Beijo na Chuva

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Eles chegaram à cidade pequena depois de três dias de viagem, onde Giyuu tinha a missão de encontrar e exterminar um demônio que raptava mulheres betas.

A cidade era bonita e o ômega olhou curioso ao redor, especialmente para a loja de udon. Puxou o alfa pela mão até lá e o olhou.

— Você quer um? — perguntou Giyuu o olhando e Tanjirou assentiu, ainda não conseguia falar mesmo depois de terem se passado três dias. — Um udon, por favor. — o alfa pediu e pagou.

Tanjirou se sentou em um dos bancos de madeira da rua e aguardou o prato ficar pronto. Tomioka olhou ao redor, não sentia cheiro de nada diferente, então, olhou Tanjirou.

— Fique aqui e não saia. — disse firme, mas com suas feromonas calmas, que deixavam Tanjirou calmo.

Ele concordou. Iria obedecer, estava grato pela ajuda do alfa. Ninguém mexeu com ele enquanto esteve na companhia do caçador. E nem ele tocou no ômega, era alguém mais do que confiável.
Tomioka se afastou apenas para fazer algumas perguntas, ainda era dia e os demônios não agem nesse horário, teria que esperar até a noite para poder encontra-lo e matá-lo. Por outro lado, o ômega aproveitou a pausa para comer o seu udon e descansar, a viagem foi exaustiva e não se sentia muito bem.

Observou Giyuu fazer algumas perguntas, então, retornar para o seu lado. Ele não era um homem que gostava de conversar e como Kamado não conseguia falar, era como se sua voz não quisesse sair. Acabava que os dois usavam mais a linguagem corporal para se comunicarem.

O ruivo o olhava com curiosidade, talvez quisesse entender porque estavam nessa cidade. Giyuu notou o olhar inquieto e suspirou.

— Estou em uma missão... Não sei se percebeu, mas sou um exterminador de demônios. — ômega concordou. — É muito perigoso para você. — Kamado olhou o chão triste por não poder ajudar. Giyuu segurou sua mão. — Tudo bem, vou proteger você.

Tanjirou o olhou e sorriu. O alfa manteve-se indiferente. Os dois, depois de Tanjirou terminar o udon, saíram andando pela cidade de mãos dadas.

Algumas pessoas faziam comentários porque o alfa estava carregando uma katana e isso não era mais permitido. O ômega já havia reparado que a katana era diferente, parecia ser feita com outro material porque seu cheiro também não era igual das outras.

Cheiros. Os animais, plantas, seres humanos e objetos; todos eles tem cheiros diferentes e Tanjirou, desde quando era menor, conseguia distingui-los. Diferente da maioria que só sabia diferenciar um alfa de um beta pelo cheiro ou sabiam que era um ômega, Kamado conseguia dar mais detalhes sobre os feromônios que estas classes soltavam. Era comum todos saberem quando um alfa estava ameaçando outro alfa exigindo dominância ou quando soltaram feromônios para dar ordens ou acalmar os ômegas; também era comum saber quando um ômega soltava feromônios do seu ciclo ou quando se sentia ameaçado ou com medo. Betas não soltavam feromônios, por isso, são facilmente identificáveis e eles não precisam passar por nenhum ciclo. Contudo, Tanjirou sabia dizer quando estavam felizes ou bravos ou tristes através dos feromônios que deveria ser resumidos em medo, comando e dominância. Kamado conseguia “ver” os sentimentos e prever ações através do cheiro. Podia-se dizer que seu olfato era mais detalhista em alguns sentidos, especialmente com objetos ninguém sentia o cheiro dessas coisas.
Para o ômega seu alfa temporário estava cheirando a calma usual ao qual ele libera nos feromonas sem perceber, além de um misto de ansiedade e impaciência. Ele estava preocupado, talvez porque fosse uma missão e tivesse que proteger Tanjirou também, ao mesmo tempo, mas o ômega não iria atrapalha-lo, daria o seu melhor para ficar fora do caminho e se ele quisesse, esperaria em algum lugar por ele.

O sol estava se pondo, depois de explorar a cidade, eles retornaram para a parte mais central e o ômega soltou a mão do alfa e correu para dentro de um restaurante. Giyuu achou estranha a atitude e o seguiu achando que ele queria comer alguma coisa, afinal, ele estava comendo o dia inteiro, provavelmente recuperando suas forças, porém, Kamado ficou na porta e o impediu de entrar, balançando a cabeça dizendo “não”. O alfa não entendia, então, o ômega apontou para o sol, sabia que Giyuu só caçava a noite, talvez porque os demônios só apareciam à noite.

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