Inverno

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Era inverno, a neve pintava de branco toda a cidade, eu estava só na varanda, tomando chocolate quente e ouvindo a nossa banda de verão, que encontrei perdida no save do celular, me negava a chorar. As coisas pareciam mais tristes, talvez você aqui conseguisse trazer alegria até mesmo para os dias frios e cinzentos.

Mas eu estava só.

Era difícil pensar que tanta coisa se passou em tão pouco tempo, minha mãe constantemente me ligava por notícias, eu respondia de maneira superficial, mesmo tomando broncas todas as vezes.

Não conseguia entender o que me levou até esse momento, eu dei meu melhor e sequer tive uma despedida, não dava para compreender seus pensamentos, mas eu não te odiava, não conseguiria.

Naquela manhã a neve estava mais amena, eu pude sair para ver as pessoas e tomar um café no meu bar favorito, me sentei e pedi o mesmo de sempre, talvez eu estivesse com uma feição cansada, a atendente estava mais gentil que o normal. Assim que o café chegou, eu o bebi tranquilamente e pedi um doce específico que eu amava, mas fui informada que aquele só seria servido na estação seguinte. Me despedi e na hora de pagar enfiei a mão no bolso casaco, sentindo algo além do dinheiro.

Depois de quitar o café, saí e puxei o papel diferente, era um post-it rosa, tinha seu cheiro. O enfiei no bolso novamente e fui caminhando até o parque, me atentando aos detalhes da caminhada.

Comprei um pretzel, me sentei no primeiro banco e puxei o bilhete, era sua letra. 

Não tinha como saber, mas algo me dizia que não. 

Enquanto comia, senti algo me observando, procurei a origem daquele olhar e encontrei seus olhos me acompanhando, a mesma intensidade de sempre. Ergui o papel, sorri e me virei, nós sabíamos o que era aquilo, acenei em despedida e voltei para casa.

Nem sempre almas gêmeas ficam juntas, mas talvez você tenha razão, como quase sempre e se o bilhete estava certo.

"Na próxima estação, quem sabe."

Na próxima estação, quem sabe.Onde histórias criam vida. Descubra agora