Confusões De Um Coração

Carta pra ele

Eu poderia começar com alguma frase típica de Shakespeare, do tipo
 " As juras mais fortes consomem-se no fogo da paixão como a mais simples palha. "
Você sabe meu autor preferido.

Poderia escrever várias citações aqui, apenas para preencher essas linhas vazias, como as crianças fazem quando querem terminar o dever de casa.

Poderia colocar um remetente e enviar para você.

Porém, forcei-me a esquecer sua rua, o número da sua casa, e até mesmo  seu bairro.

Mas o que posso fazer se o caminho até você estar traçado em meu coração?

Poderia te ligar, deixar um recado de voz falando tudo o que está aqui, mas você não vai escutar...

Talvez meu número nem esteja mais em sua agenda. E bem, o seu também fiz questão de apagar.

Poderia te enviar uma mensagem, mas não quero ter que lidar com sua resposta. Um " Oi?" Ou visualizado e não respondido? Ou você se quer nem leria a mensagem? Sinceramente, não sei o que doeria mais. O seu silêncio ou alguma resposta do qual meu coração não precisa ouvir.

Eu diria o quanto você fica fofo irritado. Sua cara de bravo que faz com que qualquer dor desapareça, me fazia rir. Eu falaria que amava implicar contigo, só pra te ver com a carinha emburrada. E você sabe bem disso. Diria que seus olhos negros, poderia se quissesse ver além da minha alma. Perguntaria como está Luke, aquele cachorrinho de quatro patas que eu tinha tanto medo, e você apenas ria do meu drama. Você ainda o tem? Espero que sim, você o amava.
Sinto falta da sua voz me chamando. Das suas brincadeiras sem sentido, mas que me trazia paz. Sinto saudades suas, e dói saber que você provavelmente não sente a minha. Sinto falta da sua implicância com a taça de vinho. Você não bebia, e agora será que mudou? Eu não sei. Não sei de mais nada sobre você. Vez ou outra nos encontramos, mas somos quase desconhecidos muito conhecido.

Queria poder te esquecer, mas como poderia fazer isso? Se por onde olho, te encontro? Não é real, eu sei. Eu sinto sua falta e você, será que sente a minha? Não há como saber...

Shakespeare tinha razão, a paixão consome como palha..
Consome o medo, a razão..
Dizem que o amor não tem razão. Será por isso que mesmo após tudo, ainda o quero?
Bom, se a paixão de fato tiver o poder de consumir algo, que consuma a saudade ou a carência, angústia. Qualquer sentimento que não seja bom de sentir. Que sobre apenas o que acrescenta.

Aqui jaz o meu Romeu

Não, ele não morreu...

Apenas desistiu de mim.