Chapter IV

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— Marco! — exclamou, rindo, apertando os braços ao redor do pescoço dele.

O homem alto riu também, ainda parecendo surpreso, rodeando o mais baixo com os braços fortes e o apertando contra si.

Marco era o melhor amigo de Luca no mundo inteiro.

Eles se conheciam desde sempre e sempre, porque a mãe dele era uma das cozinheiras do Castelo. Foi acolhida pelos Monarcas quando ainda era uma jovem faminta e sem família, grávida de um filho fora do casamento e sem ter para onde ir. Os pais de Luca a deram o encargo de cozinheira, e ela permanecia nele desde então porque a comida que preparava era simplesmente algo divino.

Então, daquela maneira, quando Marco nasceu e passou a ser criado no Castelo, não demorou muito para que ele e Luca se encontrassem. Os dois eram garotinhos curiosos que não paravam quietos, então não foi verdadeiramente uma surpresa quando numa tarde foram flagrados rindo juntos nos Jardins, brincando na terra em meio a borboletas e libélulas.

Daniela pareceu se comover com a cena, feliz de que o filho mais novo tivesse uma criança de sua idade para poder brincar, e desde então eles eram sempre vistos juntos. Marco era imprudente e aventureiro, levando Luca a fazer todo o tipo de coisa que iria colocá-los em apuros depois – o que realmente acontecia.

Quando o acidente aconteceu, ter Marco ali foi uma das únicas coisas que manteve Luca forte, seu apoio e carinho incondicionais sendo o que o impediu de ser levado pela maré de luto e tristeza profunda, somados com a nova responsabilidade e pressão.

E isso porque ele sentia a ida de Pietro tanto quanto Luca, já que o mais velho era mesmo como um irmão para ele também. Eles choraram juntos e compartilharam a dor, e um foi o apoio do outro quando mais precisaram.

Luca sempre agradeceu aos céus pela presença de Marco em sua vida, o segundo irmão que o universo o havia dado, mesmo que não compartilhassem o mesmo sangue. Marco nunca o havia deixado, não importasse o que acontecesse ou o quanto as obrigações de Luca houvessem aumentado, impedindo que se vissem com a mesma frequência de antes. Ele sempre estivera ali.

Quando o moreno cresceu e se tornou mais alto e mais forte, os generais o convidaram a entrar para o treinamento da guarda do Castelo e, depois de poucos meses, ele se provou ser um prodígio e um cavaleiro digno, sendo designado como um dos principais responsáveis pela guarda pessoal do Príncipe.

Às vezes, Luca o puxava para dentro de seu quarto quando era o turno dele de vigia e eles passavam todo o tempo até a próxima troca conversando sobre tudo o que havia acontecido desde a última vez em que se viram, o que geralmente acontecia apenas duas ou três vezes na semana. Era através de Marco que Luca conseguia ver um pouco do mundo no lado de fora, já que todos os soldados e outros criados ainda eram permitidos de saírem livremente.

Marco o contava coisas sobre as pessoas, sobre os novos estabelecimentos e os que ainda faziam sucesso, bem como sobre as feiras de comida e artesanato e os festivais de colheita que o Povo fazia às vezes.

Luca costumava acompanhar essas novas movimentações pela janela de seu quarto no alto da torre, observando de longe as pequenas bandeirinhas coloridas enfeitando as ruas e com o vento o trazendo músicas e risadas. Mesmo assim, era muito melhor poder viver aquilo tudo através das histórias de Marco, porque eram sempre cheias de detalhes vívidos e risadas felizes.

Pensar em Marco sempre o trazia uma sensação de calor aconchegante e uma onda de carinho, porque ao longo dos anos eles já haviam passado por mais coisas do que Luca poderia se lembrar ou sequer começar a enumerar, e o Príncipe confiava nele com sua vida e o amava de todo o coração.

O moreno sabia de todos os seus pesares e dores, porque ele nunca havia escondido nada. Além de Angellina, Marco era o único que o conhecia de verdade e com quem podia ser quem era.

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