0.3 - Simply divine

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But you know you got a mean streak


Lily Evans havia sido banida da lista de pessoas favoritas da vida de Marlene até segunda ordem. E era tudo culpa do plano ardiloso da ruiva em obrigar a loira a subir no palco e soltar a voz, além de entregar sua cabeça ao Black, que parecia estar nas nuvens desde que descobrira que iria cantar com Marlene.

A McKinnon negou veemente, embora tenha sido ignorada tanto por Aberforth e Lily quanto Sirius, que supostamente deveria tentar agradá-la se queria beijá-la, não deixar seus nervos à flor da pele.

O restante da quinta-feira foi um absoluto porre, com os três discutindo detalhes como setlist e a necessidade de ao menos um ensaio prévio, apenas para não errarem feio demais. Com isso, Marlene não pôde deixar de desejar que Snape aparecesse por lá procurando confusão apenas para que ela pudesse arranjar um motivo para ir à delegacia novamente. Quem sabe, se desse sorte, ela ficaria presa por vinte e quatro horas e perderia a apresentação de sexta-feira.

Contudo, após a confusão da semana anterior, Snape havia entregado seu aviso prévio e estava se mudando para um lugar que Lily não fizera nem ao menos questão de saber. Dessa forma, a ruiva finalmente teria paz no jornal, muito embora Marlene não considerasse sair de obituários para a coluna policial algo pacífico. Mas Lily aparentemente estava empolgada em ter um pouco de emoção no trabalho que não envolvesse o estresse com Snape e Slughorn.

Socar Snape estava fora de questão, portanto, só lhe restava caçar trabalho pelo bar e evitar as conversas com o trio empolgação. Pela primeira vez a ausência - cada vez mais frequente - do faz-tudo de Aberforth fez-se válida para alguma coisa.

No fim do expediente, xingando todas as gerações das famílias Black, Evans e Dumbledore, Marlene finalmente pensou que respiraria aliviada. Ela só não contava com a presença de Sirius na saída do bar, encostado em sua motocicleta e concentrado em seu fiel caderninho de letras que Marlene estava morrendo de curiosidade para dar uma espiada.

— Vai resolver morar no bar, Black?

— Já te falaram que você fica adorável quando está irritada, M.M?

Marlene revirou os olhos, ajeitando a alça de sua ecobag no ombro. Naquele dia em especial não estava para gracinhas e nem mesmo toda sua vontade em beijá-lo amenizaria seu estresse.

— Se está tentando me convencer, perdeu seu tempo. Você, Lily e Aberforth vão esperar sentados que eu suba naquele palco. Eu não concordei em momento algum com essa porcaria.

— Não sei se você percebeu, Marlene, mas estamos na mesma aqui — comentou Black, desencostando-se da motocicleta e aproximando-se da loira, que se manteve parada no mesmo lugar, erguendo o queixo como forma de demonstrar que não estava nem um pouco intimidada pela pose que Sirius tentava ostentar. — Você e Aberforth dizem não confiar em mim por nunca terem me ouvido cantar ou tocar. Mas eu também nunca te ouvi. Estamos os dois no escuro.

— A diferença, Black, é que esse é um desejo seu, não meu.

Sirius semicerrou os olhos, analisando Marlene por um longo instante. Ela tinha a respiração irregular e as narinas infladas, ciente de que, naquele momento, estava soando como uma garota mimada. Contudo, havia prometido jamais subir no palco de maneira profissional. Não queria ter que ouvir comparações com sua mãe, ou pior, ouvir da boca dela que estava orgulhosa pela filha estar seguindo seus passos.

— Você está escondendo alguma coisa.

Marlene riu pelo nariz. A característica insistente do Black estava começando a deixar de ser atraente e passando a ser inconveniente.

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