Livres para partir

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Alec POV 

O barulho do outro lado do castelo estava cada vez mais alto. Não dava para ouvir o que estavam falando mas dava para ouvir mais de duas vozes ao mesmo tempo. Olhei para Jane, que correspondeu prontamente meu olhar, também curiosa.

Fazia dois dias que não nos encontrávamos com o restante da guarda ou com os mestres. Jane queria ficar isolada, disse que não estava se sentindo bem ficando perto deles no momento. Acontecia isso algumas vezes. Não sabia se ela teria brigado com o Demetri pra isso acontecer, mas eu não era o tipo que invadia o espaço da minha irmã, então esperei que ela falasse, e como não tocou no assunto constatei que não queria compartilha-lo.

O bom de séculos de convivência é o conhecimento que se tem do outro como se fosse uma extensão de si mesmo. Sempre achamos que tínhamos uma conexão de gêmeos, talvez fosse verdade, talvez não, mas sempre nos entendíamos muito bem. Conhecia minha irmã com a palma de minha mão. Seus jeitos, manias, gostos e desgostos. Sabia qualquer sentimento dela sem que precisasse esboçar algum tipo de reação. Assim como ela também me conhecia desta forma.

Ouvimos um baque suave na porta de baixo e nos preparamos para qualquer que fosse a urgência.

Era muito raro qualquer pessoa vir nos incomodar no nosso lado do castelo. Era como se ali fosse nosso quarto, mas parecendo um pouco mais com uma biblioteca musical de uma masmorra. Se alguém ia até lá sem ser convidado é porque era urgente.

Em poucos segundos Demetri apareceu na porta, abrindo-a sem bater. Quando entrou em seu campo de visão, Jane o olhou surpresa pela sua atitude mas ao mesmo tempo curiosa.

— O que você... — Ela começou a perguntar mas foi interrompida. Ele parecia assustado.

— Mataram a Chelsea.

Por um considerável e longo tempo houve silencio. Não do lado de fora, mas do lado de dentro. Jane não moveu um músculo, eu muito menos. O único som era a respiração pausada de Demetri. Precisei de um pouco de concentração para pensar. Mataram a Chelsea. Repeti em minha mente a frase só para ter certeza que havia entendido corretamente, apesar de nunca ter me enganado sobre nada. Mataram a Chelsea. Como? Quem? E por que? Era impossível isso. Aro jamais deixaria ninguém tocar no precioso troféu dele.

Ele sempre protegia as preciosidades dele pois sabe que sem elas ele está perdido. Renata precisa sempre estar ao lado dele, para defende-lo de qualquer perigo. Corin sempre faz com que estejamos satisfeitos com as nossas vidas, um sentimento que Chelsea é encarregada de implantar em nós. Ela faz com que fiquemos apegados aos Volturi para não podermos ir embora ao menos que algum deles nos mande embora, e Corin faz nos sentirmos bem em servi-los.

Chelsea morreu.

Jane me olhou. Seus olhos vermelhos estavam arregalados em choque. Eu sabia o que ela estava pensando.

— Alguém está nos caçando? — Perguntei.

— Não sei. — Demetri fechou a porta rapidamente e entrou um pouco mais no cômodo pouco iluminado. — Não teve nenhum aviso, nenhuma ameaça.

— Como acharam ela? — A voz da minha irmã era apenas um sussurro. Ela estava tentando controlar o medo e talvez Demetri não conseguisse prestar atenção nisso, mas eu via nitidamente.

— Não achamos. Mandaram um pedaço dela em uma caixa. Um humano veio entregar.

— Um humano? Como um humano veio até aqui sem ser impedido? — Foi minha vez de estar confuso.

— Aro acha que ele estava hipnotizado. Repetia frases em sequência, sempre as mesmas. Só falaria com Aro e isso estava ligado à vida dele.

— E quem hipnotizou esse humano? — Jane parecia estar voltando ao normal, ligando uma coisa a outra.

TO CALL HOME ► 𝑨𝒍𝒆𝒄 〤 𝑹𝒆𝒏𝒆𝒔𝒎𝒆𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora