29 - Verdades ocultas

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Alice e os outros não pareciam muito felizes quando me viram ao lado de Edward.

O dia foi terrível, ter que aguentar aquela farsa estava me destroçando por dentro, mas mantive minhas emoções sob controle para que Jasper não notasse nada. Eu só precisava passar pelos dois primeiros dias e enfim poderia jogar a bomba no meio dos Cullen, poderia ter paz e encontrar meu parceiro de uma vez por todas.

Victoria o mantinha muito bem escondido, mas às vezes me ligava para apenas ouvir a respiração dele, firme e forte, apesar de ele estar claramente desmaiado. Jacob precisava de mim, precisava que eu acabasse com tudo isso logo. Parte de mim sabia que ele ficaria tão machucado quanto eu estava quando soubesse o que tive que fazer para tê-lo de volta, mas até onde ele iria em uma situação reversa? O que me garante que ele não terminaria o trabalho para Victoria com as próprias garras? Eu precisava fazer tudo ao meu alcance para conseguir a liberdade que queríamos.

Edward estava extremamente feliz nas horas que passamos mais próximos na escola e até se ofereceu para me levar para casa, mas eu sabia que o cheiro de Victoria ainda estava por lá e joguei uma desculpa qualquer, dizendo que não seria bom para Charlie saber sobre nós por agora. O vampiro estava tão extasiado pelo que estava acontecendo que não percebeu minhas mentiras.

Precisei de muitos banhos e sumir com a roupa que usava para tirar o odor dos vampiros de mim e finalmente ter paz. Aquilo era tão errado que doía fisicamente, mas precisei aguentar uma noite inteira de mentiras e o dia seguinte também, quando acordei e vi o carro prateado na frente da minha casa. Isso não é bom, não é nada bom. Me arrumei pra aula rapidamente e aceitei a carona de Edward, sem muita opção para tal. A picape ainda estava na oficina e Charlie já havia saído para o trabalho. Quando entrei no carro, foi como se tudo voltasse, eu me senti outra vez uma humana burra e fraca, que precisa da proteção de Edward Cullen para sobreviver. Foi necessário muito esforço interno para sumir com esse pensamento.

Edward conversou bastante durante o caminho, falando sozinho na maior parte do tempo sem nem reparar, apenas ansioso pela minha aceitação outra vez.

Os olhares de todos caíram sobre nós quando desci do carro, o rosto escondido atrás do meu capuz para manter o pouco de dignidade que me restava, porém o vampiro afastou o tecido para me deixar com um beijo frio na testa antes de seguir para a própria aula. Eu me sentia enojada enquanto caminhava para a minha primeira turma do dia, onde Angela me encarava com várias questões no olhar. Evitei o assunto por vários minutos, até que ela me abordou no banheiro durante o intervalo.

— Achei que você odiasse ele — sussurrou para evitar a atenção de outras pessoas. — O que deu em você?

Eu queria poder contar a verdade a ela, mas Edward ouviria seus pensamentos e tudo seria arruinado, então tive que me conter.

— Talvez todo aquele ódio fosse apenas saudade — respondi, dando de ombros.

— Tem certeza do que está fazendo? — Ela franziu a testa. — Você parecia tão bem com aquele rapaz da reserva.

— Nós estávamos, mas algumas coisas mudaram — engoli o bolo em minha garganta para que a voz não falhasse. — Esquece disso, Angela. É melhor deixar de lado.

Minha amiga suspirou pesadamente, ela com certeza imaginava que havia algo errado, ela viu meu pior momento por causa de Edward e como eu reagi em todas as nossas interações naquela escola, aquela mentira não duraria muito com ela desconfiada assim.

O restante do dia foi desconfortável em todas as aulas que tinha em comum com os vampiros, precisei prender a respiração várias vezes para não chorar com a ardência em minhas narinas, mas não podia passar o dia inteiro sem oxigênio, então lutei para aguentar o necessário. Eu só precisava chegar na porta da minha casa, só precisava de mais algumas horas até estar livre de vez daquelas mentiras, só mais um pouquinho até a segunda fase do plano de Victoria. Eu ainda não fazia ideia do que viria a seguir, mas tinha alguns pensamentos e deduções a partir do que estava fazendo.

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