6. The Fief

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Bom dia bom diaaaaa

Dia de chorar vendo This Is Us!🥹❤️

Boa leitura❤️

🏰

O castelo de Louis não era a moradia mais quente e acolhedora do mundo, as paredes frias e escuras eram um tanto tenebrosas no escuro e o vento gélido do outono cruzava os corredores aos uivos, apagando as tochas acesas e deixando a iluminação à mercê das janelas estreitas que apareciam vez ou outra, espaçadas por longos metros, de modo que entre elas o breu reinava. Um calafrio cruzou a espinha de Harry ao passar por ali enrolado em um xale, ainda era manhã e ele caminhava rumo ao salão principal em busca do café da manhã; Louis já havia descido e o ômega se demorou mais no quarto porque o ambiente estava quentinho e ele não tinha forças após o sexo gostoso que fizeram logo nas primeiras horas do dia.

Havia se passado uma semana desde que se entregou ao marido pela primeira vez e aquele momento foi libertador, perder a virgindade significou muitíssimo para o ômega, não apenas por questões físicas, já que aquilo também estava atrelado a razões religiosas, e se entregar a Louis foi uma ruptura com suas crenças de virtude e pecado. Que viver com Louis seria diferente, ele já sabia, afinal era um feudo distinto de Durham, mas esperava que certas coisas permanecessem as mesmas e, honestamente, Harry sempre achou que suas convicções fossem inabaláveis, o que se provou o contrário durante aquelas semanas. Sua criação rígida e fechada o moldou para que visse o sexo exclusivamente como um ato reprodutivo, em que o prazer deveria ser algo ignorado porque, segundo sua educação, prazeres diversos eram coisa de Satanás e ele, obviamente, não queria queimar no inferno.

Contudo, sair do ambiente de Durham e abrir suas perspectivas em Northumberland foi essencial para ver o mundo de outra maneira, apesar do feudo de Louis ser igualmente restrito em questões de trocas com outros lugares - afinal a economia feudal era autossuficiente e o comércio só era feito quando sobrava alguma coisa -, os costumes ali eram diferentes, o senhor era diferente. A única capela da vila era regida por um padre de caráter duvidoso e as tavernas e bordéis ganhavam em disparada, já que a produção de cerveja era o ponto forte do lugar, então não sobrava muito espaço para o povo dali pensar em pecados cabeludos quando poderiam aproveitar a vida mundana.

Quando chegou ali, o choque foi grande e ele custou a ver com naturalidade o jeito das pessoas que habitavam aquela terra, era muito diferente do que estava acostumado e, principalmente, foi difícil se adaptar à convivência com Louis que, querendo ou não, poderia ser facilmente considerado herege, em contraposição à devoção do ômega à Igreja e aos ensinamentos católicos.

Certos comportamentos do marido ainda o deixavam desconfortável, como quando Sebastian aparecia e Louis não era nada gentil com o irmão, ou quando ele tinha que punir alguém por algum crime cometido ali. Porém, de modo geral, não o via mais como um pecador, Harry via de perto a dualidade Louis-Sebastian, como um irmão que não queria de jeito nenhum um elo com a Igreja tinha características esperadas do que era ser cristão e como o outro, padre, desviava dos ensinamentos de quem dizia ser seu mestre. E, sinceramente, ver aquela oposição entre os dois irmãos fazia Harry se questionar sobre a instituição religiosa e os princípios difundidos na sociedade e, em seus pensamentos mais complexos, ponderava se havia uma sobreposição dos interesses da igreja quanto ao que foi ensinado por Cristo.

Passava bastante tempo analisando aquela questão e às vezes se sentia péssimo, porque dentro dele passou a haver dois pólos: o do garoto criado rigidamente dentro dos valores católicos e o do homem que havia se tornado, constantemente flertando com o que era julgado pecado. De qualquer forma, Harry estava em um processo de enriquecimento pessoal e, mesmo com dúvidas, espiritual. Sabia que chegaria em um lugar interessante com suas indagações e sabia que poderia comentar aquilo com Louis se quisesse, seu marido não o julgaria e era aquilo que Harry mais gostava nele. Poderia falar sobre o que quisesse sem medo, mesmo que o alfa fosse torcer o nariz, jamais o repreenderia por acreditar nisso ou naquilo.

The Dark Castle • Larry Stylinson Onde histórias criam vida. Descubra agora