Capítulo 13

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Keisuke já tinha estado na casa de Takemichi inúmeras vezes, mas ele não cansava de se surpreender com o quão rica ela era, dizem que crianças ricas são excêntricas e Takemichy, provavelmente, era a prova disso com seu gosto estranho para ser machucado

Os dois estavam no quarto do loiro tingido, o mesmo mexia com algo no armário enquanto Keisuke esperava pacientemente na cama, logo Takemichi se virou com um sorriso, uma caixa enorme em mãos com várias figurinhas descolando enquanto ele ia se sentar

- Aqui, meu kit pra dias tristes - O Hanagaki abriu a caixa revelando diversas guloseimas e uma pequena caixa de primeiros socorros - Vamos cuidar das suas mãos e então nos empanturrar de coisas não saudáveis

- E como isso vai me ajudar?

- Eu não sei, como você quer que ajude? - Takemichi deu de ombros pegando uma barra de chocolates a abrindo, Keisuke suspirou

- Talvez a solução pra toda essa bagunça?

- Eu imagino... entre seu amigo de infância e o amor da sua vida... a quem seguir? De que lado dessa briga ficar? Não posso falar por Pah-Chin, mas Kenny e Mitsuya-san estão na mesma sabe? Eles se importam com Kazutora, mas também se importam com Mikey e o que aconteceu foi grave...

Keisuke o encarou por breves momentos antes de comer o bombom em suas mãos

- Ele estava bem, no reformatório tem acompanhamento psicológico e ele estava indo bem, mas, desde que saiu e voltou para aquela casa, as coisas estão difíceis e ainda tem Kisaki!

- Kisaki?

- O novo capitão, o cara que você socou ontem

- Oh, esse é o nome dele? - Takemichi riu sem graça, ele não tinha prestado atenção, a raiva por ele desrespeitar Mikey foi maior - O que há de errado com ele?

Keisuke revirou os olhos, mas não respondeu, Takemichi deu de ombros enquanto se jogava na cama

- Chifuyu realmente te adora né? Pra ter ido até Valhalla com você depois da cena de ontem...

- Takemichy, por que quer tanto me ajudar? - Keisuke franziu o cenho e Takemichi suspirou encarando o maior

- Porque ninguém deveria ser obrigado a lidar com tudo sozinho, Baji-kun, ainda mais doloroso que a solidão é carregar o mundo sozinho, você não é Atlas

- Quem?

Takemichi riu e se levantou mexendo em seus livros até tirar um enorme abrindo-o na frente de Baji, várias figuras estavam ali, o loiro apontou para um cara que estava ajoelhado parecendo carregar o céu

- Esse é o titã Atlas da mitologia grega, depois de perder a guerra contra os deuses ele foi obrigado a carregar o céu, o céu e a terra eram apaixonados e estão sempre tentando se encontrar, mas, caso isso aconteça, o caos vai prevalecer, então Atlas está condenado a carregar eternamente o céu sob seus braços, é o que você está fazendo, tentando levar ToMan nas costas sozinho

- É necessário, para salvar a todos

- ToMan tem seis pilares, não um

Takemichi saiu do quarto deixando Keisuke com seus pensamentos

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- Takemichy - Keisuke murmurou, o loiro tinha o convencido a passar a noite ali, Keisuke ficou receoso, sua mãe geralmente não o deixava dormir fora, mas o Hanagaki passou apenas cinco minutos em ligação com ela e não só ela permitiu como o convidou para ir lá quando quisesse, sério, qual era a magia de Takemichy?

- Hm? - Takemichi parou de mexer no VHS para encarar Keisuke, os dois estavam na sala, passava da meia noite e ambos estavam vendo filmes aleatórios, Takemichi tinha uma grande coleção 

- Onde estão seus pais?

- Mortos

- O-o que?! E você vive sozinho?!

- Oh, estamos falando dos meus pais adotivos?! - Takemichi arregalou os olhos azuis antes de rir sem graça - B-bem, eles trabalham muito então é difícil estarem em casa...

- Nem pra dormir?

- O-o que acha de vermos rei leão? - O loiro de olhos azuis pegou a fita cassete sorrindo ansioso, Keisuke franziu o cenho

- Onde estão seus pais, Takemichy?

- Eu amo Rei Leão, foi um dos melhores filmes que a Disney já fez... claro, não supera os contos clássicos, mas ainda sim é muito bom, a cultura ocidental pode ser fascinante sabe?

Keisuke tocou o ombro do menor preocupado

- Takemichy, pode confiar em mim, você sabe não sabe?

- Engraçado ouvir isso de alguém que não quer compartilhar seus segredos... - O Hanagaki forçou a risada as lágrimas caindo o tornando uma bagunça e Keisuke o puxou pra um abraço apertado

- Eles estão te machucando, Takemichy?

- N-não fisicamente - O menino fungou escondendo o rosto no peito do maior - E-eu não devia falar sobre isso, a-a mamãe vai ficar brava se ela souber...

- Eu não vou contar a ninguém, prometo

Takemichi mordeu o lábio pensativo sobre isso antes de soltar um longo suspiro, ele já estava sozinho a tanto tempo, além disso, Baji-kun disse que não contaria a ninguém, podia confiar, certo?

- E-eu sou órfão... meus pais adotivos tiveram essa ideia de ter um bebê achando que ia resolver o casamento deles, mas a senhora Hanagaki não conseguia engravidar então eles me adotaram... eu não fui o bastante para resolver os problemas deles e eles quiseram me devolver pro orfanato, mas os vizinhos já me conheciam e eles ficaram horrorizados de ficarem falados então resolveram me manter

- Takemichy... - Keisuke franziu o cenho preocupado, tão parecido com a história de Kazutora, mas Kazutora era filho legítimo dos Hanemiya

- Eles então me criaram até eu ter idade suficiente pra alcançar o fogão, aí me deixaram sozinho, aceitando promoções que os fazem passar o ano todo fora, quando estão em casa tão sempre discutindo e eu realmente prefiro quando eles não estão, mas é solitário... então eu uso todo o dinheiro que recebo de mesada o tempo todo e arranjo brigas - Takemichi riu baixinho - A dor de alguns ossos quebrados e menor sabe? E... acho que acabei gostando da dor, eu a conheço, ela está sempre ali, diferente dos outros que sempre me deixam

- Os Haitani também estão sempre ali - Keisuke brincou sem saber muito o que dizer, mas não era mentira, os Haitani pareciam estar sempre ao redor, Takemichi riu com isso enquanto fungava e assentiu

- T-tem razão, eles tão sempre ali também...

- Vem, acho que tá na hora de irmos dormir

Os dois resolveram subir para o quarto, Takemichi preparou um futon para Keisuke e eles se deitaram

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