O caminho é:
frio, feio, agreste e a subir.
É quente abrasador, escaldado e seco,
coberto de pó,
coberto de flores, de verde e de pedras,
é longo, é estreito, é largo e desce.
Tem penumbra, tem vento, nevoeiro, uma brisa suave e uma luz incandescente.
Nele tropeça-se, levanta-se, ergue-se e cai-se,
limpa-se, deixa-se, desvia-se e volta-se,
acredita-se, desilude-se, descrê-se e perde-se.
Vai-se com fé, com dor, com ardor e com sorriso encantado,
com Deus, connosco, sozinho ou a dois, a três, a quatro...
É de plumas, é de espinhos, é de luzes coloridas e de strass brilhante.
No caminho, ganha-se, perde-se, larga-se e leva-se,
carrega-se e deixa-se de carregar o que já não interessar levar.
Carregamos muito mais do que precisamos, ao longo do caminho que seguimos.
Carregamos os desgostos, as memórias, os traumas,
pensamentos, pesares, dores, as nossas e as dos outros, desconsolos, mágoas e viveres.
Carregamos pesadamente, quem fomos, o que fomos e os sonhos desfeitos,
as perdas, os deslizes, as falhas e imperfeições.
Levamos pesadamente nas costas e vergados por este peso, as desilusões, as escolhas, as decisões, omissões e ausências.
Mas o caminho deve ser tudo isto, mas não carregar tudo isto.
Escolhe o que queres levar.