Todos estavam se divertindo. Natan se comportou, o que me deixou surpresa, ele sempre chegava nos lugares pedindo bebida e era o primeiro a ficar bêbado e fazer coisas estranhas, mas, dessa vez, senti que ele queria ficar sóbrio.
Estávamos em cinco, Anna e Renan eram quase namorados, os típicos amigos que se gostam e ficam enrolando para começar um relacionamento; Natan, eu e Carina, uma das dançarinas do show infantil que tínhamos toda semana.
— Ah, Mili, qual é! — Insistia Renan. — Bora fazer uma dupla!
— Não, Rê, eu não quero cantar, estou bem ouvindo vocês.
— Mas essa música é em dois, e você é a única que não cantou, vamos lá! — Insistia ele. Renan e eu não éramos próximos, tão pouco amigos, sua atitude insistente era fora do convencional, o que me deixou um pouco confusa.
— Peça pra Ca, ou pra Anna, ou até pro Nat! Mas eu não quero cantar, pessoal, obrigada.
— Aiai, Mili. — Suspirou ele.
— Eu canto com você, Rê. — Se ofereceu Carina. Anna estava sentada, parecia um pouco emburrada.
Durante o decorrer da noite, o quase casal saiu da cabine, decidimos deixá-los a sós, provavelmente iam resolver algo que não parecia bem. Carina foi pegar uma bebida e Natan foi até o banheiro um tempo depois, ele estava tentando largar a bebida e decidiu substituí-la por coca cola. Péssima escolha.
Fiquei sozinha um tempo na cabine. Recebi uma mensagem de Nat dizendo que encontrou Renan e que ele e Anna estavam voltando para o alojamento, e que Carina demoraria na fila para pegar bebida, e, ele, demoraria no banheiro.
Eu gostava de cantar quando estava sozinha, mas, na frente dos outros era complicado. Pensei em colocar uma música, mas, fiquei com receio de alguém aparecer ou de me ouvir cantar. Decidi pegar meu celular, já que eu não cantava, fiz vários storys da galera cantando e se divertindo. Eu não sabia por que pra mim era tão difícil estar no meio deles, me soltar, deixar a vergonha de lado, mas, eu estava acostumada a ser a garota por trás das câmeras, captando momentos especiais dos meus amigos.
Olhei para o microfone ao meu lado, para o aparelho, eu deveria tentar? Já estava ali mesmo, e sozinha...
Mas não consegui. O medo de alguém ouvir e começar a rir de mim era maior, mesmo que fosse um karaokê e eu não precisasse cantar bem, eu não conseguia suportar a ideia de que alguém poderia me ouvir.
Saí da cabine, mandei uma mensagem para Natan, avisando que estava voltando para o alojamento, e, que se precisasse de ajuda, pedisse à Carina.
O karaokê ficava no Resort, numa área específica, um pouco longe dos quartos principais. As piscinas estavam vazias, era tarde da noite, a maioria dos hóspedes estava terminando de jantar ou descansando em seus quartos.
Suspirei, pensando em como perdi a noite. Me esforcei a sair, Natan foi colaborativo comigo, todos estavam se divertindo, mas eu insisti em ficar na minha, quieta, sem me misturar. Por que eu faço isso?
Meus pensamentos começaram a dar raízes a uma leve dor de cabeça. Resolvi parar perto de uma das piscinas, perto do parque das crianças que também se encontrava vazio, separado apenas pelos canteiros de flores bem cuidados que havia ali, enfeitando o local. Me sentei no deck e respirei fundo. Olhei para cima, para a lua e as estrelas, arrependida do que eu havia feito. A vida estava passando e eu continuava me afastando das pessoas que tentavam me fazer sentir bem.
— Talvez o problema seja eu. — Falei, baixo. — Talvez eu tenha vindo com defeito, e nascido para ficar sozinha, enquanto os outros buscam pela sua felicidade. — Suspirei, sentindo o peso na consciência, e a vontade de chorar invadindo meus olhos já fracos.
Ouvi um barulho de folhas se mexendo, o que deduzi serem as árvores. Ignorei o som e continuei entrando na bolha de tristeza que me cercava, até que senti uma presença. Olhei para trás, e me deparei com um homem em pé, que fez eu me assustar, porém, quando olhei para cima, não pude acreditar.
— Hey. — Dizia Tae, vestindo uma jaqueta preta, com o capuz em sua cabeça, calça moletom e chinelos slippers, segurando algumas flores.
— O-oi. — Não pude evitar gaguejar, Kim Taehyung estava na minha frente, falando comigo por livre e espontânea vontade.
— O que faz aqui sozinha a essa hora? — Sua voz grave fazia meu coração perder batidas, ainda mais misturado com seu sotaque inglês. Fiquei em silêncio por alguns segundos, não sabia o que responder. Como eu poderia dizer que estava ali tendo um momento melancólico sem parecer deprimente e perdedora?
Percebendo minha inquietação com sua pergunta, ele se agachou, olhando nos meus olhos e abriu um leve sorriso.
— Tudo bem, eu também gosto de ficar sozinho quando não me sinto bem.
— Eu, a-ahm...— Engoli em seco, precisava falar algo. — Não sabia que estava aqui, desculpe incomodar seu passeio noturno. — Falei em coreano, para que ele pudesse descansar os neurônios. Um fato cobre mim: fui contratada no departamento internacional, eu sabia falar inglês, espanhol e coreano, o que me deixou encarregada das atividades mais próximas dos hóspedes, principalmente, os estrangeiros. Me preparei para levantar, e ele fez o mesmo, me acompanhando.
— Está tudo bem. — Aliviado e surpreso por ver que podia falar sua língua materna, ele soltou um suspiro aliviado e ele estendeu a mão, que segurava algumas flores. — Pegue. — Olhei para elas e em seguida para ele, que me olhava com um olhar sereno e um sorriso de canto no rosto. Estava escuro, a iluminação quase não pegava ali, mas, ele era extremamente lindo.
— Está me dando flores? — Que pergunta idiota, Emília! Não, ele está te dando tijolos, sua boba!
— Ouvi dizer que quando ganhamos algo bonito nos sentimos felizes, então espero que estas flores te animem. — Cada palavra foi como um sopro dos céus. Eu não podia acreditar que Tae havia dito aquelas palavras, e que eu ainda estava em pé, na frente dele, sem minhas pernas falharem. Peguei as flores de sua mão e agradeci.
— Eu...Vou indo. Boa noite, Taehyung. — Por mais que eu quisesse que o tempo parasse pudesse passar cada segundo com ele, eu ainda era uma funcionária, e, se alguém me visse conversando com ele, aquilo poderia comprometer meu emprego. E mais! Ele provavelmente já estava ali, eu devo ter atrapalhado seja lá o que ele estava fazendo. Preciso ser mais cuidadosa e parar de ficar chorando pelos cantos!
— Boa noite. — E assim, voltei para o alojamento, sem olhar para trás.

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My Famous Crush
FanfictionEmília trabalha num Resort 5 estrelas e acaba virando uma staff particular do BTS, durante a hospedagem do grupo. Ela e Tae acabam se apaixonando, mas, precisam lutar contra as vontades do coração e a mídia.