Capitulo 5 - Parte dois - O Dom

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Utilizando-me de uma antiga jangada que encontro, entro no rio seguindo o seu fluxo. Eram aguas perenes, porém era possível navega-las.

Passando pela primeira curva, o bote vira revelando-se um crocodilo imenso.

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Em um bote em alta velocidade, a única coisa que vejo é um amontoado de dentes vindo em minha direção, ponho minhas mãos frente ao meu corpo em um ato de salvamento porém em vão, pois gestos de pavor não iriam dete-lo.

Meus gritos ecoam em meio ao pantano, atingindo a maior das árvores fazendo com que suas folhas estremecessem.

O tempo para, ou melhor, é o que penso pois o que parou foi o crocodilo antes de ser puxado de volta ao rio.

Dou a volta no barco e encontro o crododilo no fundo do rio, debatendo-se com uma força que não se via, uma força imaginaria.

- O que está acontecendo aqui?

Chego até a margem do rio, que apesar de ser bem calmo era muito grande e possuia grande extensão.

"Pare garotinha, olhe ao seu redor e me diga o que você vê"

- Para de me chamar de garotinha ! Eu tenho um nome.

" Não fique zangada criança, não ganhará nada ficando zangada com alguém que nem vivo está."

- Não fale besteiras e se explique. Primeiro começou a me persuadir a te ouvir, depois me trouxe até este pantano, fez o que quer que tenha sido aquilo com aquele jacaré e agora me fala pra eu não ficar calma?

"Mas aquilo não fui eu quem fiz, aquilo foi você. Não poderá contar a ninguém até que consiga controlar totalmente o seu dom, lembre-se: um rio pode ajudar dando alimentos, como pode matar por falta de oxigenio, você tem um poder que pode ser do bem ou do mal irá depender de como você o usa."

- Como assim aquilo fui eu? - digo, arquejando - Tentei me defender e ele foi sugado pro fundo do rio, como aquilo pode ser eu?

"Você faz muitas perguntas. Irei-lhe explicar em minha presença, mas já te darei uma pequena demonstração do que, com um pouco de treino, você será capaz de fazer. Olhe para o rio, logo atrás de você"

Viro-me e olho, curiosamente, para o rio. 

" Está olhando?"

- Sim, mas olhando o que, exatamente?

Assim que termino a minha indagação vejo as aguas dançarem, feixes de água sobem e se entrelaçam formando as mais variadas combinacões, formas e desenhos.

"Isso, minha jovem, é o que chamo de maestria dalva, o domínio sobre a água."

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