Certo dia, uma criança me perguntou o que era o amor.Pensativa, olhei por um tempo para o nada.
Refletindo." O que era o amor?"
A pergunta se repetiu em minha mente. Antes mesmo que eu possa formular alguma resposta, ela indagou.
" Como saber que estou amando?"Sorrir.
Talvez o amor seja sobre isso. Sobre sentir, e não explicar. Por isso quando pergutam o que você ama, é bem mais fácil de dizer do que o porquê de amar.
" Amar é colocar a felicidade do outro acima da sua, é ser paciente. É se entregar sem cobrar nada em troca. É saber superar as dificuldades. É ser amigo, companheiro, confidente. É apoiar o outro... Amar é sentir o coração se aquecer só por saber que irá se encontrar. É aquele frio na barriga, é o toque. Amar é tudo aquilo que uma pessoa poderia querer, mas ser amado de volta, é essencial. "
Não convencida, ela continuou.
" E se eu amar alguém, e essa pessoa não me amar?"
Há um termo para isso, falei.
- Qual?
Questiona ela.
- Amor não correspondido.
Quando percebemos que estamos mais que apaixonados por alguém, de fato, queremos estar com aquela pessoa, a todo momento. Porém, há um pequeno detalhe que muda tudo.
A reciprocidade.
A chance daquela pessoa não sentir o mesmo que nós sentimos. O " não " acompanhado de dor.
Porque sim, amar quem não pode lhe corresponder, dói.
- Então, eu devo ficar calada quando gostar de alguém?
Não, claro que não!
Como você poderá descobrir se é recíproco se não disser?
Talvez, você até vá embora da vida de alguém, tendo motivos para ficar. Mas por não contar, não descobriu.Amar exige coragem, assumir um amor também. Você correrá o risco.
O risco de não ser correspondido.
O risco de se machucar.Porém, também tem os riscos bons.
- Riscos bons?
Sim, o risco de viver o melhor romance que poderia imaginar.
Ser amada de volta.
- E se eu tiver o coração partido?
Você se refaz. Cada caquinho, cada pedacinho caído ao chão. Pega-os e aos pouquinhos cola tudo novamente.
- E como é a dor de um coração partido?
Para uns descrevem como o fim dos tempos. Outros dizem ser nada.
Uns falam que sente literalmente o coração se partindo dentro do peito.
Outros, esquecem disso, encontrando outros amores. Uns, choram, esperneiam, choram mais um pouco, até não restarem mais lágrimas. Outros as escondem.Cada um, tem uma maneira de sentir a dor. Como a sentem não diminui o que o outro vem a sentir. Apenas que apesar de ser um sentimento tão conhecido por todos, assim como há diversas formas de amar, também há de como sofrer. Porém, a dor de um amor não correspondido, é capaz de ligar quem as sentem. Pois, as sensações ainda que diferentes, são as mesmas.
- E para você? Como é?
Um sorriso triste.
-Como assim?
Um sorriso, pois o mundo ainda não acabou. A vida continua. Outros planos, outros sonhos, outras metas. A história com a pessoa chegou ao fim, não a sua história. E triste, porque era um amor, certo?
Mesmo que não correspondido. É um dos mais sinceros que existem, você apenas ama. Por aquela pessoa ser aquela pessoa, não espera nada em troca. Apenas se joga, na esperança de que o outro também se arremece nessa queda com você. Mas aí, você se ver só. Sozinho. Caindo. O outro, ficou lá em cima, não pularia com você e nem por você. Ele ficou lá, onde não te cabia. E você pulou. Foi para onde ele não iria. O amor, não acaba quando percemos que amamos só, quem dera fosse. Não, não. Dói, muito. É como tomar uma injeção de realidade, para uma dor que não passa apenas com uma dose. É preciso várias e várias doses da realidade para acordar. Para conseguir apesar da queda, continuar a andar.
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Confusões De Um Coração
Short StoryConfusões de um coração é uma coletânea de textos, cuja idéia é tentar do meu jeito descrever sentimentos, compartilhando um pouco experiências minhas, de outras pessoas ( com autorização, claro) e histórias fictícias. Por que deve da uma chance pa...