Capítulo 2

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Hermione chegou à mesa do café da manhã como sempre fazia: com um bufo impaciente, sua bolsa batendo no banco ao lado dela, pesada de livros. Harry serviu-lhe um suco de abóbora, verificou distraidamente se havia poções e colocou a marmelada sobre a mesa.

Normalmente, ela pegava a geleia imediatamente, colocando colheradas na torrada enquanto falava sobre a programação do dia.

Mas não hoje. Hoje, Hermione ignorou a marmelada, a torrada e o suco de abóbora. Ela apenas ficou sentada ali, encarando Harry, mordendo o lábio e torcendo as mãos.

Harry olharia para trás e desejaria ter dito algo naquela ocasião. Ele desejaria ter proclamado em voz alta o quão feliz ele estava por Hermione nunca mentir para ele. Ele desejaria ter confessado em lágrimas que o relacionamento de Ron e Hermione o fez finalmente acreditar no amor novamente. Ele desejaria ter feito qualquer coisa para impedir o que saiu da boca dela em seguida.

— Então — Hermione disse depois de um longo momento de torcer as mãos e morder os lábios. — Eu tenho algumas novidades.

— Sim? — Harry perguntou, ainda sem ter noção da magnitude do momento. — Boa ou ruim?

— Erm — Hermione disse. — Sim.

Harry (alheio e estúpido) riu e derramou uma generosa porção de xarope dourado sobre seu mingau.

— É relacionado à escola, relacionado ao Bichento ou 'Harry, acho que precisamos fazer essa entrevista horrível com o Profeta'?

— Nenhum desses. — Ela respirou fundo. — Ron e eu terminamos.

Harry deixou cair o xarope. Ele esperou que ela sorrisse, ou desse uma risadinha, ou dissesse: "Brincadeira! Não acredito que você caiu nessa!"

Ela não fez isso.

— Porra — Harry disse. — Por quê? O que ele fez? Você está bem?

Por algum motivo, isso fez Hermione estremecer.

— Não, não — ela disse. — Ele não fez nada de errado. Ele tem sido perfeitamente amável sobre a coisa toda, na verdade.

No que dizia respeito a Harry, o relacionamento inabalável de Ron e Hermione era uma das únicas coisas boas que saíram da guerra. Ele meio que esperava que um anel de noivado aparecesse discretamente no dedo de Hermione depois de um dos seus encontros de fim de semana em Hogsmeade – ele certamente não esperava isso.

— Então, o que...?

— Eu terminei, na verdade. — O tom de Hermione era estranhamente arejado para o que Harry considerava uma notícia bem séria. Então ela soltou a bomba número dois. — Porque eu tenho sentimentos por outra pessoa.

Nesse ponto, se Harry soubesse o que estava por vir, ele ainda poderia ter salvado a situação. Ele poderia tê-la convencido a desistir. Ele poderia ter mencionado como talvez eles devessem se preocupar com Ron concordando com qualquer coisa desde que Fred morreu, obviamente preocupado com a ideia de perder entes queridos e com medo de deixar as coisas em uma nota amarga. Ele poderia ter proclamado em voz alta que passou os últimos meses tendo sonhos interessantes sobre Ciaran Connolly, o batedor da Irlanda, e que estava começando a suspeitar que seus interesses não estavam somente em mulheres, e Hermione conhecia algum bruxo gay solteiro?

Mas Harry não sabia o que estava por vir, então, em vez de interromper Hermione, ele estava pensando em quem poderia ser um provável candidato para as afeições de Hermione. Ele não conseguia pensar em uma única pessoa – o único interesse romântico que Harry sabia que ela tinha era por Ron, Lockhart e...

— É... Krum?

Hermione teve a coragem de parecer surpresa.

— Viktor? Não! Não, ele já está em um relacionamento, na verdade. Com um casal de outros jogadores de Quadribol, lá na Bulgária.

Two to Lie and One to Listen | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora