30 - Fase dois

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Os Cullen não apareceram na escola pelo resto da semana e minha cabeça já doía sem parar pela preocupação, pois Jacob estava sumido há muito tempo.

Quando acordei na sexta-feira, não só minha cabeça ardia, mas também o nariz. Me sentei em um pulo e vi Edward parado no canto do quarto, perto da janela por onde havia entrado. Pensei que teria paz depois daquela tarde, mas aqui estava ele, outra vez buscando mais dor do que podia suportar.

— Por que me deu esperanças? — Perguntou, os olhos fixos em algum ponto da parede para não encarar meu rosto. — Por que você precisou me deixar extremamente feliz apenas para me destruir depois?

— Edward, eu...

— O que aconteceu com você enquanto eu estive longe?

Suspirei e balancei a cabeça, não sabia como responder aquelas perguntas e tinha que tentar mesmo assim, havia muito em jogo naquele momento.

— Eu amadureci — falei, empurrando uma coberta para longe. — Não sou uma criança, Edward, muito menos um pedaço de cristal que precisa da sua proteção. Não dependo de você como antes, isso aconteceu comigo.

Os lábios dele se tornaram uma fina linha e seus olhos dourados encontraram os meus, eu conseguia ver que ele estava a ponto de ter um ataque de nervos, ou o equivalente a isso para um vampiro. Aquela não era a resposta que Edward queria ouvir, mas definitivamente era a que ele precisava naquele momento.

— Bella, sinto muito por ter pressionado você — ele finalmente disse algo. — Sinto muito que sua vida tenha se tornando tudo isso por minha causa, eu te amo tanto que isso ofusca minha razão. Preciso te deixar ir e ser feliz com suas escolhas, sei que você não precisa de mim para isso, mas eu preciso de você.

— Não, Edward. Você não precisa de mim — joguei as cobertas de lado e me levantei. — No fundo, bem longe dessa sua obsessão por me proteger, você sabe que não precisa de mim. Eu não sou a sua pessoa.

— Eu não aceito nenhuma outra além de você, Bella.

— Vocês terão uma eternidade pra descobrir a veracidade disso.

Seus olhos me encararam ansiosamente, ele estava indeciso sobre o que fazer, como agir diante da nossa situação. Eu também não sabia o que fazer, o que sentir naquele momento. Outra vez vivi aquela viagem no tempo, quando ele invadia meu quarto para dormir comigo durante a noite, ou quando conversamos até amanhecer sobre coisas banais. Sentia falta daquela versão mais leve minha, sem tantos medos e preocupações. Talvez por isso não me assustei quando Edward parou na minha frente em um piscar de olhos, quando suas mãos tocaram minha cintura enquanto ele se inclinava na cama, me levando junto para ela. Talvez esse seja o motivo de eu ter permitido ele me beijar e, dessa vez, não ter fugido ou repudiado.

Eu estava mais vulnerável que nunca, desesperada demais para pensar com clareza, cansada demais de tudo aquilo que me rodeava. E talvez, só talvez, eu quisesse relembrar por um momento o que era ser aquela velha garota, inocente e dependente, de um ano atrás. Eu sabia que era burrice, sabia que não devia ser fraca assim, mas deixei que Edward me beijasse e me explorasse, as mãos tímidas perdendo o medo sobre mim, sentindo meu calor incomum. Ele não se afastou assustado, não voou para longe de mim como naquela primeira vez. Suas mãos me agarraram firme e seus lábios desceram para o meu pescoço, me fazendo gemer em surpresa.

E esse era o tapa que eu precisava para voltar. O que eu estava fazendo? Céus!

O vampiro se afastou rápido ao perceber a mais leve hesitação em mim, correndo para a janela na primeira oportunidade que teve. A brisa fria que entrou quando ele a abriu me indicou a tempestade que viria pela frente, eu só não sabia qual chegaria primeiro, mas tinha certeza que ambas seriam devastadoras.

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