Ah, como eu queria...
Sentar-me à sala de estar com meus futuros netos, para contar-lhes das aventuras de meu tempo de juventude.
Os apresentaria meus fracassos de bom grado, caso isso os fossem impedir de cometer os mesmos erros. Pois desejo que cometam os seus próprios. Afinal, qual sábio aprendeu com os erros alheios se não procedendo de suas próprias escolhas equivocadas?
Seria para mim um insigne privilégio dizer-lhes sobre meus amores fracassados. Se um dia, esse, a quem tanto se referem como sendo o mais terrível e maravilhoso dos sentimentos, batesse à minha porta. Hoje tão fria e aparentemente impenetrável.
Os contaria sobre as mais divergentes culturas que conheci. Sobre as músicas que fizeram meu coração saltitar. As paisagens que deram brilho às minhas íris. Os pratos típicos que me obrigaram a entreabrir os lábios a fim de proferir o quão edificante era sentir sua graça em meu paladar. Sem deixar, é claro, de falar sobre as personalidades que encheram meu espírito de leveza.
Falaria das corridas ao campo, sem rumo, apenas indo. Pelo singular prazer de sentir a brisa dançar por entre meus cabelos revoltos.
Alertaria sobre o esmero trabalho de fazer sempre e somente aquilo que os fizerem felizes. Sem ter de carregar sobre os ombros, o peso da rotina. Esta, tão aparentemente inofensiva, porém mortal sujeita.
Ah, eu faria tantas coisas...
Viveria tantos sonhos...
Das loucuras? Ah, eu com certeza ficaria bêbada em Las Vegas com um grupo de amigos fiéis e depois acabaria no teto solar de um carro a tocar uma música, animada demais para que meu corpo não vibrasse por inteiro.
Eu leria tantos livros... Viveria tantas histórias... Visitaria tantos universos adversos sem ter de sair do lugar...
E se eu pudesse dar a alguém uma lição, sem dúvida alguma diria: entenda o verdadeiro significado da frase "é melhor morrer que perder a vida". E vá lá fora, fazer jus ao ensinamento que esta contém.
Porque se eu também pudesse dizer algo à vida, eu diria: minhas mais sinceras desculpas, por não ter te vivido.
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O narrador tem a intenção de mostrar que ele não terá mais a oportunidade de viver. E aí fica a seu critério imaginar como é o leito. Porém, sim, ele está morrendo. Morrendo, sem ter vivido. Morrendo, com a juventude ainda pela frente.
Se eu puder dar um conselho, gente... Façam tudo o que puderem para um dia olhar para trás e carregar o mínimo de arrependimentos possíveis. Seja fiel a si mesmo e dê valor às coisas que realmente importam. Viva sua dor, viva sua alegria, mas viva. Viva em toda sua plenitude. Porque um dia, nós não estaremos mais aqui para fazer isso.
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poemas de ynailuj
شِعر"Quem disse que palavras não amam? As palavras foram meu refúgio quando ninguém mais quis ser." Neste livro você irá encontrar: poemas, textos e poesias sobre sentimentos e situações cotidianas. Dos mais belos aos mais tristes. Todos são de minha au...