desespero de alma

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Lágrimas incessantes escorrem mais uma vez por meu rosto, agora abatido e sem fervor.

As mesmas lágrimas que tem sido meu alimento de dia e de noite.
As mesmas que incontáveis vezes encharcaram meu travesseiro e me proporcionaram um encosto gélido para meu interior também frio.

Este último, está perturbado. Ansiando. Clamando. Por algo bem maior que eu.

Cravaram-se batalhas entre minha razão e minha alma.
Mas não importa, eu te espero para vencer a guerra.
Sei que ouves meu clamor estridente, ainda que silencioso.

Mas então... O desespero me bate e a exaustão me toma quase que por inteira. A maré está alta e não há nada além da negrume tempestade. Sinto minhas forças e a esperança de ver o sol nascer mais um dia, mais uma única vez, se esvair lenta e torturantemente.

E então, vem o último impulso. Uma última tentativa, uma última faísca que habitava ali, no cantinho. Escondida e quase que inexistente no fundo do meu ser.

Aquela que quem vê de longe considerada mínima. Mas tu sabes que é magnânima.

Era o Senhor, não era?

Com ela, arrasto-me mais uma vez. E quando estendo a mão para o vazio, buscando a luz em uma insegurança e aflição injusta com tua imensa bondade, seguras minha mão.

Sim, sei que és Tu.

Um pequeno toque. Uma luz. Um motivo.

Não preciso proferir as palavras. Pois escutas o meu coração, que pede: me ajude. Pois sou pequeno e não sei me sustentar em meus próprios pés.

Me acalma em teu peito e ali encontro-me mais uma vez. Debruço-me em teus braços, deleito-me em teu amor.
Que bom que chegastes, meu Senhor.

Obrigada por vir em meu socorro, escutar minha carência e acolher-me ao invés de desistir daquela que era a mais nada de tuas ovelhas.

Sinto-te afastar-me dos trovões que rasgavam os céus da minha alma e dos tremores que retumbavam em meu coração.

Em pensar que tua cruz pesou em parte por minha culpa, fazendo-te cair, e mesmo assim vens em meu auxílio e ajuda-me a levantar.

Não me deixes ir, Senhor. Permita que seja dependente, escrava do teu amor. Embora eu saiba, que mesmo em minha miséria, me acolherá como filha.

Fique ao meu lado quando minhas lutas forem travadas. Sacie minha sede e faça o meu desespero de alma ser erradicado.

"Como a corsa suspira pelas correntes das águas,
assim a minha alma suspira por ti, oh Deus.
Meu auxílio e Deus meu."

xxxxxx

Eu sei o quanto dói uma alma que grita silenciosamente. Eu sei o quanto isso rasga o peito assim como os trovões rasgam o céu. Eu te entendo, e é por isso, que por experiência própria, nada além dEle vai te preencher.

Confia nEle. Se entrega a Ele. Porque embora mereçamos ser escravos, Ele nos trata como filhos.

poemas de ynailujOnde histórias criam vida. Descubra agora