Utilizando-me de uma antiga jangada que encontro, entro no rio seguindo o seu fluxo. Eram aguas perenes, porém era possível navega-las.
Passando pela primeira curva, o bote vira revelando-se um crocodilo imenso.
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Em um bote em alta velocidade, a única coisa que vejo é um amontoado de dentes vindo em minha direção, ponho minhas mãos frente ao meu corpo em um ato de salvamento porém em vão, pois gestos de pavor não iriam dete-lo.
Meus gritos ecoam em meio ao pantano, atingindo a maior das árvores fazendo com que suas folhas estremecessem.
O tempo para, ou melhor, é o que penso pois o que parou foi o crocodilo antes de ser puxado de volta ao rio.
Dou a volta no barco e encontro o crododilo no fundo do rio, debatendo-se com uma força que não se via, uma força imaginaria.
- O que está acontecendo aqui?
Chego até a margem do rio, que apesar de ser bem calmo era muito grande e possuia grande extensão.
"Pare garotinha, olhe ao seu redor e me diga o que você vê"
- Para de me chamar de garotinha ! Eu tenho um nome.
" Não fique zangada criança, não ganhará nada ficando zangada com alguém que nem vivo está."
- Não fale besteiras e se explique. Primeiro começou a me persuadir a te ouvir, depois me trouxe até este pantano, fez o que quer que tenha sido aquilo com aquele jacaré e agora me fala pra eu não ficar calma?
"Mas aquilo não fui eu quem fiz, aquilo foi você. Não poderá contar a ninguém até que consiga controlar totalmente o seu dom, lembre-se: um rio pode ajudar dando alimentos, como pode matar por falta de oxigenio, você tem um poder que pode ser do bem ou do mal irá depender de como você o usa."
- Como assim aquilo fui eu? - digo, arquejando - Tentei me defender e ele foi sugado pro fundo do rio, como aquilo pode ser eu?
"Você faz muitas perguntas. Irei-lhe explicar em minha presença, mas já te darei uma pequena demonstração do que, com um pouco de treino, você será capaz de fazer. Olhe para o rio, logo atrás de você"
Viro-me e olho, curiosamente, para o rio.
" Está olhando?"
- Sim, mas olhando o que, exatamente?
Assim que termino a minha indagação vejo as aguas dançarem, feixes de água sobem e se entrelaçam formando as mais variadas combinacões, formas e desenhos.
"Isso, minha jovem, é o que chamo de maestria dalva, o domínio sobre a água."