Dia #2 - Alerta Surreal

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Brandon achou estranho o silêncio de OMNI.

Repetiu a pergunta, mas continuou sem resposta.

-Ei, OMNI, que isso cara? Vai me ignorar?

Ouviu um chiado.

"Perdão, Brandon, mas parece ter uma falha em minha estrutura. Estou t.... – novo chiado – ... Perdão novamente. Estou tentando me restabelecer. Pode aguardar uns minutos? A nave continuará seu curso normalmente, vou bloquear apenas a minha voz e alguns comandos simples para poder iniciar minha reparação. Aguardo confirmação."

Após confirmação, OMNI calou-se.

Este não era um acontecimento comum, e deixou Brandon nervoso. O piloto, porém, estava preparado para isso. Ajeitou a nave no curso, preparou as coordenadas e ficou aguardando o sistema voltar ao ar.

Cinco, dez, quinze... vinte minutos! Não dava para reiniciar o sistema, para isso precisaria estar no chão. Pestanejou baixinho. O jeito era fazer uma chamada para a central e avisar essa tal falha inesperada.

– Central? Central, aqui é Brandon, piloto da...

Simplesmente não havia qualquer conexão. Poderia falar o quanto quisesse, ninguém ouviria. Deixou os controles no automático e saiu para a Câmara de Dados. O corredor metálico, liso, parecia aterrorizante nessas horas. Respirou fundo e prosseguiu. Colocou a mão no scanner e aguardou a porta abrir. Todas as telas de controle estavam desligadas.

Tentou acionar o  controle de urgência e ... surpresa: nem mesmo a opção de controle manual estava disponível.

Um calafrio subiu sua espinha. Pensou em acordar a equipe, mas...

Não, deveria ter outro jeito. Talvez houvesse algum painel de controle manual primitivo perto dos geradores de energia!

Saiu da Câmara de Dados. Desceu o primeiro compartimento da nave, onde fica a equipe para o compartimento onde somente os softwares trabalham. Estava tudo apagado, como já imaginava. Lá havia um grande baú com roupas especiais. Precisava proteger-se da radiação e dos efeitos desconhecidos ao ficar perto dos novos geradores. Era uma roupa que, após devidamente vestida, parecia uma segunda pele negra. Não tirou o capacete, como sempre.

Desceu para o terceiro compartimento, após digitar nova senha e o destravamento mestre, que somente o piloto possuía. Assim que a porta, que pesava pelo menos 1 tonelada de tantos metais entre chumbo e aço, se abriu, um calor medonho subiu. Nunca tinha entrado nesse compartimento ligado antes. Tremeu.

Motores barulhentos e altamente aquecidos, painéis com fios e fusíveis, telas com diagnósticos de funcionamento e uma pequena chapa de aço com poucas instruções tornavam o local pouquíssimo convidativo. Brandon verificou os diagnósticos e percebeu estar tudo funcionando muito bem. Muito bem. Analisou os fios e fusíveis e também estava tudo bem. Tentou chamar OMNI novamente:

– OMNI, estou verificando o hardware e me parece tudo muito bem, afinal, que diabos aconteceu? Você já deveria estar ligado!

...

– MERDA!

Saiu imediatamente da câmara indesejável. Estava tão chateado que mal parou para pensar em como o local poderia ter uma tecnologia bem melhor, como o restante da nave.

Foi direto na cápsula de Ed e o acordou. O rapaz levou alguns minutos para perceber que acordou sozinho. Parecia desorientado.

– Ed, preste atenção, preciso da sua ajuda! OMNI simplesmente parou de funcionar. Está me deixando maluco!

Ed apenas sorriu e começou a rir.

– Ed? Ed seu imbecil! Isso não é hora de...

Observou a tela de diagnóstico e percebeu que Ed fora exposto a algum tipo de gás desconhecido que deixou o cérebro do rapaz "enevoado".

Narcissus AlphaOnde histórias criam vida. Descubra agora