Draco Malfoy havia se partido. E ela soube disso.
Ela também tinha sido partida.
E quando viu o buraco escuro abaixo dos olhos azuis-acizentados, se perguntou se algum dia poderiam comparar suas cicatrizes.
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06 de Setembro de 1998 Diário,
Esse não é o ponto. E também não acho que seja tão difícil de achar o ponto.
A grande questão é, eu preciso dos meus remédios. Vocês não tem ideia do quão impossível é sobreviver a tudo isso aqui sem minhas drogas. Por que tiraram minhas drogas? Não acham que já tiraram coisas suficientes de mim?
Eu preciso das drogas. Remédios. Poções de cura. Seja lá o que for.
Medêasdrogas.Medêasdrogas.Medêasdrogas.Medêasdrogas.Medêasdrogas.Medêasdrogas. Maldito inferno essa porcaria de pena quebrou na minha mão
Só me dê as malditas drogas.
Draco Malfoy.
Ele estava vivo.
E estava rabiscando agressivamente na folha de um livro. Palavras. Ele rabiscava palavras, pelo que Astoria percebeu ao olhar para Malfoy durante tempo suficiente para ser obsessivo.
Ela pegou a faca coberta de geleia e passou distraidamente na torrada. Ainda com os olhos vidrados nele e no que ele fazia.
Parecia ser muito inusitado para ela.
Malfoy tinha substituído os pratos e copos do café-da-manhã por aquele caderno estranho. O caderno era estranho. A cor —Malfoy como o aristocrata que é— sempre teria uma paleta de cores certas para se usar, em todos os tipos de evento. Amarelo florescente com certeza não seria uma delas. Mas aquele livro irradia cor amarela.
E a agressividade que ele rabiscava e manchava as folhas de tinta escura...
— Eu também percebo isso. - comentou Daphne ao lado, terminando uma tigela de iogurte. - Draco está meio perdidodesde que chegou.
Daphne havia agido como se nada tivesse acontecido na noite passada. Ela convidou Astoria para ir tomar o café-da-manhã com os amigos e a garota aceitou. Também não se dando o trabalho de resolver as coisas.
— Por que ele não tá com vocês? - Astoria perguntou se virando para os em volta - Vocês não eram amigos?
Todos os outros pareciam ocupados demais em sua própria comida quando Daphne respondeu:
— Sim, éramos. - os olhos da irmã mais velha pareciam turbulentos olhando para ela. - Mas precisa saber, Asty, que as pessoas tomam rumos diferentes. Fracassam miseravelmente. E não nos cabe seguir á miséria.
