2ª tentativa

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Mais flores, mais sapatos, mais bolsas Gucci 's. Todo dia Mc mandava um mimo pra minha casa para atormentar meu juízo. "Ariani, acho que o trombadinha arriou os quatros pneus" Ainda por cima tinha que aguentar o deboche de Elane e do pessoal de casa que ria que se acabava da tentativa de Mc de me conquistar. Virei para ela com cara de poucos amigos e respondi com uma voz bem irritada "Elane, me respeite bicha, eu lá vou dar ousadia para garoto". Se ela ainda ficou me zoando não percebi, ela deve ter notado que eu não estava para conversar. Por azar não isolar me concentrar na peça que estava montando. O que estava acontecendo comigo? O pq desse desassossego toda vez que alguém se referia ao MC. Pq de uma hora para outra o mundo do funk passou a me interessar? Eu já acompanhava uma carreira da Anita, da Ludmila, mais por ser um ritmo bom de dançar. Meu negócio sempre foi sertanejo. De uma hora para outra o mundo dos MCs passou a me interessar. Coloca a cabeça no lugar, dra. Vc é uma mulher que tem nome, carreira, família. Não se impressione só pq o rapaz é um cantor famoso. Mesmo eu repetindo isso como um mantra, um incômodo, um bolo na garganta, uma vontade de chorar me percorria o corpo todo. 

Meu celular tocou. Mesmo sem ver o número, eu já sabia quem era. Sentia todo meu corpo florescer, como uma flor recebendo gotas de chuva depois de um longo verão. "Doutora, tenho um convite irrecusável, minha mãe quer te conhecer". Ouvi uma voz de Mc entrar em mim como cocaina. "Hum, explique melhor, garoto?" "Minha mãe faz aniversário hoje, é coisa simples e como ela é sua fanzona, te segue e tudo no Instagram faz um tempão, acho que conhecer ia ser um presentão" O diabo é moleque mesmo. Quem iria cair num truque tão velho? Pensava eu ​​enquanto vestia a um conjunto da copacabana cor de mostarda com alguns detalhes preto. Ia bem basiquinha curta e cortada, um terninho básico e ligava o gps do meu celular para casa do MC. Era só um aniversário. Eu ia chegar lá, cumprimentar D. Paula e voltar. Afinal, eu não ia recusar o convite de uma fã!

"Doutora vc veio mesmo" perguntou MC me oferecendo uma taça de champanhe. "Mc. o que está acontecendo aqui "" A festinha  de aniversário da minha mãe '' Olhei boquiaberta para Mc. como ele era cínico. Em volta da casa havia sido armada uma baita estrutura de festa, mais de 500 pessoas dançavam ao som de aviões do forró. Famosos e pessoas da periferia se esbarravam na pista de dança. Nem sombra de d. Paula. Estava começando a desconfiar que aquela história da velha  querer me conhecer fora inventada. Mc me olhava e sorria, parecia muito feliz. "Garoto, olha onde vc me meteu, eu não vim arrumada para festa." Exquece deixa disso, você é a mais gata de todas advogadas "

Peguei outro  drink, pelo menos a vodka era boa. Mc foi solicitado num grupo de amigos, antes dele  sair sussurrou no meu ouvido " estou doido para dançar com você, por favor, não suma, Cabelo de Cinderela"  Um arrepio percorreu minha espinha. A hora de fugir era agora. Mas esqueci a minha primeira intenção quando senti suas mãos  descer pela minha  cintura, escorregar pela minha bunda. Que retirei quase no mesmo instante. Ele pediu desculpas com cara de quem não estava nem um pouco arrependido. Mas se contentou em sentir nossos corpos que se roçavam no movimento da música. Toda vez que eu encostava minhas coxas em seu quadril, era como se milhões de fagulhas se acendessem. Eu podia ouvir sua respiração ficar mais rápida, quando eu rebolava de costas encostando meu cabelo em seu pescoço. A dança esquentava à medida que íamos nos soltando.

Gilvan cochichou alguma coisa no ouvido do  MC.  Pela cara de MC percebi que o bagulho era importante. Os dois conversaram mais um pouco, o que deu tempo de  recuperar o meu controle e alguma dignidade que ainda restava.  Tinha sido a bebida só pode.  Quando MC veio falar comigo, seu semblante estava carregado, como se tivesse que tomar uma decisão muito difícil. " Vou precisar ir fazer um show agora. Você vem comigo, por favor, diz que sim. " Minha primeira reação foi dizer não, mas a cara de desespero dele me desarmou. Quando dei por mim, tava   de mãos dadas com Mc  entrando em sua Van . 

A casa de show  ficava na periferia e estava lotada.    Quando chegamos as  pessoas gritavam pelo MC a plenos  pulmões. Muitos jovens da periferia, mas também muita patricinha de cropped e shortinho querendo pagar de funkeira. O camarote de MC estava lotado amigos e cantores. Alguns bebiam wisque, outros fumavam  maconha e outras drogas . Vi que alguns usados ​​algo mais pesado, pois pareciam elétricos que o normal. Mc tinha uma energia incrível no palco. Ele se entregava realmente à música. A multidão ia à loucura e cantava a letra com ele. Uma menina subiu no palco, sua roupa  mais mostrava mais cobria, a bunda dela chamava atenção no vestido justo. Esperei o guarda-costas tirar ela do palco, mas MC dançava agarradinho com ela enquanto cantava. Suas mãos enlaçaram a cintura da moça para mais perto. Ela olhava fixamente para o rosto dele como se estivesse hipnotizada. Peguei minha bolsa e sai pela porta dos fundos. Isso era bom para eu aprender a deixar de ser otária.

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