Terra de Lamont
Jão já tinha ouvido falar desses monstros sem escrúpulos que arrancavam o coração das vítimas para alimentar-se e manter os poderes, tinha ouvido muitos murmúrios pelas ruas ao redor do Castelo de Salzgeber. Não havia acreditado em nenhum deles até ver o estado do corpo do sr. Lincoln.
Não era obra de um humano, também não poderia ser obra de um animal. Sobrava somente a combinação de ambos, conhecida pelas lendas populares como MAGO; Os soldados cochichavam pelos corredores do castelo que magos eram criaturas antigas, que habitavam as terras de Lamont antes de que a ilha flutuante fosse criada, utilizavam seus poderes para dominar as pessoas comuns e alimentavam-se delas, do coração.
Exigiam sacrifícios das vilas ao redor do antigo castelo, inclusive vale ressaltar que o antigo castelo foi erguido por magia profana, e antes de que os Salzgeber expulsassem os magos para a cidade flutuante, costumava ser o local onde se concentravam.
Depois de uma grande confusão, chamado de Expurgo dos magos, foi criada a ilha. Nada mais do que um pedaço de terra erguido do chão com magia, pairando sobre as cabeças de todos e lembrando que os magos ainda existem. Ainda estão lá.
Jão, um rapaz novo, não viu o grande Expurgo dos Magos, e até o momento não colocava muita fé nas histórias dos mais velhos, apesar do grande aviso pairando no céu.
Agora é diferente. Pois via acontecer como nas histórias.
Lamont - Praia
Arash nadou até onde teve forças nos braços, depois de certa altura, não soube mais dizer como chegou a praia, somente tentou ficar na superfície da água até que as ondas levassem-no até a praia. Tossiu forte, vertendo água por lugares que não julgava ser possível até o momento.
Esfregou os olhos com força, com pulmões ardendo ao respirar, narinas se alargando e as pernas bambeando. Todo o corpo tentando se ajustar após sair da água.
Tossiu novamente, cambaleando igual a um recém nascido fraco. Merda, até mesmo na sua ruína e longe dos olhos do pai permanecia como um maldito fraco.
Desabou próximo a base de uma árvore, com os cabelos escuros tampando a parte dos olhos. Dormiu de boca aberta, tentando absorver a máxima quantidade de ar depois dos pulmões serem privados do mesmo.
- Quem é você, estrangeiro?
As palavras ditas com aspereza pareciam mais um rosnado do que propriamente palavras.
Arash se esforçou para abrir os olhos, com dificuldade, os cílios grudados uns nos outros, como cola. Coçou e se levantou ao sentir um chute nas costelas.
- Eu perguntei... quem é você? - Perguntou novamente o rapaz irritadinho que havia lhe acertado as costelas, com força suficiente para lhe incomodar.
- Eu sou alguém de passagem, garoto. - Respondeu Arash vagamente, sem muita paciência para dar satisfação para ninguém, sem vontade de conversar e pouco interessado no garoto. Era estranho que não lhe conhecesse, era o maldito príncipe de Uhrik.
- Alguém de passagem?
- Você não escutou direito ou é burro mesmo? - Sem paciência, retrucou Arash. O menino a sua frente parecia não saber falar, uma vez que as falas eram rosnadas e aparentava ter dificuldade de entender.
Jão desembainhou a espada diante dos olhos do estrangeiro, pressionando a ponta com força no peito dele. Graças ao nível da lamina afiada, cortou a camisa molhada já em estado deplorável, causando uma lesão superficial da qual jorrou um filete de sangue.
- Você é burro, acabei de crer.
Arash emanou uma onda quente, brilhando o corpo todo em vermelho, como a raiva que sentia. Seu dia poderia ficar pior? Havia perdido sua casa, perdido seu pai, quase afogado, viu a criatura mais horrenda da via e topou com um idiota. Ah, esse idiota estava fodido.
- Mas que porra...? - Jão retrocedeu em posição defensiva, tentando proteger os olhos. Todo o corpo queimando como se estivesse perto demais do sol.
Instintivamente, golpeou as cegas, aproximando-se da fonte de calor, tentando atingir seu adversário.
O calor parou.
- Bem vindo, Sr. Estrangeiro.
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Cidade Flutuante
FantasyArash é um garoto da cidade de Uhrik. Até que tudo muda e ele é jogado em um reino diferente, Lamont, que em primeira impressão se mostra desconhecido e pavoroso. Em sua saga para retornar a sua cidade natal ele descobre muito sobre si mesmo, sua mã...