimento na rua naquela noite de Natal, vendo os carros, trafegando de um lado para o outro, destinados a chegarem em casa para passar a noite de natal juntos, assistindo filmes natalinos e bebendo chocolate quente.

Meu Natal seria novamente solitário sem meus pais, pois eles estavam longe, em algum lugar do planeta, curtindo as férias eternas, que eles tanto sonhavam. 

A tv está ligada em algum programa especial de Natal, mas não tinha ânimo algum para pegar o controle e desligá-la. Naquela altura, eu só queria descansar e curtir minhas férias. Afastei-me da janela e caminhei em direção a cama, pronta para pegar a caneca de chocolate quente, que havia deixado sobre a mesinha ao lado.

Alcancei a caneca e sentei-me na cama, prestando atenção no programa natalino que era exibido. Estiquei minhas pernas e levei a canela fumegante aos lábios, sentindo o sabor doce e viciante da bebida.

Uma música natalina soava com suavidade, dominando o cômodo, como uma canção de ninar. Estiquei meu braço para deixar a xícara sobre a mesa de centro e tombei minha cabeça para trás, sentindo minhas pálpebras pesarem de sono. 

Não consegui controlar meu sistema, então acabei cochilando. Quando voltei a abrir meus olhos, ouvi um barulho vindo do andar de baixo.

A tv ainda estava ligada, exibindo um filme. Desliguei-a ouvindo o barulho se repetir. Engoli em seco e sai da cama, andando como se estivesse pisando em ovos, com medo do que eu poderia encontrar.

Abri a porta do quarto, pegando o taco de beisebol que meu último ex-namorado, havia deixado para trás quando terminamos, pelo menos, agora aquele taco serviria para algo.

O barulho se repetiu mais uma vez, vindo com um resmungo de dor em seguida. Continuei caminhando até a escada, de onde pude ver o indivíduo. Me abaixei tentando ver o rosto do indivíduo, mas luzes enroladas na árvore de natal piscavam rapidamente e quase não dava para vê-lo.

Ele tentou levantar-se, mas não conseguiu, voltando a ficar sentado em frente a lareira, como se estivesse sentindo dor.

— Droga! — exclamou fechando os olhos, visivelmente frustrado.

Optei por não me mover ou dizer nada, mas o taco de beisebol das minhas mãos caiu, fazendo um barulho alto. Fechei os olhos e praguejei mentalmente, torcendo para que eu não fosse vítima de um assassinato em um noite de Natal.

— Quem está aí? — sua voz saiu calma.

Seus olhos procuravam por mim. Ele tentou se levantar mais uma vez, mas sem sucesso. Fechei os olhos e respirei fundo, buscando coragem para me levantar e ir até ele. Ergui o beisebol e em seguida, coloquei-me de pé.

— Oi?! — minha voz soou trêmula.

Suas orbes moveram-se para mim e só então pude ver seu rosto e notar seus olhos azuis brilharem com as luzes da árvore.

— Oi! — respondeu baixo. 

Dei alguns passos à frente, descendo os degraus, mantendo o taco pronto para ser usado.

— Quem é você? E o que você está fazendo aqui? — fiz as duas perguntas, me arrependendo em seguida.

Ele poderia mentir, ou fingir uma boa índole, mas naquele momento eu não conseguia raciocinar direito.

MAGICAL CHRISTMASOnde histórias criam vida. Descubra agora