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Meses se passaram e Noah continua morando comigo. Decidimos que era uma boa ideia, já que minha casa é grande o suficiente para nós quatro e as crianças já estavam acostumadas. Sendo assim, acabou sendo mais fácil para Noah o processo de ser pai solteiro, visto que estou sempre ao seu lado para ajudá-lo.

Tinhamos criado a nossa própria rotina. Eu sempre era o primeiro a levantar e me arrumar, depois acordava os três e descia para fazer nosso café da manhã. Comiamos todos juntos e depois partiamos rumo a escola, onde deixava Oliver e Liz. Eu deixava Noah no trabalho dele e depois ia para o meu.

Como saio mais cedo, sempre busco as crianças e as levo pra casa. As ajudo a fazer o dever, ao mesmo tempo em que faço a janta. Quando Noah retorna, já perto das 8h, comemos e colocamos Oliver e Liz para dormir.

Depois, quando eu e Noah estamos sozinhos, vamos para o sofá e assistimos alguma besteira na TV enquanto bebemos vinho e comemos salgadinhos. Isso quase sempre acaba com Urrea bêbado, porque o mesmo é fraco para bebidas. Eu não julgo, pois sou igual e por isso nunca passo de meio copo. Até porque não quero perder a razão e dizer aquilo que não devia.

— Joshy? - Noah me chama com a voz meia arrastada, eu somente olho para ele - Acho que tô doente.... Minha barriga tá estranha - fala quase chorando e me seguro para não rir.

— Você não tá doente Urrea, só muito bêbado.

— Sério? Acho que vou vomitar - diz sentando rapidamente e tampando a boca com as mãos.

— Pois então vá para o banheiro, porque se vomitar no meu tapete caríssimo eu soco a sua cara!

— Você não me bateria, você me ama! - fala com uma cara de cachorro abandonado - Você é o único que me ama de verdade.

— Eu não sou o unico, outras pessoas também te amam.

— Não acho, você é o único que cuida de mim, me dá carinho e faz cafune quando estou triste - ele expressa deitando a cabeça no vão do meu pescoço.

Nesse momento eu percebo que tenho que corta essa conversa, o rumo que ela está tomando é um tanto estranho.

— Ok, se você diz. Agora vamos dormir, está tarde - digo me levantando e dando a mão para ajudá-lo a fazer o mesmo.

— Não! - responde me puxando para o sofá novamente e me pretendo em seus braços - Quero ficar aqui com você, Joshy!

Tento me soltar mas é em vão, desde quando ele bêbado é tão forte?

— Noah eu não tô brincando!

— Nem eu, quero ficar aqui, já disse - fala e eu respiro fundo em busca de alto controle. Urrea fica quieto por um tempo e eu chego a pensar que ele dormiu, porém o mesmo começa a rir de forma descontrolada me deixando confuso. Será que ele endoidou de vez? - Sabia que eu era apaixonado por você na época da escola? Eu te amava tanto Joshy!

Nesse momento eu paro de respirar em surpresa, minha cérebro parace que entra em pane tentando assimilar isso.

— Mas você não me amava. Então eu fiquei com a Heather, porque ela me lembrava você. Esperei anos por você, torcendo por um sinal que era recíproco, mas nunca veio. Eu fiquei tão triste Joshy! - diz e eu percebo que ele está chorando, pois suas lagrimas molham o meu ombro.

Não posso acreditar no que ele fala, talvez seja só uma paranóia de bêbado, né?

— Você não vai dizer nada? - pergunta e eu finalmente o olho. Engulo o nó que se forma em minha garganta e tento falar, mas nada sai. Não posso fazer isso, talvez tudo seja um sonho e amanhã eu irei acordar de volta na realidade. Como uma pessoa impulsiva que sou, faço a primeira coisa que me vem a mente. Me solto de seus braços e corro para o meu quarto, ouvindo Noah me chamar no processo, porém o ignoro.

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Heather | Nosh BeaurreaOnde histórias criam vida. Descubra agora