27 - Mentiras

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Os degraus até a porta da frente eram poucos, mas pareceu uma eternidade enquanto eu subia um por um.

Carlisle abriu a porta para mim e Esme estava ao seu lado, os braços abertos para me receber. Aceitei o abraço, por mais que sentisse nojo com aquele toque, meu sangue fervia nas veias com a percepção de que eles eram sim meus inimigos naturais. Aquela interação era errada, mas necessária.

Eu tremia levemente, mas não era pela tristeza e nervosismo, estava ansiosa demais com o que precisava fazer.

Edward não pode ler sua mente e Alice não pode ver suas escolhas — Victoria disse quando apertei sua mão. — Você será meu cavalo de Tróia.

— Sinto muito pelo que aconteceu, Bella — a voz de Esme me arrastou para longe da lembrança. — Prometo que traremos Jacob de volta.

Assenti em silêncio e segui o casal para a sala principal, onde todos estavam sentados em pares com exceção de Edward e uma garota diferente. Essa é nova, seus olhos possuem um tom laranja, quase dourado como dos outros, mas ainda era claro que ela é uma recém-criada. Parei na porta e encarei Carlisle e Esme.

— Bella, esta é Amara — a vampira disse, apontando para a nova garota. — Nós a encontramos em Seattle, Victoria não sabe que a transformou também.

— Um acidente?

— Aparentemente eles foram se alimentar de mim e no fim das contas não mataram completamente — a voz de Amara era melódica, quase um cantar de sereia. — Seria melhor se tivessem conseguido...

— Já conversamos sobre isso, Amara — Carlisle disse, então se virou para mim. — Pode nos dizer o que aconteceu?

Controlei minha respiração e as batidas do meu coração quando me sentei, finalmente deixando a preocupação me inundar até que lágrimas caíssem pelo meu rosto. Precisava fazer o melhor show existente.

— Eu estava dormindo na sala quando ouvi algo quebrando — comecei com a verdade e deixei o desespero do choro encobrir as batidas do meu coração mentiroso. — Victoria estava lá com alguns recém-criados, eles lutaram contra Jacob, ele tentou me proteger e pediu que eu corresse, mas vocês me conhecem... Eu caí, bati a cabeça com força e, quando acordei, já não havia ninguém.

Visões surgiram na minha mente, lembranças dos empurrões e coisas quebrando, toda a decoração luxuosa de Esme virando pedaços para transformar tudo em algo mais realista. Uma fina linha de sangue estava seca em minha testa depois que o corte proposital se curou sozinho e minhas roupas estavam sujas, levemente rasgadas.

— Por que levaram ele e não você? — Edward perguntou, os olhos fixos em mim.

— Vocês mataram James, mas eu sou o motivo de ele estar morto — respondi, encarando seus olhos dourados com a mesma intensidade. — O parceiro dela morreu, o justo é que o meu morra também.

— Mas eu...

— O mundo não gira em torno da sua cabeça, Edward! Victoria quer que eu sofra o que ela sofreu, qual é a coisa mais lógica a fazer?

Todos ficaram calados e refletiram nas minhas mentiras.

Sua única chance de passar por Jasper é se entregar completamente ao desespero, então vou te dar um empurrãozinho — a voz de Victoria soou outra vez em minha mente. — Você tem até o fim de semana para convencer eles, Isabella, ou poderá dizer adeus ao seu parceiro.

Estremeci quando Esme tocou meu ombro. Jasper me encarava com curiosidade, mas me afundei ainda mais no medo e na insegurança, no sentimento de impotência. Trouxa para fora todos os sentimentos ruins que minha mente e meu coração guardavam há meses e sufoquei o poder de Jasper com isso, pois logo senti ele parando de tentar e desviando os olhos.

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