Arash é um garoto da cidade de Uhrik. Até que tudo muda e ele é jogado em um reino diferente, Lamont, que em primeira impressão se mostra desconhecido e pavoroso. Em sua saga para retornar a sua cidade natal ele descobre muito sobre si mesmo, sua mã...
- É fácil para você. - Resmungou a aprendiz, chorosa. Mas fez o que se pediu.
Fechou os olhos e tocou o instrumento comprido e cilíndrico. Moveu os dedos nos buracos do instrumento enquanto soprava pela abertura na ponta. O som fluía conforme aumentava a pressão do sopro e dedilhava. A canção tremeluzia, como luzes fracas passando uma cortina.
A moça abriu os olhos e o som imediatamente parou.
- Falei que era só se concentrar. Você fechou os olhos e conseguiu tocar tranquilamente. - Disse a senhora enrugada.
- Se eu vou para a apresentação, realmente tenho que aprender a tocar com os olhos abertos! - Exclamou Kai, irritadíssima com o próprio desempenho.
A menina levantou e caminhou até a beira, desanimada e nervosa ao mesmo tempo. Os cabelos estranhamente azulados eram um destaque extra na menina de cabelos longos. Faziam par perfeito com os olhos igualmente azuis.
A mais velha ajeitava os galhos que queimavam na fogueira improvisada, perto do acampamento, sem observar quando a menina mais nova em um ato impensado, mergulhou.
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Terra de Uhrik
- Que caralhos eu fiz, Alfonse? - Perguntou Mac ao fiel servo.
- A maior merda da sua vida. - Alf estava visivelmente consternado.
- Um dia você vai me entender. - Mac terminou a frase com um suspiro pesado, como se carregasse o peso do mundo nas costas. O próprio pensamento lhe fez tremer em tristeza.
Alfonse entregou uma xícara com chá de ervas ao rei e antes mesmo de ser dispensado saiu dos aposentos do mesmo. Não conseguia ficar no mesmo lugar que Mac.
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Mar de Lamont
A pressão em sua pele era tanta, que parecia querer desgrudar do músculo e sair voando por conta própria. O garoto mantinha firme nas mãos a caixinha que o pai lhe entregara. Incrédulo, não conseguia se mexer, em total choque. A visão era turva, as nuvens pareciam correr na direção contrária dele.
Virou-se como se nadasse no ar, buscando olhar o chão. Sabia que ia rachar a cabeça no solo, sem tempo de reação ou chance de fazer algo que mudasse o seu destino.
E queria fazer algo? Queria reagir? Sabendo o que o próprio pai o havia empurrado? Lembrou novamente da caixa preta em suas mãos... Que sentido havia?
Queda Livre.
Aproximando-se do chão, não viu terra, mas sim um oceano tão azul que quase lhe cegou. Azul escuro como o céu mais lindo que já tinha presenciado. Com a diferença que não possuía estrelas, e sim ondas que tremeluziam sob a luz da lua.
Era a primeira vez que via o mar, pois de Uhrik não era possível. E ia morrer. Pensou com ironia. Então fechou os olhos com força, juntou mais pressão nos dedos que prendiam a caixa perto de si de forma que as juntas ficaram brancas de tanto apertar e esperou o impacto.
Imediatamente a água açoitou-o, como um grande tapa em todo o seu corpo. Depois afundou.
O choque da água fria lhe fez acordar e reagir, batendo os pés e mãos em movimentos desesperados para subir novamente a superfície. As narinas queimavam com água invadindo as entradas de ar e arrombando caminho até os pulmões, que também não foram feitos para a água. Queimava lhe também a garganta e e o peito. Sensação parecida ao esmagamento por chamas. Irônico tendo em vista a temperatura da água.
Bateu os pés mais forte, usando toda a força das pernas para tentar voltar a superfície. Nem sabia mais se remava para o lado correto. Não via luz. Fechou os olhos, apertou os dedos em volta da caixinha pequena e com a outra mão, concentrou sua força em sua magia na mão livre para tentar subir.
Funcionou. O impulso foi forte o suficiente para arremessar o corpo do garoto pra cima, alcançando a superfície e o tão amado ar. Continuou batendo as pernas enquanto cuspia água como um louco. Quando voltou a enxergar viu que o mar em baixo de si brilhava em amarelo fosforescente.
"Acho que chamei a atenção" .
Riu com o pensamento bobo, atenção de quem? Estava no meio do nada.
Um estrondo alto e forte chamou sua atenção. Parou de rir. O mar agitou-se abaixo de si como se algo grande subisse rápido em sua direção. Bateu as pernas e os braços tentando se afastar... Até que viu...
Simplesmente a criatura mais horrenda de toda a sua vida. Tinha tentáculos, muitos tentáculos, compridos e enormes. Não conseguia ver todo o tamanho do monstro, mas era muito grande, quase do tamanho de uma ilha, supôs que era algum tipo de lula gigante. Tinha visto uma no livro de biologia. Só não sabia que eram tão grandes.
Nadou mais forte, se afastando. Precisava sair logo dali.