É azedo

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É difícil separar o que é bom do que não é. Quando num mar de tristezas sinto uma alegria, ou quando tudo está bem, com exceção de uma coisinha mínima. Estou feliz ou estou triste? Quando acordo apática, sempre termino os dias com euforia, mas quando levanto feliz, não leva até o fim do dia para que eu me alimente com uma lágrima.

Às tragédias cotidianas me fazem chorar, as alegrias também. E essas coisas extremas me causam medo, enquanto as coisas efêmeras me fazem perder a esperança em qualquer um dos lados. O tédio me dói, a saudade me dói, a lembrança me dói, e eu queimo em raiva por coisas que eu posso ou não mudar, mas sobretudo, por coisas que pouco têm a ver comigo. Mas isso não me impede de sofrer ainda mais. Porque todas as coisas que vejo são minhas.

Mas como me dói e me parte. E então eu fantasio brigas que nunca aconteceram e desastres reais apenas no campo da minha mente. É barulhenta, é ríspida e pontiaguda essa coisa que atrapalha as vidas da gente, e que nos tira a paz, e que me apavora. E sobretudo, tem gosto azedo. É muito azedo mesmo. Nunca mais quero me sentir assim.

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