Caroline 🌻
Hoje é o dia do enterro do Flávio, vai ser caixão fechado.
Thayna está morando aqui em casa, na casa de trás onde dona Célia morava.
Ela está acabada, eu fiquei com ela o tempo todo.
Os meninos não vieram, também nem dava.
O velório foi todo em silêncio, todo mundo em silêncio.
A gente enterrou ele.
Thayna ficou mais alguns segundos ali com ele, eu deixei ela ter o momento dela.
Eu fui andando na frente, mas logo depois ela veio pro meu lado e abraçou meu braço.
A gente foi andando até a saída do cemitério.
Thayna: Muito obrigada viu, talvez um dia eu te pague o que você fez por mim--- deu um sorriso sem mostrar os dentes.
Eu só abracei ela, Erica e Pedro estavam do outro lado da rua esperando a gente no carro.
Eu esperei ela e a gente ia atravessar, o farol estava aberto.
Mas como a gente é brasileiro, eu corri até o outro lado da rua.
Caroline: Vem Thayna, ainda da tempo--- gritei pra ela.
Ela tava amarrando o ténis, mas quando ela ia atravessar não dava mais tempo, os carros já estavam chegando mais perto.
Caroline: Thayna, fica ai espera o farol fechar--- ela só me mandou um beijo no ar.
Eu só vi ela sendo levada pelo carro, eu corri até ela.
Mas já era tarde de mais, ela ficou toda destrassada no meio da rua.
Xx: Ai meu deu, moça me desculpa, por favor me desculpa me desculpa--- a mulher saiu do carro chorando.
Thayna tava morta nos meus braços, ela tinha acabado de se despedir de mim.
Erica e Pedro correram até mim, a moça que atropelou Thayna está arrasada.
Ela só pede perdão, por um momento eu senti pena dela.
Caroline: Ooh Thayna...por que você foi fazer isso com a sua vida?...--- alisei a cabeça dela chorando.
Depois de algumas horas o socorro chegou.
Mandei meus filhos irem embora, eu acompanhei eles até o hospital.
Deus nove da noite eu fui embora, o hospital me forneceu roupa.
Na verdade nem no hospital eu tava, e sim na funerária.
O enterro dela é daqui um dia, amanhã.
Eu pedi pra ela ser enterrada no mesmo lugar onde Flávio foi.
Tava com um aperto grande no coração, foi tudo muito rápido.
Eu fiquei muito angustiada com o que aconteceu.
Só sei que eu peguei meu ónibus e fui pra casa.
Subi o morro morta, cheguei em casa e tava todo mundo na sala.
Eu não estava bem, meu psicológico tava todo fudido.
O pior é, eu não conversava com ninguém.
Eu guardava pra mim, chorava pra mim.
Esperava Jv dormir e me acabava no choro.
Os meninos iam pra escola eu me derramava.
Nem com a minha psicóloga eu não me abro direito.
Desde do dia em que eu fiquei grávida, eu comecei a me fechar.
Eu comecei a guardar tudo pra mim achava que era um peso, uma cruz pro povo.
O povo que eu falo são minha família, amigos.
As vezes eu tenho que sair de casa pra desabafar.
Agora eu perdi duas pessoas importantes na minha vida, na verdade foram três.
Thayna estava grávida.
Jv: Ei.. Quer falar?--- veio atrás de mim.
Eu só neguei com a cabeça e subi pro quarto.
Entrei no banheiro e já tirei a roupa.
Liguei o chuveiro e deixei a água cair na minha cabeça.
E foi ali que eu desabafei.
Soltei lágrimas, chorava calada, sofria calada.
Eu realmente não estava bem.
Eu terminei o banho e coloquei uma roupa qualquer.
Nem sequei o cabelo, só deitei e fiquei.
Em minutos meus olhos começaram a pesar, logo cai no sono.
Perder realmente não é fácil...