O som alto da música não me deixava ouvir o que Paola berrava no meio da pista. A piriguete estava muito louca e esfregava suas coxas de Viviane Araújo no playboy tatuado. Paola era uma morena metida um modelo que eu conheci no meu último aniversario. Na época, a moça namorava o cantor sertanejo Léo Soares e todo mundo queria ficar perto dela para ganhar likes nas redes sociais. Toda hora tinha um abençoado tirando foto com ela para postar no Instagram. Embora a irritasse, ela não se fez de rogada. Aquilo gerava engajamento e convites. Talvez por eu não dar um mínimo para quem ela namorava, ou talvez por acertarmos os passos de todas as coreografias da Anita, ou por gostarmos muito de uísque, o certo é que nos tornamos inseparáveis. O namoro com o cantor não deu certo, aquela legião de fãs sumiu assim como as pessoas tirando fotos com ela para postar no instagram. É, minha amiga, amizade de festa é como lamparina, só funciona com muito querosene. Estar perto de Paola não era mais sinônimo de glamour. Só restou eu e suas pernas cobiçadas para lhe garantir alguns convites em eventos. Em alguns até tinha conseguido descolar alguns desfiles, mas o mercado exigia cada vez mais modelos supernovinhas. Mas vamos deixar Dayane pra lá. Essa noite ela teria companhia.
Tomei mais uma Heineken e voltei a rebolar ao som da música. Tinha noção de que já bebera além da conta, mas ainda estava furiosa com meu ex-namorado. Como ele pode me trocar por uma dançarina? Os homens são todos iguais, não podem ver uma novinha balançando a bunda que já ficam abanando o rabo. Por falar em rabo, será que não estava mostrando demais? Tinha colocado meu vestido vermelho mais curto, que subia e descia ao som da quicada. Não estava nem ai, tbm era mulher, porra. No fundo eu sabia que ser trocada por outra dessa forma havia mexido com meu orgulho. Talvez por isso a necessidade de postar fotos ousadas, das bebidas do vestido da Carmem Stefan. Que diabo de funk era esse? "É o funk da quebrada, doutora". Disse um dos amigos do dia. Saquei logo o jeito maroto que o rapaz me olhava, puxei a barra do vestido. O vestido colado tinha um manga bufante e um decote que mostrava boa parte dos meus seios arredondados. 300 ml de cada lado, tbm pudera, depois de ser mãe duas vezes, e aos 32 anos vc precisa de uma ajudinha, pois tudo puxa pra baixo. O refrão subiu, desceu ajudava nas quicadas que eu dava agora de forma mais discreta. A sensação de ser estimada era inebriante, como uma droga pesada. Mas tbm perigosa. Principalmente por todos ali estavam chapados. LSD, cocaína, maconha rolava solto nos banheiros. O rapaz se encostou mais. Foi então que senti o calor daquele corpo suado. O cheiro de suor, cerveja me deixou enojada. "Sai pra lá moleque". Ele fingiu que não me resgatou e colou a coxa na minha. Senti seu sexo latejar sobre meu vestido fino. O que ele tava pensando? Macho nenhum me obriga a fazer o que não quero. Empurrei ele sobre outros dançarinos. As pessoas o olhavam com deboche, seu rosto avermelhou- se da humilhação. "Sua cachorra, você tava me provocando e agora fica ai fazendo cu doce". O maxilar crispado de ódio enquanto recuperava o equilíbrio, demosntrava que a coisa não ia prestar. Aproveitei que ele ainda estava processando o que acontecera e me misturei na multidão. Demorei um pouco no bar, pedi uma tequila, aproveitei para gravar um pequeno vídeo para os meus seguidores do Instagram. Nem me reconheci. No vídeo, uma mulher animada tomando tequila e dizendo "Só para os fortes, bebê". Centenas de likes apareceram na mesma hora. Mandei uma mensagem para meu filho e busquei na porta de saída. Era por isso que não gostava de ir em festa sem um camarote, não tem um lugar para você ficar sossegado, mas Paola tinha quase implorando para eu descolar um convite para ela. A safada já devia estar com o esquema na mira. Como estava em cima da festa, não consegui comprar os ingressos com camarote. Sua cachorra, falou com o maxilar crispado de ódio enquanto recuperava o equilíbrio. Aproveitei que ele ainda estava processando o que acontecera e me misturei na multidão. Demorei um pouco no bar, pedi uma tequila, aproveitei para gravar um pequeno vídeo para os meus seguidores do Instagram. No vídeo, uma mulher animada tomando tequila e dizendo "Só para os fortes, bebê". Centenas de likes apareceram na mesma hora. Mandei uma mensagem para meu filho e busquei na porta de saída. Era por isso que não gostava de ir em festa sem um camarote, não tem um lugar para você ficar sossegado, mas Paola tinha quase implorando para eu descolar um convite para ela. A danada já devia estar com o esquema na mira. Como estava em cima da hora, não consegui comprar os ingressos com camarote.
O ar de contrariedade devia estar estampado na minha cara, pois um dos meus clientes, Cabeça, que estava na porta da saída perguntou "o que foi doutora? Estão te incomodando?" "Nada não, Cabeça, era só um imbecil, mas já me livrei dele". "Uma mulher como a senhora, não deve andar andar sozinha" A despeito de ser talvez o homem mais mal-encarado da festa, Cabeça falava com um tom protetor. Não parava de mascar um chiclete imaginário e no período de uma única frase coçou-se três vezes. Arrumava o saco de um lado, mexia o outro. Dava para ver o desconforto por estar usando um jeans tão apertado. Uma camisa de seda cara dividia em várias camadas de uma barriga mole." Vamos ali, doutora para um lugar mais reservado, no camarote de um amigo a senhora vai ficar longe dessa muvuca". Acompanhei Cabeça e mais três seguranças que pareciam armários de rodoviária até uma sala com vista para o palco. Pela variedade de comida e bebidas sobre a mesa, devia ser de alguém importante. Mas parecia vazio. Melhor, tudo que eu queria era ter alguns minutos de paz. Fumei meu beck, expirando lentamente enquanto contemplava o movimento lá embaixo. A cortina de fumaça me impedia de ver o rosto de quem estava junto do Cabeça, mas ouvi ele cochichar "Quem é essa princesa? Perguntou o conhecido" doutora Ariane, advogada da quebrada inteira "," vei, alem de doutora, gata "Foi então que reparei no rapaz . Alto, tinha um sorriso largo e pelo jeito estava bastante chapado. Virei para ele preparada para fuzila-lo só com o olhar. Eles sustentaram o olhar que parecia arrancar minha roupa pela cabeça. Senti um calafrio. Devia ser frio. Tudo que me faltava era um admirador trombadinha metido nos panos. Antes de sair, soltei a fumaça sobre o rosto do rapaz e disse "não é para seu bico". Me encaminhei para a saída tendo plena consciência do seu olhar acompanhado o balanço dos meus quadris.
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Doutora
Roman d'amourUm jovem cantor de funk se apaixona por Ariani, uma linda advogada criminalista. Ela por sua vez teme se envolver com alguém que além de mais novo é famoso e vive uma vida de luxo, ostentação e drogas. Apaixonado, ele irá compor músicas falando...