Capítulo 21

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Harry passou seu tempo livre escondido na cozinha, mastigando uma bandeja de croissants frescos e tentando entender os eventos das últimas doze horas.

Isso era o que ele sabia:

Ele cruzou a linha com Draco ontem à noite.

Ele precisava contar a Hermione.

Neville os ouviu e pensou que Harry e Hermione tinham algum tipo de acordo regular de sexo a três.

A falta de consideração de Harry levou Draco a ter um colapso.

O foco dele deveria ter sido Hermione. Ele deveria estar pensando no que diria a ela, como se desculparia, se havia algo no mundo que ele pudesse fazer para compensá-la.

Mas não importava o quanto ele tentasse se concentrar em formular sua confissão, seus pensamentos retornavam infalivelmente para Draco.

Era estranho. Harry tinha assumido, de uma forma abstrata, que parte da razão pela qual ele tinha sido atraído por Draco era porque ele era tão indiferente e contido. Isso tinha sido uma boa mudança – Ron, Hermione e Ginny ainda eram afetados pela guerra de maneiras diferentes, e porra, sabe-se lá se passava um dia em que Harry não pegasse sua varinha, magia defensiva crepitando em sua palma e raiva agitando seu intestino, antes que ele se lembrasse de que tinha acabado, que eles estavam seguros.

Então, se ele tivesse pensado nisso, ele teria suspeitado que ficaria desanimado ao saber que Draco não havia emergido dos últimos anos completamente ileso. Ele teria pensado que isso quebraria o encanto do apelo de Draco.

Mas, em vez disso, parecia que o conhecimento de alguma forma tinha alojado Draco mais profundamente no peito de Harry. O que tinha sido um desejo dolorido tinha se transformado em um espinho doloroso que pulsava sempre que Harry se lembrava dele, lembrava que ele era de Hermione, que ele estava fora dos limites, que ele estava chateado e que era culpa de Harry.

Draco tinha chegado ao café da manhã? Ele já tinha contado a Hermione? Harry deveria ter estado lá – Draco provavelmente se culparia. Harry precisava ter certeza de que ela sabia que Harry era quem tinha fodido tudo.

Ele disse a si mesmo para ir e encontrá-los dezenas de vezes. Mas caminhar para a morte tinha sido mais fácil do que caminhar para aquela conversa em particular. Ele ficou nas cozinhas, membros pesados ​​de pavor, e observou os elfos se movimentarem ao redor, seus novos uniformes (adequados, minúsculas camisas brancas e aventais pretos elegantes) combinando muito melhor com eles do que os panos de prato.

Ele não se moveu quando o sinal marcando o fim do primeiro período soou. Ele poderia não ter se movido se Winky não o tivesse conduzido irritadamente para fora do canto em que ele estava escondido.

— Nós, elfos, estamos apreciando a visita, Harry Potter — ela disse. — Mas nós estamos muito ocupados, e você está atrapalhando.

Foi legal vê-la séria, ágil e confiante. Harry se ressentiu disso, no entanto.

Ele estava cinco minutos atrasado para Poções. Slughorn acenou para ele entrar sem fazer comentários, mas Harry ficou na porta.

Hermione olhou por cima do ombro quando ele entrou. Ela olhou de volta para Slughorn imediatamente.

Draco não se moveu.

Havia apenas nove deles na sala de aula, então Harry podia escolher os assentos. Mas seu lugar habitual era ao lado de Draco.

Se ele evitasse, poderia ser suspeito. As pessoas poderiam pensar que algo tinha acontecido. Ou pensariam que ele simplesmente não queria interromper a aula mais ao atravessar a sala de aula. Faria sentido, deslizar para um assento no fundo da sala.

Two to Lie and One to Listen | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora