00 - Scars

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- Prólogo -

"estrelas perdidas
também brilham"

Eu estava encolhida no canto mais escondido do cômodo da casa. As luzes estavam apagadas e a porta trancada. Eu sentia medo, muito medo.

Respirava descontroladamente, tremia por conta do nervosismo que estava sentindo e estava me esforçando para não chorar. A fim de tentar me proteger, o que naquela situação era o meu porto seguro, me abracei na pessoa ao meu lado. Minha mãe estava ali comigo e também estava abraçada em mim, e sua situação não estava diferente da minha, só talvez um pouco pior.

Ela havia dito para mim não fazer barulho, e eu tinha obedecido. Estava um completo silêncio, a única coisa que se ouvia era a nossa respiração.

– Haeri, escuta –Ela se virou para mim e segurou minha cabeça, passando a olhar nos meus olhos – Se alguma coisa acontecer só faça o que eles pedirem, não importa o que for, entendeu? – Me perguntou, e seu tom de voz era baixo, porém tinha firmeza.

– P-por que... Eu tenho que fazer o que eles mandarem? Eles vão nos achar? Mamãe, eu estou com medo... – Minha voz saiu trêmula e em segundos comecei a chorar.

– Não chora, por favor – Ela disse botando a mão sobre a minha boca – Eu sei que você está com medo, mas nós temos que fazer silêncio.

Acenti com a cabeça e ela destampou minha boca. Voltei a abraça-la e manter silêncio.

– Eu quero que você saiba que eu te amo, ok? – Ela perguntou e eu balancei a cabeça em concordância – Certo.

Alguns minutos se passaram até que a porta do cômodo foi aberta bruscamente, fazendo com que nós duas nos assustacemos. Abracei mais forte minha mãe e a mesma me abraçou do mesmo modo enquanto protegia minha cabeça.

Ouvi passos vindo em nossa direção e por mais que nós estivessemos rezando para que ele não viesse até nós, o som dos passos aumentou, até que um homem parou em nossa frente.

– Achei elas

{...}

Eu estava caminhando em direção à algum lugar. Não sabia para onde estava indo, simplesmente só estavam me levando.

Meus passos eram devagares, quase arrastados, e depois de caminhar por um corredor com pouca iluminação, eu parei em frente a uma porta.

Os homens ao meu lado pararam e eu não sabia se era para abri-la ou não, então direcionei meu olhar à eles e sem dizer nada eles mexeram a cabeça e eu entendi como um sim. Levei minhas
mãos até a maçaneta e um pouco exitante eu a girei.

Assim que abri a porta, dei alguns passos e me deparei com minha mãe sentada em uma cadeira, onde ela estava amarrada e tinha uma fita tapando sua boca.

Meu corpo congelou, mas me esforcei para continuar caminhando, e dando mais alguns passos um homem apareceu.

– Haeri, você chegou! – O homem no qual eu não conhecia disse parecendo estar animado, enquanto vinha em minha direção e parou em minha frente – Sabe, vocês duas tentaram se esconder de mim, não gostei disso.

Eu não proferi nenhuma palavra, apenas matinha minha cabeça baixa enquanto temia o homem à minha frente.

– Por mais desagradável que tenha sido esta situação, eu até relevaria ela, porém não bastaria e nem combinaria comigo.

O homen que falava passivamente e aparentava estar feliz, de repente teve sua expressão completamente mudada, e agora seu semblante se tornou sério.

Ele levou a mão até o bolso do casaco   em que usava. Prendi o ar assustada e meus olhos se arregalaram quando vi a arma que ele havia em mãos e tinha  estendido para mim.

O homem destravou a arma, segurou minha mão, colocou ela entre meus dedos e depois de fazer eu segura-lá de maneira correta com as duas mãos, ele virou meu corpo para minha mãe.

– Atira – Ordenou sério

– O que? –Perguntei assustada

– Isso mesmo que você ouviu. Atira logo garota! – Seu tom de voz era alto

– Mas-

Não terminei a frase quando lembrei de minha mãe falando para mim fazer o que eles mandassem, não importasse o que fosse. Mas eu não iria matar minha mãe, eu não queria e nem podia.

Meus olhos começaram a lacrimejar e minha garganta a travar. Minhas mãos que seguravam a arma apontada para minha mãe tremiam. Seu olhar assustado junto de lágrimas sobre mim me causava angústia e tristeza, eu estava com medo. Não entendia o que estava fazendo ali, e nem o motivo de tudo aquilo.

A verdade é que eram muitas coisas para uma menina de apenas dez anos entender.

Eu não sabia o que fazer, estava ficando mais nervosa e cada vez mais minha mão tremia, e daquela forma eu iria acabar puxando o gatilho acidentalmente.

– Tirem ela daqui!

O homem ordenou vendo minha situação, e logo em seguida dois homens adentraram a sala.

Larguei a arma no chão e dei as costas à eles. Tentei mover meus pés rapidamente, mas meu passos saíram devagares.

De repente eu parei e gritei quando ouvi dois disparos. Meu corpo paralisou e eu tremi no lugar. Pensei em olhar para trás, mas aquilo eu já tinha infelizmente entendido, então simplesmente continuei andando, e quando a porta foi fechada fui levada para outro lugar.

{...}

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, meu choro era alto e eu não parava de chamar por minha mãe, mas de que adiantava? Ela não iria ouvir.

– Ela morreu? – Perguntei ao homem parado em minha frente. O mesmo que tinha efetuado os dois disparos que tiraram a vida de minha mãe.

– O que você acha? – Ele perguntou sarcástico.

Não o respondi, já tinha entendido.

– Por que você fez isso? – Perguntei.

– Sem perguntas! Se você não quiser acabar como ela, eu acho melhor você esquecer esse dia. E se por acaso a polícia pedir o seu depoimento, isso nunca aconteceu.

Ele simplesmente deu as costas para mim e foi em direção à porta, mas um pouco antes de chegar até essa, ele parou.

– E 'pro merda do seu pai, fala que isso foi o juros.

𝖨 𝖧𝖺𝗍𝖾 𝖫𝗈𝗏𝗂𝗇𝗀 𝖸𝗈𝗎 | 𝖫𝖾𝖾 𝖬𝗂𝗇𝗁𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora