Dia #6 - Zona Restrita

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Obá nunca pensou que pudesse sentir um beijo tão apaixonado, e Louis nunca sequer imaginou que pudesse sentir algo tão emocionalmente intenso. O beijo deve ter durado 1 minuto, mas seria eterno nas duas almas. Como se despertasse de um longo sono, Obá afastou-se devagar, deslumbrada. Encarou aqueles olhos, janelas da alma, que lhe sorriam docilmente. Então era isso... ela não apenas gostava dele. Em meio ao caos, em meio ao medo de perder tudo e todos... um único sentimento poderia ser semeado e ter tanta força. Era... era... amor?

– Eu...eu...- riu sem jeito – Eu acho que não sei o que dizer.

Louis estava tão admirado pela experiência única que estava incapaz de pensar, agir e expressar qualquer outra coisa ao mesmo tempo. Então um pensamento lhe surgiu:

"Por que não temos isso em Narcissus? Por que nos fizeram esquecer tal costume, tal... pedaço de humanidade?"

Quase deixou esse pensamento o dominar, mas jamais se permitiria não sorrir novamente para aquela moça que ainda o abraçava.

– Então... – ela voltou a falar – Acha que foi um bom encontro?

Era isso. Permitiria-se apenas a viver pelo tempo que pudesse, apenas para voltar sempre a ter aquela experiência.

– Eu acho que... não. Eu tenho certeza que foi único. Insubstituível e... intenso.

Abraçaram-se novamente.  Obá já imaginava se algum dia teria outro momento a sós com Louis e... BOOM!

O local tremeu tão fortemente que foram lançados para a parede. Louis segurou-se num dos armários e prendeu Obá contra o próprio peito. Ela ficou tão chocada que o agarrou com os olhos esbugalhados. Acostumado com esse tipo de coisa nas plataformas aéreas de Narcissus, logo imaginou ter sido uma parada brusca ou um choque.

– Fique aqui. – ordenou sério, enquanto prendia uma mangueira plástica vazia á cintura dela. – Segure-se para o caso de um novo incidente.

Levantou e acionou o comunicador. Chamava por Bóris, já que ele estava com Brandon.

"Louis, fica tranquilo, o Brandon só deu uma tropeçada aqui em um lixão."

Aliviado, fechou os olhos, esperando o coração se acalmar. Está certo que estava numa missão, mas os desastres poderiam esperar pelo menos seu momento feliz acabar?

– Estamos à salvo? – era Obá ainda assustada.

Sim, estavam sim, respondeu-lhe. Em seguida soltou a mangueira de plástico da cintura dela e compartilharam um novo abraço. Os olhares cumprimentaram-se felizes novamente, para então voltarem ao trabalho.

Tinham um pequeno, porém intenso, segredo.

...

Ed ajudou Blake levantar-se após o tropeço do mecha.  Ambos riram da explicação de Bóris enquanto Brandon reclamava ao fundo: "Eu não vi, droga!". A sala de armas estava muito bem conservada. Testaram as pequenas armas, e apesar de defasadas, com munição muito mais limitada que suas armas à laser, funcionavam perfeitamente. Algumas armas grandes e granadas, que não tinham como testar, também estavam bem conservadas, mas não sabiam se funcionavam. Havia facas também e outros utensílios que não faziam ideia do que era. Ed gostou do design de uma das facas, uma grande de gume serrilhado e a levou consigo, na cintura.

– Estou protegido agora! Hahahah!

Entrando na brincadeira, Blake procurou algo, mas nada o agradou... até ver uma arma parecida com a que usava no vídeo-game em sua casa em Narcissus.

– Opa! Agora também estou protegido! – e ergueu a pequenina pistola no ar – Essa beleza pode ser escondida em qualquer canto, hehehe!

Num flash, relembrou tantas coisas que pensava sobre a Terra. Tantas bobagens que disse. O sorriso sumiu. Ed não fazia ideia do que acontecera, mas acabou perdendo o sorriso também. Ninguém queria estar ali, passando por aquilo, mas ao mesmo tempo não podiam ir embora sem fazer nada.

Narcissus AlphaOnde histórias criam vida. Descubra agora